“O nosso erro está no achismo barato…”

O nosso erro é achar que o pra sempre tem que começar a ser vivido agora. Que o que não deu certo ontem é obrigatório dar certo hoje. Que tudo começa do nada e vice-versa. Que é melhor ficar segurando alguém na nossa vida pra não gerar infelicidade egoísta em algo. Que é melhor não deixar partir pra não partir corações, no caso, o nosso. O nosso erro é achar que sempre daria pra ter feito mais. Que ninguém controla a hora e por isso temos de viver presos ao tempo do destino. É achar que tudo tem seu tempo e se esquecer que nós também somos tempo e que fazemos parte em partes desse tudo. O nosso erro é amar demais e aceitar de menos. É achar que sempre somos menos. É ser tanto faz ao invés de intensidade. É aceitar sempre o que vem sem retrucar. É ouvir calados e permanecer mudos. É ser baixa voz em meio a tanto barulho. É gritar em silêncio no meio de tanta muvuca. O nosso erro é sambar em meio a valsa. É fingir esquecimento enquanto tudo se faz lembrar. O nosso erro é fechar os olhos pra fingir não ver coisas que sentimos e, se, sentimos fingimos não sentir pra não ser visto e logo julgados. O nosso erro é achar que a pessoa atual é a eterna. Eterno mesmo somos nós dentro da gente. Eterno mesmo são os laços que vivemos, que não vemos mas ficam. Então pare de se culpar, achar que o erro foi seu. Eu mesma escrevi há dias e engavetei no móvel da sala por achar que era um erro borrado no papel ao invés de escancarar de vez quando eu disse: “ meu bem, vai ser feliz com o que te faz feliz, quem sou eu pra prender alguém?! Eu tô aqui pra “aprender” alguém. Então vai daí que eu vou de cá. E você sabe. Quando é de ser, entre tantos caminhos que dão em nada a gente segue o mesmo atalho, e por acaso, se encontra e para no meio da estrada pra ver aquele mesmo por do sol outra vez.” O nosso erro é achar que não fomos programados pra errar.
Deborah Fernandes