Muito se falava sobre Rosa. A todo momento. Separada, com novo namorado, o segundo, o terceiro, a família longe, o pecado perto demais, sempre. Era o termômetro do feriado de muitos: para onde ela iria no feriado? Da última vez já saiu de biquíni. Um bem cavado. Naquela idade? Que temeridade!

Em um final de semana chuvoso, no qual os interessados concluíram que ela tinha ido curtir a serra, Rosa sofreu um acidente e não resistiu, morrendo ainda no local.

O acidente foi assunto para mais de uma semana, pois todos tinham que saber com quem ficaria a mobília do apto alugado em que ela morava.

Rosa ainda é assunto. É fonte de comparativos, sejam positivos ou negativos. Rosa morreu para esse mundo, mas, de certa forma, ainda não saiu dele, não saiu da boca dos que sempre a acompanharam, talvez invejosos, talvez rancorosos ou, vai saber, saudosos de uma mulher que morreu sendo a protagonista de sua vida, enquanto outros viviam, medíocres, apenas para narrá-la.