Sempre em frente
Foi o conselho que ela me deu.
Então é isso. Essa é a moral da história?
Essa é a grande lição que a tal morte quer nos trazer?
Quando a gente enfrenta uma grande perda é a vida nos dizendo que é hora de se reinventar. Reconstruir o emaranhado de conexões ao redor de nós e descobrir um jeito novo de se relacionar.
Hoje aprendi sobre o luto.
Sobre toda essa preparação mental e psicológica para lidar com as perdas, sejam elas físicas ou simbólicas. Como disse a terapeuta Lari, a gente é bicho, e esse é só o jeito que encontramos para sobreviver.
Essa descoberta, esse aprendizado virou algumas chaves aqui dentro. Soltou algumas amarras. Trouxe uma dose de libertação.
Agora tô ouvindo Maroon 5 enquanto coloco uma panela de água no fogão e me sentindo numa cena de fim de episódio de Grey’s Anatomy. Tô naquela parte em que Shonda solta uma reflexão fodona na voz da Meredith e tudo parece se encaixar.
Então é isso? É hora de ressignificar tudo.
Parece óbvio agora que sei, mas nem por isso torna menos doloroso e sangrento o processo de deixar ir.
Talvez mais leve? Menos destruidor? Só talvez.
O fato é: de algum modo me sinto mais pronta para encarar as próximas perdas que inevitavelmente estão por vir.
Porque no fim é tudo sobre seguir caminhando.
Não se refere a deixar algo para trás, se refere a seguir avante.
Sempre em frente, foi o conselho que ela me deu. Engenheiros do Hawaii já estão nessa Infinita Highway há mais tempo do que eu. Eles devem sacar bem desse lance de viver precisando ir embora.
Sou Flaviana Alves, escritora que percorre o mundo fazendo voluntariado e expedições literárias e compartilha vivências e reflexões sob a ótica de uma viajante mulher, negra e nordestina. Acompanhe meus relatos diários no IG.