Quando a flor beija a vela

Pris Rocha
Revista in-Cômoda
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2 min readSep 20, 2019

Há gestos tão sublimes que alimentam nossas almas.

A menina da via láctea reside entre ruas estreitas do endereço tal. Já de idade avançada, interpreta o mundo desde suas entrelinhas mais sutis. Dizem que ela habita paralelos e por isso tem uma afinidade avançada nos encontros. Fala com todos como se já o conhecessem há anos.

Seu estranho hábito de amar confunde as normalidades corriqueiras. Não que os outros sintam tal efeito mas, a menina por tamanha sensibilidade carrega consigo as consequências de ser profunda.

O seu nome não importa, sabia que era navegante daquela deserta humanidade mas que não pertencia exatamente a tudo aquilo.
“Os seres humanos são frios” dizia sempre.

Gostava de ficar em silêncio para ouvir-se melhor. Eram tantas vozes que nem distinguia tanto conhecimento. Amparava as luzes da sabedoria como uma antena parabólica. Brincava sempre com a maneira como conversava com as plantas, as arvores, os animais e toda a coisa. viajava entre mundos, era mesmo uma navegante.

As seis da tarde havia lhe convencido de seu sino e desde então vinha sendo uma das viagens mais aquecidas de sua alma. Todas as vezes que trocava diálogos com essa mágica pontual, sentia-se acompanhada por brilhos que tomavam todo o espaço. Eram companhias que lhe abraçavam em outras linguagens e beijavam sua vela acesa como se surgissem dali mesmo.

Texto e arte: Priscila Rocha

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Pris Rocha
Revista in-Cômoda

Cursou Geografia-UFSCAR e hoje é Graduanda em Letras/italiano -UNESP. Tem paixão por cinema, arte, filosofia e política.