O primeiro pecado capital ou A escada
Gabinete-
Mulher falando ao telefone
Mulher–
Claro! Eu ainda continuo não gostando de política…é que eu fui indicada por um deputado…Sim… Aquele da tv… Não é muito difícil não. Tenho minha própria mesa e fico comprando coisinhas o dia inteiro… Ah daquelas revistas sabe?… Então compro desde perfumes até tintura pra cabelo…Não ninguém liga, aliás, nosso papo normal é sobre futilidades…Não, não tenho cargo fixo, uma hora atendo telefone outra atendo as pessoas, mas normalmente não tenho as informações que elas pedem… Tudo bem querida aparece beijos.
Senhor-
Por que nunca aceita meus presentes?
Mulher-
O Senhor não entende que esses presentes só fazem o senhor mais perverso e corrupto?
Senhor-
Isso não é uma resposta. Olha estou te dando coisas que nunca vai conseguir ganhar com esse salário.
Mulher-
Posso não conseguir, mas estarei tranquila na hora de dormir.
Senhor-
Eu durmo o sono dos justos.
Mulher-
Não sei porque ainda trabalho aqui.
Senhor-
Eu sei muito bem o porquê trabalha aqui: o poder te atrai como uma mariposa que é atraída pela luz. Mesmo não aceitando meus agrados, você gosta de estar perto dos conchavos, das maracutaias.
Mulher-
O Senhor faz uma ideia bem errada de mim.
Senhor-
Eu conheço as pessoas.
Trecho extraído da peça “O primeiro pecado capital ou A escada”