Tentando fugir do meu lado sentimental, conheci você.
Apesar de poeta amante do Mal do Século,
aprendi a me relacionar com a objetividade
tão bem a ponto de me considerar
materialista o suficiente para conseguir
seguir a vida com base na dialética.
Logo tu, tão sonhador,
mal percebe quão amante é do realismo
que faz do sonho — arte —
dedo na ferida da sociedade.
Eu que amo a morte,
você que teme o que vem dela.
Eu que não acredito em sorte,
você que — caso exista — não abriria mão dela.
A Vida, logo ela, fez com que tropeçássemos
um no outro; num dia,
justo pela manhã…
Já devo ter mencionado não gostar tanto assim dessa parte do dia.
Que ironia! Acabei gostando de você.