Conhecendo Igor Pereira

Vamos conhecer um pouco do trabalho do Igor Pereira Barros. Ele é tatuador, tem 29 anos, formação técnica em Design (Satc, 2006), Publicidade e Propaganda (Unisul, 2011) e é pós-graduando em História da arte. Numa entrevista, nos contou sobre sua trajetória com a tatuagem.

Revista Letraset
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4 min readApr 13, 2020

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1. Desde quando você é tatuador?

Há mais ou menos sete anos, sete anos e meio. Eu não tenho a data exata de quando eu comecei a tatuar, porque foram em vários momentos, não foi um único dia que eu decidi, parei de fazer tudo e comecei a tatuar. Eu já desenhava desde pequeno, como toda criança. Sempre tive muito apoio da minha família porque existiam muitas pessoas que desenhavam, pintavam, eram músicos e ainda são, então sempre foi um meio bastante criativo e natural pra mim.

2. Já fez algum curso de desenho?

Eu sempre fiz cursos de desenho e continuo fazendo até hoje, é essencial pro meu trabalho, pra eu aprender técnicas novas. Já fiz curso de mangá, de pintura e o último que eu fiz foi focado somente em retrato a carvão. Eu também trabalhei bastante com pintura e desenho digital, colagem, montagem. Sempre tive essa formação desde o início, sempre foi muito esse trabalho manual.

3. Tem alguém que te inspira nesse trabalho?

O meu primeiro tatuador preferido é Jeff Gogue, o segundo é o Carlos Torres e o terceiro é o Tim Kern. O Tim mora em Portland e esse eu tive a oportunidade de ser tatuado por ele e tenho um vínculo um pouco maior, um contato mais direto. Ele é um artista completo, muito incrível. Tem um estilo mais caricato, é maravilhoso. Essas são as minhas referências máximas na tatuagem.

Fora da tatuagem muitas pessoas me inspiram. No mangá eu gosto muito do trabalho do Takeru Kanui, conhecido por fazer o Vagabond, um mangá muito conhecido. Aqui no Brasil tem o André Rodrigues. Ele é um tatuador, mas na verdade é um artista que trabalha em vários meios. Ele é um pintor excepcional, é professor, tem uma escola de tatuagem e arte em São Paulo. Gosto também desde pintores como Casey Baugh até pintores renascentistas clássicos como Rafael Di Sanzio que é meu preferido, é do meu período da pintura renascentista. Também artistas como Hideo Kojima, que produz videogames, histórias e conceitos que me inspiram muito. A música me influencia demais em todos os aspectos. Então na verdade é aquele clichê do leque né. É um leque bem aberto de coisas que me inspiram e artistas que trazem coisas novas pra mim.

4. Onde você busca referências?

Me inspirando em outras pessoas e também através da tentativa e erro que na minha vida não vai parar nunca. A maneira como eu levo a tatuagem e a arte é tentando e errando diariamente. Desenhando, apagando e desenhando de novo pra chegar em algo que me satisfaça ou pelo menos chegue mais próximo disso.

5. As pessoas comentam que fazer tatuagem em alguns lugares bem específicos dói bastante. Na sua opinião, qual é o lugar que mais dói para tatuar?

A questão da dor é muito pessoal. Eu tenho algumas dicas para quando as pessoas forem fazer tatuagem: ir descansado é a primeira, porque se a pessoa chega pra tatuar e está cansada do trabalho ou estressada, isso vai influenciar na sessão. A minha experiência mostra isso, porque os clientes não aguentam muito tempo, eles sentem muita dor, o corpo já está muito sensível. E quando o cliente vem descansado ele aguenta muito mais. Outra dica boa é consumir um pouco de açúcar se for possível, porque ele ajuda bastante na dor. Mas não é nada demais, é só um pouquinho de dor. Ninguém morreu ainda por causa de uma tatuagem, pelo menos não no meu estúdio (risos).

6. Qual foi a tatuagem mais esquisita que você já fez?

Nunca fiz desenhos muito estranhos, dei um pouco de sorte nessa questão. Mas já teve situações no estúdio de a pessoa desmaiar, eu fiz uma linha e ela caiu pro lado na maca (risos). É bem raro, mas acontece ás vezes. Já tive que fazer cobertura de nome de ex também.

7. Qual é o diferencial do seu trabalho?

Eu vejo minha tatuagem hoje em dia muito manual e criativa, não existe mais o automatizado. Nunca existiu pra mim né, mas no meu estúdio não existe você trazer um desenho pronto de quem qualquer tatuador ou pessoa e eu copiar na pele dos clientes. Salvo desenhos de capas de álbuns ou fotografia, mas na grande maioria eu crio e desenho de acordo com a necessidade do cliente. Eu não acho justo comigo, nem com o cliente e nem com a pessoa que fez o desenho original ter ele copiado. Essa originalidade do trabalho é muito importante.

“Eu gosto muito de chamar o meu trabalho de artesanal, e não artístico, porque eu vejo ele como o resultado de um desejo de outra pessoa e não apenas algo que vem de mim. Eu crio o que a pessoa deseja fazer e transmito isso na pele dela”.

Igor Pereira (@artofigor)

Texto por: Larissa de Lima Witt (@larissawitt_)

Fotos: Amanda Gomes (@amandagomes_fotografias)

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