Sobre Múltiplas Metas Avançadas
Retirei de mim os crucifixos,
Não oro mais pelos precipícios,
Não clamo mais pelos labirintos,
Não creio mais no absinto.
A cada gole do veneno ambíguo
Verto algumas más palavras
Ao sul das operações genuínas,
Ao norte das frações infecundas.
Dou um grande baile assim
Nas estâncias das inabilidades
Ao leste das medievais falácias,
Ao oeste das primitivas abas.
Sendo homem eu sou mulher,
Sendo mulher eu sou homem,
Inominavelmente posso ser assim
Neste bailar das letras.
Ao fim de tudo até que separa
Os Gêneros & Genes,
O que é igual para todas & todos
É sempre o cálculo das metas.
As metas que foram propostas
Durante inundações,
As metas que foram propostas
Durante convicções.
As metas que foram preenchidas
Durante explosões,
As metas que foram preenchidas
Durante implosões.
As metas que foram oferecidas
Durante evacuações,
As metas que foram oferecidas
Durante ocupações.
As metas do Ontem
Sobre as cadeiras das negociações,
As metas do Hoje
Sobre as sobras das abluções.
As metas do Amanhã
Sobre as cortinas retalhadas,
As metas atemporais
Sobre as retinas perfuradas.
Metas do homem que eu sou
Sendo a mulher que eu sou,
Metas da mulher que eu serei
Sendo a mulher que eu serei.
Um homem que improvisa letras
Para intermináveis poemas,
Uma mulher que engravida de versos
Para indomáveis estrofes.
Apagados os sexos & sexismo,
Apagadas as semelhanças e diferenças,
Sempre se multiplicam todas as
Inomináveis Metas.
Não fundarei com isto
A Religião Do Inominável,
Nem findarei com isto
A Seita Do Nomeável.
Quero apenas desordenar mais a tudo,
Tocar nas feridas do mundo,
Tocar nas suas feridas,
Tocar nas minhas feridas…
Sejamos homens ou mulheres,
Sejamos Ser ou Não-Ser,
Incomodadas & Incomodados,
Nos multipliquemos ao escrever.
Esta é a Única Meta Necessária,
O resto são as metas mínimas
Para evitar que pulemos
Nos trilhos do metrô.
Inominável Ser
QUE ESTABELECE
CADA META
DENTRO
DAQUELA ÚNICA
META
