Tarde Demais
Ouço Sweetback e espero a melancolia passar por debaixo dos meus dedos mornos, quase parados, que imitam um tocar incessante de solos de piano inexistentes. Olho para a janela na esperança tola de ver alguma nuvem negra aparecer. Mas o sol está no ápice. A pino. Próximo. Irritante. Rápido. Insistente. Latente. Nem vontade de abrir os olhos eu tenho. Mudo para Maxwell na tentativa de ficar um pouco menos “SM” e um pouco mais “RB”, mas Embrya não é tanto quanto Urban Hang Suíte. E aquela tarde parece mesmo que não vai ter fim. Tento ensaiar uns versos, mas a caneta está tão pesada. Quase desisto de sorrir quando vejo a ilustração do Ira! numa matéria da Zero. E enquanto percebo meu reflexo no vidro, chego à conclusão de que nem o Midnight Vultures do Beck me salva mais. Já estou afundando no colchão. Engraçado quando a gente descobre. Algumas coisas me inspiram. Outras não. Algumas coisas me fazem pensar. Outras me deixam sem razão.
