Ode à “Nosotras que nos queremos tanto”
ou “Os ensinamentos de Marcela Serrano”
Este é um achado raro
Que guardo nas profundezas da consciência
Ele me traz memórias ancestrais
Quando revela da alma feminina os segredos transcendentais
Conheci-o na estante giratória em uma tarde amarela despretensiosa
E como uma tinta escorrida em demasia pela tela,
ele revirou a minha maré de certezas retas
Nele encontro horizontes de vívidas selvas,
reconheço sua beleza díspar
ao saborear a natureza virgem
Darei força e amor às guerreiras interestelares,
pelas barreiras fronteiriças entre o céu e os lares
Assim quero cultivar os laços de sororidade nos jardins confidenciais da amizade
Com ímpeto e fulgor,
compartilho a ternura das mulheres
que não temem querer-se, ainda que seus braços só vejam amargura sem fim,
seus corações expandem-se em correntezas de cuidado,
suas entranhas transfiguram-se em harmonia desvariada,
suas essências são mais firmes do que os muros
construídos por tolos em noites sórdidas
Não há, neste mundo, nada que assopre a chama
das afeições femininas contidas em nossos gritos
ou regadas pelo nosso gozo. Permanecemos unidas em
nosotras que nos queremos tanto.
