Minha bagunça

Poeta Rafa Ribeiro
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readSep 16, 2019

Me sinto leve quando escrevo algo pesado.
E eu nem preciso ler em voz alta,
meu grito que antes estava abafado
eu sinto liberto nas linhas que faço.

Me abro ao mundo sem filtro,
escrevendo minha vida de um jeito
que se não aprendesse a rimar,
talvez eu morresse antes dos 20.
Pois preste atenção no seguinte:
Minha escrita não pede sua ajuda,
não a sua que olha e não lê,
não de quem não vê entrelinhas,
pra isso eu encontro consolo nos copos,
nas doses de riso servidas
com groselha e limão.

Minha voz é ouvida
do outro lado de lá,
eu sigo parado daqui,
eu sinto meu peito ecoar,
não peça que eu grite,
não espere eu que eu diga de outro jeito,
minha terapia é ter meu momento de solidão,
minha cama vazia é por opção,
e não minha.

Caderno completo de linhas,
rabiscos eternos,
arquivos de guias,
meus sambas escritos,
minhas poesias guardadas
pra um dia eu mostrar pra alguém.
Nas minhas gavetas eu guardo os segredos,
alguns que escondo até mesmo de mim,
minhas dores,
minhas chagas,
meu sangue jorrado nas páginas
de um livro que eu escrevi.
Meus sonhos,
meus planos,
amores,
as flores sem cor que eu plantei
e ainda nem colhi.

Pois é,
isso tudo eu que escrevi.
Juro não saber o que quer dizer,
mas se me leu até aqui,
entendeu minha bagunça,
arruma!
Ninguém mandou fazer isso comigo.

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