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O meu apreço pelo silêncio

Fabio Pires
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readOct 17, 2022

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Queria que meu apreço pelo silêncio fosse visto como uma qualidade (das poucas identificadas) e não como indício de depressão ou mesmo de isolamento gratuito.
O silêncio hoje me fortalece e me dá mais espaço para pensar.

Prezo o nada a dizer quando em um passado não muito distante eu falava mais do que sabia e exageradamente mais do que deveria.
Hoje me resguardo o direito de pedir e honrar meu silêncio e por isso não acho justo falar unicamente o necessário e ser obrigado a escutar o desnecessário.

Ouço muitas vozes dentro de mim, mas dou atenção apenas as que hoje enxergo como essenciais.
Sim, é muito bom falar menos e ouvir mais e dessa maneira observo mais e compreendo melhor ainda.

Apesar de dominar razoavelmente as palavras, sempre me vi em dificuldades quando necessitava expressar meus sentimentos e pontos de vista.
Sou, na verdade, um aleijado emocional daqueles que, com nuances avantajadas de humor, afasta na depressão e agrega na euforia.
Hoje luto para largar minhas muletas e andar por mim mesmo.

Por dentro do casco da tartaruga tem muita coisa escondida de mim mesmo, coisas que nem eu mesmo sabia que tinha guardado.
E que provavelmente devo ter escondido.
Como Pessoa, sou muitos em um, sou um ser uno multiplicado por vários.
Na verdade, se eu for analisar de forma aprofundada, talvez todos sejamos assim, pelas poucas certezas que temos e pelas muitas dúvidas que carregamos.

Ainda que nem tenhamos uma percepção delas.
Uns se negam, outros se escondem e ainda tem alguns que nem sabem o que existe dentro de si.
E segue o jogo, afinal para alguns desconhecer faz o fardo parecer menos pesado.
O equilíbrio nas ações destes personagens que incorporamos passa a ser o desafio que algumas pessoas, como eu, leva consigo.
Domar o ímpeto voraz ou atear fogo no acomodamento?

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Fabio Pires
Revista in-Cômoda

Escritor com dois livros lançados, Editor, Redator, Tradutor e escreve na Impérios Sagrados, no Projeto C.O.V.A e na Revista In-Cômoda.