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Revista in-Cômoda
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3 min readAug 4, 2018

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Os resquícios da chegada de um novo tempo se tornaram visíveis

O que pude carregar comigo não preenchia as linhas de minhas mãos

Era tênue tal decisão, tanto que o dia demorou a definhar

Foi pelo meu adormecer que subitamente mergulhei em total êxtase e resolvi me propor tal aventura

E fui indagada pelo que domina aqui dentro: quanto de você tem nos outros?

Talvez seja o meu pecado… É inevitável, vejo a poesia no distante.

A poesia no distante

Pela janela eu pude ver o que faltava em mim, pude entender que o acaso me fizera companhia em todas as situações de minha breve passagem.

Engraçado… Nunca fui de pressupor se a sorte me cairia bem. Acho que o que acalentava tamanha desilusão era a maneira pela qual minha vida se encaminhava.

Quanto do meu tempo diário eu posso tirar de saldo se o mesmo é negativo?

Mas tinha os ventos, eu amava os ventos, eu já escrevi uma vez sobre os ventos, disse que nunca confiei em um dia que não me apresente o seu frescor.

Eu olhava para situações banais, como na vez que parei a caminhada para observar os galhos atuarem como se estivessem numa dança de salão. Tinha vento, tudo certo até agora.

Continuei a caminhada, mas o dia já esgotara parte de minha vontade de ser protagonista nessa brincadeira, queria ser plateia e assistir o show… Meu show era frio de milagres, o mais próximo deles foi arriscar as tentativas de méritos profissionais.

Queira saber antes de ingressar na esquina seguinte que o fracasso machuca tanto quanto o dia sem vento. Paro. Ainda há vento. Continuo.

Já estou quase lá.

Hoje, quando observei a poeira entre os rastros de luz que entravam pelas frestas, foi como uma lembrança. Imagine que a poeira seja todo o meu eu, mergulhado na imensidão, perdido, com uma velocidade absurdamente exacerbada, a luz que me envolve é como o vento que eu julgo necessário para o dia correr razoavelmente suportável. É como uma junção queijo e goiabada ou queijo e alguma outra coisa que combine com queijo. E, nesse conjunto de combinações que desafiam meu consciente a caçar sensações de conforto e proteção, eu sigo.

Sigo para outra rua, outros ventos e outras sensações criadas e quebradas na minha mente. Talvez seja só nessa sessão, mas ando me tornando plateia sempre que o palco da vida quebra, é por proteção, permanecer em lugares quebrados é arriscado.

Hoje tive um sonho estranho, eu era alguém, mas não era esse alguém

Viveu em mim, pois arrisquei fazer de tal a minha morada da poesia

É como caracterizar um outro alguém… É o meu pecado, eu vejo a oportunidade no distante.

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