Dia 1

Poeta Rafa Ribeiro
Revista in-Cômoda
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2 min readFeb 20, 2018

No dia 1, te vi e fiquei mudo.

Ali, estava só pra reparar o estrago que sabia ser inevitável,

O encontro de impossíveis que graças ao teu sorriso,

Esquecemos desse detalhe.

Rascunhei o “pra sempre” e ali, parado frente ao sonho que nem tinha tido ainda, travei.

Embasbacado com uma realidade que me afrontava,

a perspectiva incrível de um destino único escrito pra dois, mudo, mal dito o oi.

Já disse por vezes, de algumas maneiras, mas sabe o que foi?

A voz não veio por que o corpo todo estava em dança interna,

envolvido no ritmo sem freio dos tambores que batucavam em meu peito,

E eu não conseguia identificar se batiam rápidas demais feito muitas ou forte e firme qual uma só pancada.

As borboletas que saiam dos seus olhos já estavam voando feito loucas no meu estomago.

Sei apenas que o soluço ficou preso na garganta,

Impedindo que as palavras antes declamadas saíssem,

O pescoço apertava como gravata forte, um nó,

Tinha vontade de ir embora, mas quando olhava pra ti feliz, sabe-se lá porque,

Decidia e decidi de vez, dali em diante não seriamos mais só.

Estive tonto o dia todo, perdido num vácuo, voando em vão no universo do som da sua voz.

Quando te via, só enxergava estrofes, tudo foi poesia no meu dia, ainda que mudo.

Meus olhos variavam de céu de Copacabana em Réveillon a enormes poças, prestes a transbordar todos os planos que havia ensaiado no dia anterior.

A chuva que não cessava em mim, lavava a alma com um conforto que não condizia com a situação,

cheguei angustiado por ter meu mundo bem ali e não CONSEGUIR fazer nada.

Mas era a perfeição em forma de ti, ver e sentir você bem aqui, fechar os olhos e quando abrir, ainda estava lá,

num perto tão perto que até tocar eu podia, na palma, cabelo, na alma o silêncio sentia.

Totalmente sem norte, fui dependente da sorte, que entendesse que todo meu silêncio foi tudo isso.

No coração florescendo ramos em horas, brotando cores, gerando vida,

uma vida sem freios,

dividida, entendida nos sinais que só eram vitais, pois tinham você, sem tu ali, nem vida seria.

E nunca o silêncio de nós foi tão especial, nunca um toque de mãos disse tanto,

o suor que corria pelas costas, descia dizendo, pra sempre, gelava a coluna,

levava a cabeça além, mostrava claramente que era linda, mas tão linda que até por fora veem.

“Entendi que delicia era o nome do gosto que o seu nome deixava na minha boca toda vez que eu te chamava”.

Mal chamei, quase não falei, mudo, cativei nem sei por onde,

pois tivemos dia 2.

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