FREE PASS — NÃO COSTUREM O VÉU

Marcio Tadeu
Revista in-Cômoda
3 min readJun 28, 2020

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[‘Eu prefiro ser direcionado (sob pena de ser enganado). Sinceramente, dá muito trabalho me aprofundar, estudar..!’]

Parto da premissa acima.

Tenho percebido que este é um sentimento comum entre muitos e talvez maquiado pelo comodismo e pela praticidade da terceirização dos deveres, não seja visto com tamanho holofote e sinceridade.

Aos professores está sendo terceirizada a responsabilidade da educação familiar; aos policiais a responsabilidade da repreensão pedagógica (é só pra dar um susto); ao governo a manutenção do lar, este por sua vez se aproveita concedendo bolsas desmotivadoras e controladoras da massa; já na igreja terceiriza-se o acesso a Deus.

Educação, segurança, comida, lazer, fé… Mas, sempre falta alguma coisa.
E o eu? As dúvidas existenciais? E o amor ou a falta dele? Crer em que? Em quem? E como assim?

Acredito que os israelitas, escravizados pelo Egito, gostariam de um acesso mais fácil ao Pai. Porém, a lei determinava uma série de rituais, responsabilidades e doutrinas, muito trabalho, peregrinação e preceitos, para que apenas um homem fosse o intermediador entre Deus e os homens. As datas também eram pré estabelecidas e o acesso extremamente restrito. Só cabia a eles crer e aguardar a voz recebida pelo sumo sacerdote ou pelos profetas.

Eis que se ouve um grito, que não parecia, mas era de liberdade!

Após aquele grito no madeiro o templo ruiu e junto com o ele o sistema religioso de dependência. O véu se rasgou e Deus deixou de habitar apenas em templos construídos por mãos humanas. Conseguimos, pela graça, o acesso.

Ao entregar seu espirito, para depois ressuscitar da morte vitorioso, Jesus nos concedeu o free pass e nos autorizou chama-lo de Aba Pai. Entretanto isso nos trouxe uma grande responsabilidade, a saber: — Nós precisamos buscar a presença do Pai no santo dos santos. Na verdade podemos, mas há que se convir que seja o mais sensato.

Não precisamos mais dos sacerdotes para o acesso, exceto para aprendermos mais sobre o criador, nós podemos ter um relacionamento direto com Ele. Aliás, um pouco adiante aprenderíamos que ele habita em nós e que nos ouve sempre que o chamamos e ainda prefere o secreto.

Contudo, fomos libertos do pecado, mas não da natureza pecaminosa — ainda. E por isso somos acometidos pela desconfiança, a dificuldade e o comodismo — desconfiamos da autenticidade do free pass — temos dificuldade no relacionamento com o Divino — chegamos a acreditar que seria melhor se alguém fizesse isso por nós.

Ouvi dizer que “os lobos querem costurar o véu que Jesus rasgou”, mas acredito que tem crente colaborando com essa missão.

Aqui jaz uma espécie de drive-thru da fé, uma sacada dos mestres contemporâneos da retórica, da oratória e dos sofismas, que encontra bastante força na ignorância alheia deliberada.

Tem lobo com a agulha na mão e fiel com a linha.

A praticidade é justificada pela falta de conhecimento da verdade, a dificuldade do relacionamento com o Divino ratifica o discurso e a desconfiança de um acesso direto e em secreto é o xeque-mate dos mecanismos religiosos sectários pregados por estes ‘falsos mestres’.

Jesus nos deu a benção do free pass e pagou alto preço, alguns de nós preferimos pedir nossas bençãos no Delivery. Os lobos apenas normatizaram nossos anseios.

Não podemos negligenciar a verdade e o sangue derramado pelo comodismo, nem pelas nossas dificuldades. Já o medo e a culpa, são os sentimentos mais lucrativos que existem.

É fato que tememos o desconhecido e as incertezas, mas com acesso e relacionamento duradouro, o medo se vai.

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Marcio Tadeu
Revista in-Cômoda

Eu gosto de escrever, só não sei. Só não sei quando devo, quanto devo, para quem e se é que. Delete. Eu amo escrever me apraz deletar. [destruirparaconstruir]