Questão de Equilíbrio

Leandro Vargas
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readMar 2, 2020

Quando eu era criança vi minha mãe chorar de medo, um tio suicidar-se movido por depressão e ouvi a notícia sobre um menino que foi violentado por três adolescentes dentro do banheiro de um cemitério. Foi nessa época que comecei a perceber a extensão da maldade.

No mundo existiam vilões e perigos muito maiores do que aqueles que eu assistia nos desenhos ou lia nos gibis do Batman. Descobri que o mal real é incomensuravelmente maior que o mal fictício. E que nenhum super-herói chegaria no último instante pra resolver tudo e dar uma bonita lição de moral.

“-O crime não compensa vilão!”

Sabemos que em nosso mundo isso infelizmente não é verdade. Aqui o crime compensa. Muito. Por anos.

Foi nesta mesma época que também comecei a desenvolver o interesse por autodefesa e assuntos relacionados. Talvez tenha sido minha válvula de escape, não sei. O que sei é que isso ajudou a me manter seguro até hoje. E como efeito colateral desenvolvi uma afinidade marcante e pontual por justiça e equilíbrio.

Em vários sentidos.

Acredito que somos responsáveis pelo nosso caminho. Que se toleramos o caos, o crime, o desiquilíbrio em nossas vidas, estamos contribuindo para a proliferação do mal. Muita gente acha que somente os grandes acontecimentos e as grandes tragédias que contam. Mas eu acredito que são as pequenas negligências que realmente são importantes. Como uma fortaleza erguida tijolo a tijolo. Não existiria a fortaleza se você não tivesse os tijolos.

Quando você aceita calado ser humilhado, mal tratado, quando não faz valer seus direitos ou quando permite que as pessoas te tratem como lixo, descartável e ajam com injustiça com você, sabe o que acontece? Você esta permitindo que as sementes do caos floresçam. E isto não vai ser bom para ninguém!

Não estou aqui falando que você deva ser um ‘exterminador da escória do mundo’ ou algo assim. O que quero dizer é que se você continuar deixando essas “pequenas injustiças diárias” se manifestarem em sua vida, logo elas poderão crescer demais para serem controladas.

Eu dou chances sabe. Muitas. Não sou uma pessoa reacionária ou inflexível. Porém existem limites. E quando esses limites chegam ao fim eu não posso agir contra minha natureza. Não posso permitir o desiquilíbrio em minha vida. Você pode ?

--

--