Minha distopia é a sua utopia?

Tiago da Silva
Revista in-Cômoda
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2 min readOct 5, 2018

Tem um episódio do Bojack em que ele imagina um cenário onde estará “cercado de pessoas que o amam, mas que não gostam dele”.

É estranho, mas entendo o que ele quer dizer. O pai ama a filha porque a criou e o filho ama a mãe porque ela o criou. Eles se amam, todos entre si. Mas será que eles gostam uns dos outros? Gostam das pessoas que seus entes se tornaram e dos pontos de vista que defendem?

A divagação se torna particularizante pertinente às portas das eleições do próximo domingo. Muitas pessoas descobriram que dividem a casa com alguém que facilmente as teria entregue ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) durante a Ditadura.

Não é engraçado passar uma vida ao lado de uma pessoa, amá-la, e ainda assim saber que a utopia dela é exatamente igual à sua distopia?

A pessoa que você aprendeu a amar olha para o Candidato X e o vê como defensor da moral e dos bons costumes, da ordem, da disciplina. E você olha para o mesmo candidato e o vê como um monstro insensível, frio, arrogante, egoísta. Quem está errado? Em que momento suas definições de certo e errado seguiram por caminhos tão diferentes, tão opostos?

Eu acho que nunca na história desse país o voto de uma pessoa disse tanto sobre quem ela é. O que o seu voto de domingo dirá sobre você? O que as escolhas políticas das pessoas que você ama dizem sobre elas?

Vocês estarão do mesmo lado das trincheiras se/quando o grande conflito for deflagrado?

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Tiago da Silva
Revista in-Cômoda

Às vezes me surpreendo com o que escrevo, porque não sabia que pensava assim.