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Revista in-Cômoda
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2 min readJul 28, 2018

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Necessário…

E que da carga só me entregue o fio que a envolve

É que eu perdi o jeito de conduzir esse circo

E que não há mais necessidade de contemplar dois vislumbres: o que me é permitido e o que me é delegado

Mas tá ali

É passageiro

Já morreu umas quatro pessoas

E eu ainda não sei o que é necessário

Tá esperando virar pó pra poder pensar em fluir vida de si

Tá desejando o que não é necessário

E o que cega é posto na arte da vida

Já é Julho e eu ainda não sei o que é necessário

Já se foi algumas pessoas

No aguardo do meu tempo se esvair e o que for se extinguindo dia após dia é lucro

Mas é que eu nasci pra ser do mundo

Menino de sucesso, eles diziam

Inteligente, astuto, bom-moço, vai ser bem sucedido

Não, não foi o suficiente

Já é XXI, ainda não sei o que é necessário

Esse aí vai se perder e se esvair

E o pouco que tem já é parasitado pelos vermes que lentamente corroem teu espaço

Vai dar certo, quem sabe

Talvez eu ache o que é necessário

Escondo meus vícios, renego as opiniões alheias, me curvo diante da minha liberdade

Isso aí, vai ser um menino de sucesso

Bom menino, eles repetiam

Incontroláveis falatórios

E eu, bom, eu esperava o necessário

Assim como Ivan Ilitch desejava a vida elegante e suave

Eu aguardava o meu necessário

“O céu sobre o porto tinha cor de televisão num canal fora de ar”, era o que eu esperava

ARRANCAR O CURATIVO SEM PENSAR DUAS VEZES

PUXAR O GATILHO E PULAR DO PENHASCO

Era o necessário… ser o pouco que sempre quis ser… Absolutamente e infinitamente o necessário para pulsar.

P.s.: Não é a melhor forma de tirar a ferrugem depois de tanto tempo sem escrever algo, mas você chegou até o fim, grata!

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