Sou papel pardo
Assumo que sou papel pardo quando escrevo de tudo sobre mim e nem eu mesmo me entendo, quando aceito as cores que me pintam, me sinto sem vida mesmo se visto ao vivo. Me faço mudo, me muda o verso escrito, caneta pesa sobre minha face, riscando tudo, mas na apresentação colorido, recebo a tinta e absorvo, me faço desenho, às vezes me acho incrível por estar onde estou.
Eu posso até ser apagado quando fazem à lápis, mas é que mesmo essas linhas eu reforço em marca texto, não quero lembranças perdidas, sempre no final do dia, destaco em meu corpo as histórias.
Quem olha de longe, não me reconhece, pareço sem vida, refeito rejeito ser só um mural de recados. Recebo colagens, me prendo à imagens, eu quero pra sempre me ler nas feridas que minha pele parda recebe.
Eu sou papel pardo amassado no fundo da pasta, me finjo almaço querendo carbono pra ser remarcado. Imploro um abraço, sabendo que posso rasgar ao meio, pois já estou velho, me sinto mais frágil, se precisar eu cedo um pedaço pra completar o seu plano, e aqui do meu lado vou ter que seguir me faltando, pois papel rasgado não torna mais ser o mesmo.
Eu já usei meus dois lados e mesmo sendo grande, sinto que estou acabando, algumas escritas já estão sobre outras, as frases ganhando outros significados, meu caça-palavras não há quem me encontra, mesmo sendo eu esse papel pardo.
Rasgado, amassado, rabisco, capricho até tag de pixo estão no meu corpo, não me encaixo em folhas sulfite, não tente me usar pra ser dobradura, repare meu mundo, repense seu kit, me leia, me olha e se decidir se escrever sobre mim, fique a vontade, eu guardo comigo suas marcas.