madrugada
ouvindo ao fundo
a voz doce
à flor da pele
permaneço
estática
um passarinho
a cantar às três horas
veio me lembrar
das cobranças que virão
e eu chorei
em meio a solidão
que me encontrei
lá fora
não se pode andar
aqui dentro
sofri ao lembrar
quem sou
e ao pensar
quem serei
às três da manhã
um passarinho cantou
meu sentimento aflorou
chorei que nem criança
fiz uma dança
me enchi de esperança
voltei a me deitar
queria correr
abraçar, beijar
voltar a viver
voltar a te ver
quem sabe
depois que tudo isso acabe
a gente tome um café
fique até tarde caminhando a pé
e cantarole a luz da lua
por enquanto,
ninguém na rua
ninguém mais atura
a solidão
cada um em si
os dias assim se vão
aqui dentro uma imensidão
diante dessa madrugada
na escuridão
a minha ficha caiu
vida traiçoeira
de repente nos traiu
tão repentinamente
nada mais se viu.
poema inspirado na música “3 horas”, de Caio Bastos