Conheça o trabalho de Deise Pessi

Formada em Artes Visuais (licenciatura) e idealizadora do projeto “Nuvem Fotográfica” que registra principalmente bebês e crianças, Deise Pessi vai além da fotografia. Nessa entrevista vamos conhecer um pouco mais a respeito do seu projeto “Rua Monstro” em Criciúma e a sua história com ilustração.

Revista Letraset
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4 min readJul 3, 2020

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1. Em que momento você começou a desenhar?

Meu primeiro contato com o desenho foi como todos, na infância. Lembro que adorava assistir programas de atividades e tentar reproduzir as experiências. Minha mãe sempre comprava lápis e canetinhas a meu pedido, percebeu que eu gostava de desenhar, pintar, recortar e colar, e sempre me incentivou.

2. De onde surgiu esse desejo?

Não sei se é bem um desejo, ás vezes parece uma necessidade. Essa linguagem artística que parece tão simples nos permite transcender o lápis e o papel e mostrar aquilo que somos a cada traço.

3. Como você aprendeu? Já fez cursos nessa área?

Aprendi na prática, o gostar me fazia continuar desenhando, e por sempre ter imaginação fértil eu estava sempre inventando personagens e histórias. Aí depois fui aprimorando, aprendendo, vendo outros desenhando, aulas de artes, aulas do curso técnico, aulas da faculdade. Tudo contribuiu de alguma forma.

4. Existe algum profissional da área — ilustrador(a), designer, desenhista — que te inspira?

Tem alguns ilustradores aqui da região que são incríveis, como a Camila Nazário, Carla Rodrigues, Geovana Medeiros, Herok, Sérgio Honorato, Nascido em Astra, Um Ariano, entre outros.

5. Você tem um projeto de desenhos de monstrinhos nas paradas de ônibus em Criciúma. Quando ele começou e como funciona?

Tenho muito carinho por esse projeto. Ele fez parte de um edital de cultura da cidade, fala sobre a Rua Monstro. Trata-se se um trecho da rodovia onde as paradas viraram monstrinhos. Minha intenção era questionar quem são os verdadeiros monstros, onde vivem, o que fazem… Afinal, meus monstrinhos são do bem, estão ali para trazer algo de bom na passagem das pessoas, os verdadeiros monstros são as pessoas e o que elas fazem.

6. Cada vez mais os desenhos estão levando um pouco mais de vida e cor para os muros e paredes das cidades. Qual a sensação de ver os seus desenhos exercendo essa função em Criciúma?

Em alguns momentos recebo retorno das pessoas sobre esse projeto e isso me enche os pulmões de alegria. Parece que não existe maldade no mundo. Resgatar um olhar carinhoso e feliz nas pessoas é uma sensação maravilhosa. Fico feliz por ter sido uma pioneira na intervenção das ruas da cidade, e bem, temos artistas incríveis na street arte aqui na cidade. Agora temos muitos trabalhos espalhados, é só dar uma volta pela e observar.

7. Qual é o monstrinho que você desenhou e mais gosta?

Cada monstrinho tem um nome e uma personalidade. Eu gosto muito do Bunga (rosa que escreveram Jesus) e o Tunga (amarelo próximo a Roscel). Eles foram os primeiros, a história dos monstrinhos começou com uma brincadeira onde eles apareciam no imaginário de uma menina e ficavam pulando e rindo na rodovia. Mas o meu coração tem um especial, o Manolo. Foi feito inspirado no meu poeta favorito, Manoel de Barros. É um monstrinho pássaro azul.

8. Existe alguma ligação entre o seu trabalho de fotografia com a ilustração?

Sempre tem. Existe uma troca/partilha dos dois. O que vejo na fotografia, a sensibilidade que ela me traz, o baú de imagens que ela me proporciona, contribui na formação do que pretendo desenhar. E o desenho me torna mais sensível, o que contribui na hora de compor uma fotografia.

9. Como é a experiência de ser professora dentro dessa área?

Eu sou Professora de ilustração no curso técnico de Comunicação Visual da Satc. Essa experiência é gratificante, pois você oportuniza ao aluno um contato que ás vezes não está mais inserido no seu cotidiano, muitos chegam dizendo que não sabem desenhar e isso não existe. Não existe uma única forma e uma receita ideal para ilustrar, existe o que cada um tem e pode entregar ao material na hora de produzir. Alguns compõem melhor, outros nem tanto, mas todos sabem desenhar da sua forma. Juntos vamos tentando aprimorar.

10. Que conselho você dá para quem está começando a trabalhar com ilustração?

Não tenha medo do ridículo, do tosco, do sem graça, do simples, do feio, do desastre. Seja ousado, acredite, ame, se entregue ao seu trabalho. Faça cursos, fotografe referências, conheça lugar, pessoas, viaje de ônibus, viaje em livros e no setor de hortifruti do super mercado. Saiba ouvir e saiba defender. Faça com amor e ame o que você faz!

Por Amanda Cristina Gomes, Larissa Menegaro Nogueira e Priscila Machado de Moraes. Com colaboração de Larissa de Lima Witt (texto) e Frank Rodriguez e Arlan Rodrigues (fotos).

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