Liberdade poética
Não tenho obrigação de escrever
Palavra alguma
Os versos do último poema
Ainda ressoam
Mesmo assim
Fico indo
De lado a outro
O olhar se perde entre letras
Fica vagando entre produções alheias
Repito um pouco do padrão
Da última
Parece que faz parte
Se perder um pouco
Ser “improdutivo”
Vejo que
A escrita é solução para
Problemas próprios
Uma espécie de manutenção do ser
Algumas produções são extracorpóreas
Outras incorpóreas
Incorporadas
Sem corpo
Vejo que
Meu corpus se torna
Legível
Em minha expressão cotidiana
Se me destravo intelectualmente
Meu corpo reage
— Santo remédio pra minhas dores nas costas
Vivo em busca
Sempre desencontro
Navegando por entre textos
Planando sob significados insólitos
Correndo entre composições
Tudo é poesia
Basta derrubar o primeiro muro
Para se tornar liberto
Ad infinitum
Ativamente liberto
Constantemente
A derrubar barreiras…