Sou copo d’água
Sou alto, pareço ser forte
Mas a cada queda,
Me quebra um pedaço,
Me rende outro corte.
Sou copo de vidro,
Que cabe mais que litro.
Eu mesmo me corto nos cacos.
Me colo de volta,
A cola é a resposta
Viver não é fácil.
Ser copo vazio não é opção
Represo segredos,
Tive poucos “sim”
Tropeço nos “não”
Me enchendo de água
Guardando meus medos,
Ressentindo mágoas
Eu não sou perfeito,
Sou copo quebrado.
Enquanto me encho,
Vazo pelos lados
Alguns pedaços foram mal colados,
Mas é tanta água que enche assim mesmo.
Tenho alguns remendos doados
Vieram em abraços,
Num beijo na face
Carinhos trocados
E é o que eu faço
Alago meu mundo
Me afogo pulando com tudo
Transbordo com um pingo
Sem saber nadar,
Estou por uma gota
Já me desaguei
Tentando um sorriso
Se eu me derramar
Me encho de novo
Tõ no meu limite
Não sei se aguento
Mas enquanto vivo
Serei copo cheio
Um copo d’água e um verso
Não nego a ninguém
Se um dia me doar, me doer
Talvez não seja mais eu.
