Teus amigos leem teus textos?

Desculpa a intromissão…

Tiago da Silva
Revista in-Cômoda
2 min readFeb 27, 2018

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Eu só pergunto porque, pra mim, não rola assim.

Eu tenho, nesse exato momento, 177 amigos no Facebook (pouquinho, né?) e, deles, acho que nem 10 leem com regularidade o que eu escrevo — e olha que eu compartilho!

E acho que 70% deles nunca sequer pararam pra pensar “que troço é esse de Medium que o Tiago fica postando?”, acho que nunca se deram ou se darão o trabalho de averiguar.

Tem, por outro lado, uns 5 que já me perguntaram, confusos, o que são essas coisas que estou escrevendo sobre mediunidade (Medium=mediunidade, na cabeça deles, é a primeira associação que fazem). Isso mostra que, pelo menos entre as pessoas que conheço, o Medium não é nada popular ainda.

Eu já tive mais amiguinhos no Face, sabe? Acho que até o final do ano passado estava na casa dos 800, mas aí fiz uma análise típica de final de ano e fui colocando fora coisas velhas para dar lugar às novas. Acabei excluindo muita gente com a qual não cheguei, por exemplo, a me desentender ou deixar de gostar… foi só que as afinidades estavam escasseando.

Cheguei perigosamente perto dos dois dígitos de amigos, e a tendência só se reverteu porque nos últimos meses houve exportação para o Face de vínculos iniciados aqui no Medium, o que achei bem legal. Novas caras, novas visões. Arejou um pouco a vida.

Ainda assim, hoje, não é frequente falar com as pessoas com quem convivo diariamente sobre os textos que escrevo — também diariamente.

Isso cria uma certa estranheza, como se a pessoa que trabalha e faz parte de uma família e tal não fosse a mesma pessoa que alimenta esse perfil, quase como se fosse uma identidade secreta — que de secreta não tem nada.

Eu presencio frequentemente diálogos como “E aquelas fotos lá na praia, vi no teu Insta…” ou “Bah, entrou pra facul, eu vi que tu postou no Face…”, mas até hoje é raro presenciar algo como “Meu, que da hora aquele teu texto no Medium sobre Sabe-se-lá-o-quê!”.

Talvez eu nem queira esse contato entre as minhas vidas, talvez essa separação entre elas me deixe mais confortável para escrever, inclusive, sobre assuntos que talvez eu não me sinta confortável para debater no dia a dia. Talvez seja mais cômodo assim. Essa ilusão de anonimato. Talvez essa máscara seja parte do encanto.

Me pergunto se também é assim com gente que publica livros, de verdade, e vende pra caralho. Será que essas esferas na vida deles também ficam dissociadas?

E na tua vida, leitor e escritor do Medium, como essas relações se processam, me conta? Teus amigos, vizinhos e colegas da “vida real” leem os teus textos?

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Tiago da Silva
Revista in-Cômoda

Às vezes me surpreendo com o que escrevo, porque não sabia que pensava assim.