Ida
Dura a hora ida
e o teu corpo ésseo
na penumbra do meu olhar
semi-cerrado na (cegante) luz
da dor da tua partida.
Rasgado e torpe
no cume da esfera,
vislumbro o horizonte
da tua ausência,
esse que por vale tomei
é tudo o que se arrasta
sobre si, em permanência.
Na quietude vibrante
do incerto movimento
procuro a minha face
no desnorte do só:
toco um mar de relevo,
altos e baixos penetrando-se
e a saudade estende-se
à memória que tinha
do ser que já não sou
porque te perdi.
Abril de 2015
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