A estreia da “Menina Vudu”

Revista Krinos
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2 min readAug 8, 2016
Título do novo quadrinho da Revista Krinos

Hoje estreia com muita alegria e responsabilidade a nova seção na Revista Krinos: o quadrinho “A Menina Vudu”. Se a literatura como dimensão essencial na formação integral do ser humano tem suas origens mais diretas na mitologia e nas construções narrativas dos antigos bardos, aedos e rapsodos, a própria oralidade e seu sentido poderiam ser remontados às pinturas rupestres que o ser humano criou para dar conta da realidade que vivia. O ser humano jamais poderia se definir em qualquer momento de sua história e, com isso, passar a construí-la, se não tivesse desenvolvido a incrível capacidade de narrar-se, de contar sua história e de extrair dela signos, ícones e significados que constroem os infinitos possíveis que se abrem a cada significação que construímos.

Somos uma geração nascida e crescida dentro da cultura de massa e formada sob a égide da Indústria Cultural. As HQs, assim como o cinema e a televisão, nascem sob esse mesmo fenômeno cultural e possuem trajetórias com semelhanças e distinções profundas. Embora diversificados na forma de narrar-se e da submissão das expressões culturais à própria cultura de massa da indústria cultural, o aspecto pedagógico da comunicação artística manteve uma ligação estreita entre artista e sociedade, seja para reforçar a estrutura social, seja para simplesmente retratá-la em sua distopia, para questioná-la ou para propor novas formas de enxergar o mundo. Desde as cavernas de Lascaux, parece-nos, nunca somente a palavra daria conta da vastidão da existência e do que ela pode significar diante de um ser constituído pela falta, pela carência e finitude. Não importa o quanto a cultura de massa contribui para a massificação da qual ela emerge, pois tanto o cinema como a HQ tem potencial de subverter a lógica mercadológica que reforça e cria estereótipos para explorá-los e criar reflexões sobre nossa condição, mesmo que elas não ofereçam esperança ou qualquer tipo de redenção.

A Menina Vudu é tudo isso e muito mais… Sobretudo, parece-nos, traduz novos tempos ao trazer à frente duas mulheres em um meio, apesar de artístico, marcado por certa misoginia própria de toda cultura de massa — afinal, para além de retratar sua própria época e estruturas sociais, a própria área é marcada por sua época e estruturas sociais. Os textos e concepção da personagem são de nossa Grazzi Yatña e as ilustrações são de Aline Daka. Daka tem vasta experiência em ilustração, é educadora e formada em Artes Visuais pela UFRGS, tendo complementado seus estudos em Portugal. Grazzi tem na escrita sua melhor forma de lidar com o mundo e emprestará à Menina Vudu seu olhar singular, sarcástico, crítico, desconcertante: POÉTICO.

Esperamos que gostem. Mas se por acaso não gostarem, tudo bem, todos nós já estamos adorando.

Acesse aqui a edição nº 01 da Menina Vudu.

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