Eu vejo o futuro repetir o passado?

Nícollas Lopes
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readApr 16, 2020
Gazeta de Notícias de 15 de outubro de 1918 — Reprodução/Biblioteca Nacional Digital

Anda circulando nas redes sociais o vídeo de uma suposta pré-candidata a vereadora de Campo Grande no supermercado comprando e indicando água tônica para o combate ao coronavírus. Segundo a douta alquimista, a bebida é eficaz contra a nova doença simplesmente por ter o quinino em seus ingredientes! Sim, o quinino. Aquele mesmo que há mais de 100 anos esgotou nas farmácias e boticas, pois diziam ser infalível contra a gripe espanhola.
Se naqueles tempos os charlatões recomendavam a substância em pó, hoje o produto é vendido em forma de refrigerante enlatado! Que maravilha dos tempos modernos! Tim-tim!

A justificativa dada pela filiada do partido Velho para o inusitado tratamento advém da absurda e infundada conclusão que o quinino é a base da cloroquina! Sim, aquela mesma.

Antes que você se questione, a ingestão de água tônica — e sanitária — não é eficaz contra a COVID-19.

Diante desse remake de pandemias, fico imaginando o que mais será reprisado daquela gripezinha que assustou nossos bisavós. Será que o presidente vai se infectar e morrer? Faltarão coveiros e caixões? Os corpos serão despejados na via pública? Criaremos a nova caipirinha?

Destas todas, torço pela última e espero que a criatividade brasileira elabore um novo remédio caseiro, como fora o preparado de cachaça com limão e mel, esboço e inspiração do que viria a ser o drink mais famoso do país.

Bom, pelo sim ou pelo não, como vanguardista boêmio que sou, já me sinto muito bem protegido. Afinal, nessa quarentena matei umas tantas latinhas do milagroso quinino, acompanhadas de gelo, limão e gin.

Aliás, o zimbro não seria milagroso também?

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