Uma promessa de amor

Ana Paula Passos
Revista in-Cômoda
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2 min readNov 27, 2017

Deveria existir uma espécie de promessa, daquelas que enchem a alma e curam feridas deixadas por quem nos fez mal. Uma promessa para preencher aqueles espaços que ainda não cicatrizaram, que estão meio latentes, ainda quase abertos.

Uma promessa que mesmo sem validade, demonstre toda a reciprocidade das relações.

Se a meta essencial de uma relação de amor é fazer o bem, esta seria uma promessa baseada unicamente naquilo que há de melhor: como um espelho do seu lugar favorito, mais especial, que reflete a luz daquele carinho, daquele momento, em que tudo estava exatamente onde deveria estar.

Algo parecido com uma certeza, um alento. Uma canção, que muda o clima, transforma, enaltece. Uma promessa solene, mas sem compromisso, só gratidão. Uma promessa que recita.

Um quase poema.

Algo assim:

Prometo, então, não como uma obrigação, mas como um compromisso cujo principal laço é um cordão imaginário que une aqueles que se querem bem, independentemente de qualquer outra percepção, mesmo entendendo que quem ama não precisa prometer coisa alguma, pois está implícito.

Como arco-íris que aparece em determinados momentos, prometo entender, sem julgar e apoiar só “porque sim”.

Prometo cuidado.

Prometo que te darei café naqueles momentos meio cinzentos, quando o acordar estiver nublado. Prometo palavras amigas quando nada fizer sentido. Prometo a verdade, dura, pesada, sincera, mas com carinho.

Prometo falar porta, curva, quarta e oxi, só porque é engraçado.

Prometo bom-humor, e lágrimas; são os ciclos da vida. Prometo carinhas engraçadas, apelidos diversos e fazer graça de tudo isso.

Prometo estar presente todos os segundos que nos couberem.

Acima de tudo, prometo respeitar os seus momentos, seus sentimentos e suas decisões, mesmo pensando diferente.

Não te prometo que acertarei sempre, mas prometo que continuarei a tentar.

Prometo tudo isso, entendendo que o amor não é obrigado a nada. Nada *merrmo.

E ainda que tudo termine, como uma bolha de sabão, prometo lembrar e guardar com alegria as memórias criadas, assim estará sempre coberto de lindas energias.

Prometo que serei a última a entregar os pontos e nunca deixarei de acreditar.

Serei bom dia, bons momentos, porto seguro, acolhimento e colo.

E mesmo que esta promessa tenha data de validade; 84 anos; a eternidade está no presente e nele prometo estar sempre aqui.

Sempre que precisar.

Feliz todo dia!

*do carioca — (mesmo)

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Ana Paula Passos
Revista in-Cômoda

É determinismo, sim. Mas seguindo o próprio determinismo é que se é livre. Prisão seria seguir um destino que não fosse o próprio. Clarice Lispector