Praia de fogo

J. Fontalba
Revista in-Cômoda
Published in
1 min readJan 27, 2018

Do vulcão espesso e morto
jorra a lava do meu sofrimento
e sem que se avizinhe
nem esperança nem movimento
choro lágrimas ardentes
sobre a cara mutilada
por gotas incandescentes.

Estranho o rio que flui de mim,
ondulante e rotundo,
mas o que escorre p’la montanha
do meu ser inquieto e moribundo
é tardio, mas perene,
isento de tudo o que não é
sentimento mais profundo.

Pura terra, rubra e crua,
Cria uma nova praia
além do entendimento.

Eu, chorando de alma nua
tudo o que do coração saia,
fico honrando, como a Lua,
esse Sol, que só dá vida porque arde.

Janeiro de 2018

————————

Siga a minha página para receber avisos de novas publicações em português. Se apreciou este texto, agradeço muito qualquer apoio através da minha página no Patreon. For English, please visit medium.com/@Fontalba.

--

--

J. Fontalba
Revista in-Cômoda

Poeta. Livro “A Primeira Manhã — Antologia 2012–2017” disponível em Novembro de 2018.