Uma carta de amor

Poeta Rafa Ribeiro
Revista in-Cômoda
Published in
2 min readFeb 18, 2019

Quanto tempo faz que eu não escrevo uma carta de amor?

Uma de verdade mesmo. Não tô falando desses poeminhas que geram suspiros, nada de metáforas genéricas pra gerar identificação por qualquer um que lê. Eu queria uma carta escrita pra uma só pessoa, citando nome, contando uma história real, entregue em mãos com um bombo e uma rosa. Carta que derrubasse as pequenas barreiras que existiam, pra construir em volta de dois uma cerca baixa, e não é baixa pra ficar mais fácil de pular, é porque dali fica fácil ver o mundo, fica fácil o mundo nos ver. Uma carta sem esconder o remetente atrás de um vulgo, sem floreios além de dizer que “te amo”, declaração simples. Na carta apenas o necessário e isso naquelas cinco folhas descritas, acho que ainda lembro que escrever é ato de amor, e amar não se resume em linhas não se coloca limite em folhas, vão páginas inteiras pra tentar demonstrar em letras, ou que seja em uma frase “vem me ver hoje?”. Passar a tarde ouvindo aquele som, o nosso som, a nossa música no repeat, na carta vai tudo sem revisão, não quero podar o que sai. Em uma carta de amor, quero o mais puro de tudo que sei, quero sem recorte nenhum me mostrar, quero ser eu, só isso e mais nada.

Realmente não me lembro da última vez que escrevi uma carta de amor.

Nem sei se ainda sei.
Queria tentar, mas…

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