madrugada

Mariana Miranda
Revista in-Cômoda
Published in
1 min readApr 9, 2020

ouvindo ao fundo
a voz doce
à flor da pele
permaneço
estática

um passarinho
a cantar às três horas
veio me lembrar
das cobranças que virão

e eu chorei
em meio a solidão
que me encontrei

lá fora
não se pode andar
aqui dentro
sofri ao lembrar
quem sou
e ao pensar
quem serei

às três da manhã
um passarinho cantou
meu sentimento aflorou
chorei que nem criança
fiz uma dança
me enchi de esperança

voltei a me deitar

queria correr
abraçar, beijar
voltar a viver

voltar a te ver
quem sabe
depois que tudo isso acabe
a gente tome um café
fique até tarde caminhando a pé
e cantarole a luz da lua

por enquanto,
ninguém na rua
ninguém mais atura
a solidão

cada um em si
os dias assim se vão
aqui dentro uma imensidão

diante dessa madrugada
na escuridão
a minha ficha caiu

vida traiçoeira
de repente nos traiu
tão repentinamente
nada mais se viu.

poema inspirado na música “3 horas”, de Caio Bastos

--

--