O pôr do sol no fim do mundo
Quando a doença findou e tudo voltou ao normal, nós emergimos de nossos esconderijos. Voltamos a caminhar sobre as calçadas, a dirigir sobre o asfalto, a nos beijar e abraçar. Tudo estava normal. A vegetação não escalou as paredes dos prédios. Golfinhos não nadaram em nossos rios. Onças não caçaram sobre o asfalto. Macacos não treparam na fiação. Tudo estava normal. Os bancos de concreto seguiam nas praças. Os semáforos passavam do verde para o amarelo para o vermelho para o verde. O sol nascia logo antes da manhã e se punha logo antes da noite.
Tudo estava normal.
Mas algo estava diferente.