Necessário…
E que da carga só me entregue o fio que a envolve
É que eu perdi o jeito de conduzir esse circo
E que não há mais necessidade de contemplar dois vislumbres: o que me é permitido e o que me é delegado
Mas tá ali
É passageiro
Já morreu umas quatro pessoas
E eu ainda não sei o que é necessário
Tá esperando virar pó pra poder pensar em fluir vida de si
Tá desejando o que não é necessário
E o que cega é posto na arte da vida
Já é Julho e eu ainda não sei o que é necessário
Já se foi algumas pessoas
No aguardo do meu tempo se esvair e o que for se extinguindo dia após dia é lucro
Mas é que eu nasci pra ser do mundo
Menino de sucesso, eles diziam
Inteligente, astuto, bom-moço, vai ser bem sucedido
Não, não foi o suficiente
Já é XXI, ainda não sei o que é necessário
Esse aí vai se perder e se esvair
E o pouco que tem já é parasitado pelos vermes que lentamente corroem teu espaço
Vai dar certo, quem sabe
Talvez eu ache o que é necessário
Escondo meus vícios, renego as opiniões alheias, me curvo diante da minha liberdade
Isso aí, vai ser um menino de sucesso
Bom menino, eles repetiam
Incontroláveis falatórios
E eu, bom, eu esperava o necessário
Assim como Ivan Ilitch desejava a vida elegante e suave
Eu aguardava o meu necessário
“O céu sobre o porto tinha cor de televisão num canal fora de ar”, era o que eu esperava
ARRANCAR O CURATIVO SEM PENSAR DUAS VEZES
PUXAR O GATILHO E PULAR DO PENHASCO
Era o necessário… ser o pouco que sempre quis ser… Absolutamente e infinitamente o necessário para pulsar.
P.s.: Não é a melhor forma de tirar a ferrugem depois de tanto tempo sem escrever algo, mas você chegou até o fim, grata!