Os Mestres da Bauhaus

100 anos de um legado de inclusão, ideais e design

Diego Piovesan Medeiros
Revista Letraset

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Compilado com todos os desenhos publicados em minha conta no Instagram.

Como professor/pesquisador em Design, vejo o centenário da Bauhaus como um momento necessário de celebração e lembrança, para reforçar sua importância na nossa profissão. Neste texto de homenagem, destaco o humano da escola, evidenciando os principais mestres, que por meio de seus ideais, fizeram desta, o berço do Design e da Arquitetura moderna.

A expressão e desejo de Walter Gropius

Walter Gropius, foi arquiteto, idealizador e fundador da “Staatliches Bauhaus in Weimar”. Em seu manifesto, publicado em abril de 1919, divulgado por toda Alemanha, Gropius estabeleceu o programa e os objetivos da nova escola, sendo que: em conjunto, artistas e artesãos deveriam criar a “estrutura do futuro”. O manifesto atraiu mais de 150 alunos, onde metade eram mulheres e a outra metade de homens vindos direto da Guerra, que havia recém acabado, para um novo recomeço em suas vidas. A Bauhaus foi a primeira escola de arte reformada a retomar, depois da Guerra, a sua atividade na nova República.

O visionário diretor.

Gropius criou um objetivo global, erguendo uma estrutura educacional em conjunto, à qual todos contribuiriam por meio do artesanato.

Sua visão de escola era pautada na produção e na arte. O ensino era ministrado por mestres e os estudantes eram chamado de aprendizes, podendo progredir para categoria de oficiais e finalmente, mestres jovens.

Em sua visão de futuro, Gropius ressaltava em seu manifesto que:

“poder-se-ia acabar com a barreira arrogante entre artistas e artesãos, abrindo caminho para nova estrutura do futuro”.

E foi assim que aconteceu, principalmente em seus primeiros anos, se caracterizando por uma escola com um forte espírito de comunidade. A sua ambição em transformar por meio do ensino, fez com que no primeiro ano de escola, Gropius nomeasse artistas de origem bastante diferentes. Isso deu o tom expressionista da primeira fase da escola naquela cidade.

A cara dos novos diretores

Anos se passaram, e não recebendo mais recursos da cidade de Weimar, a Bauhaus muda-se para Dessau. Lá, com um prédio totalmente novo e recursos para suas oficinas, a Bauhaus se torna mais produtiva e focada no industrial, evoluindo disciplinas relacionadas aos móveis e a arquitetura.

Os diretores funcionalistas da Bauhaus.

Em 1927, Gropius fundou o Departamento de Arquitetura na Bauhaus, convidando o arquiteto suíço Hannes Meyer como líder do espaço. Além de dirigir o departamento, Meyer também atuou como Mestre e em 1928, assumindo a direção geral da Bauhaus com a saída de Gropius da escola.
Como diretor, Meyer iniciou mudanças radicais no contexto da escola, rejeitando o individualismo vanguardista que se mantinha nos anos de direção de Gropius.

Sua direção atuava em ações mais pragmática e focadas ao contexto industrial, enfatizando as possibilidades da produção em massa. Meyer fez uma reformulação de todo o curso com base em debates e com a participação de todos, incluindo os estudantes. Também oportunizou palestras e cursos sociológicos e biológicos, com a participação de figuras proeminentes, que deram a estas ciências um maior protagonismo na Bauhaus.

Em 1930, por questões ideológicas e políticas, Meyer foi demitido da Bauhaus, dando espaço para o renomado arquiteto Mies van der Rohe, muito conhecido internacionalmente por suas obras arquitetônicas.

Também atuou como professor da escola e foi um dos criadores do que ficou conhecido pelo “estilo internacional”, onde deixou a marca de uma arquitetura que primou pelo racionalismo, pela utilização de uma geometria clara e pela sofisticação.

Mies também se tornou famoso por sua postura como arquiteto e suas frases de efeito, conhecidas mundialmente, como “less is more “ (“menos é mais”).
Mies ficou no cargo de diretor, por um breve período de tempo, mas demonstrou muita garra para que esta permanecesse de pé. A escola, financiada pelo governo, seria forçada a fechar as portas devido a pressões políticas do partido Nazista que a identificava com ideologias antagônicas como o socialismo e o comunismo. Em Abril de 1932, quando os Nazistas queriam fechar a Bauhaus, Mies transferiu-a, com financiamento do próprio bolso, para um prédio industrial em Berlim, mas permaneceu ativa apenas por seis meses.

Em Julho de 1933, a Bauhaus foi fechada pelo movimento que via em suas ideias, transgressão e contradições de ideais. Mas essa escola só se tornou esse marco no Design e na Arquitetura, graças a seus mestres e aprendizes. A seguir, entenderemos como os artistas deram o primeiro passo para uma Bauhaus expressionista e de vanguarda no ensino.

Os Artistas como primeiros Mestres

Os primeiros contratados por Gropius a fazer parte do conselhos dos Mestres.

Gropius não tinha apenas o sonho, mas sim, a obstinação de contratar os melhores e assim o fez.

Sendo um dos primeiros a ser convidado por Gropius enquanto dirigia uma escola de arte privada em Viena, Johannes Itten iniciou suas atividades em Weimar em junho de 1919. Itten exerceu muita influência dentro do conselho dos mestres, desenvolvendo o “Vorkus”, curso preliminar da Bauhaus. Por meio de estudos práticos, fazia-se que alunos desenvolvessem a exploração e combinação de cores, formas e materiais. Só depois de passar pelas fases do Vorkus, o aprendiz estava habilitado para se especializar nas oficinas específicas.

Também convidado por Gropius, o escultor Gerhard Marcks considerava-se um dos artistas mais conservadores da Bauhaus. Gropius o conheceu antes mesmo da primeira Guerra e como seu princípio era em atrair personalidades fortes e ativas para escola, fez o convite para Marcks compor o quadro de mestres. Na qualidade de escultor, trabalhava com questões artesanais, mas principalmente, foi o responsável por montar a oficina de olaria/ cerâmica. Unindo suas experiências anteriores em empresas de cerâmica, Marcks traduzia suas aulas em trabalhos experimentais de formas, produzindo novas possibilidades de vasilhames, assim como também lecionava história da cerâmica.

Na outra frente artística estava o pintor, músico e ilustrador, Lyonel Feininger, um artista multidisciplinar. Foi Feininger que ilustrou em xilogravura a capa do manifesto da Bauhaus em 1919, escrito por Gropius.

Iniciou seus trabalhos na Bauhaus gerindo a oficina de tipografia, no cargo de Mestre Artístico e foi um dos professores mais conservadores quando a escola começou a se transformar em um estilo mais industrial, pós 1922. Em uma carta para sua esposa Julia, Feininger disse sobre o fato:

“De uma coisa tenho certeza — se não conseguirmos produzir resultados para mostrar ao mundo exterior e levar a melhor sobre os industriais, o futuro da Bauhaus estará bastante comprometido. Temos de nos orientar para os ganhos — as vendas e a produção em massa! Mas isso é contra nós todos, constituindo um sério obstáculo ao desenvolvimento do processo”.

Os professores expressionistas.

Aconselhado por Itten, Gropius chamou o pintor expressionista Georg Muche para fazer parte do corpo de mestres da Bauhaus. Muche havia alcançado o sucesso como pintor jovem e transfere-se de Berlin para Weimar em abril de 1920, sendo professor em várias oficinas do Vorkus neste mesmo ano.

Em outubro de 1920, Muche tomou para seu o atelier de Tecelagem, aconselhando suas estudantes (a maioria mulheres) na decisão sobre os modelos, mas dando liberdade para as criações. Muche trabalhou com zelo como mestre deste atelier, gerando em 1923, propostas econômicas para o mesmo. Trabalhavam com prazos e entregas levando este a um patamar de importância na escola e despontando alunas de renome internacional, que logo se tornariam também professoras da Bauhaus.

Outro professor nomeado na escola foi Oskar Schlemmer, contratado como Mestre da Forma no atelier de pintura mural. Em sua atuação, Schlemmer executou junto de seus alunos, murais em toda escola, combinando pintura e escultura em relevos de argamassa coloridos.

Em 1922, Schlemmer passou as responsabilidades deste atelier para o pintor e também professor, Wassily Kandinsky, para assim, assumir a chefia do atelier de teatro. Em paralelo, de 1922 a 1923, dirigiu a oficina de escultura em pedra e a oficina de escultura em madeira (e a oficina de metal temporariamente) como um mestre da forma.

Os Mestres vanguardistas.

Kandinsky iniciou seus trabalhos na escola em 1922, ficando encarregado do curso sobre cores. Antes de entrar na Bauhaus, já era reconhecido pelas suas obras como pintor vanguardista.

Em suas aulas sobre cores e formas, Kandinsky sempre iniciava com as cores elementares (vermelho-amarelo-azul) e as formas básicas (círculo-triângulo-quadrado). Kandinsky, com toda sua bagagem abstrata como artista, queria representar os objetos de forma a que estes não passassem de memórias que provocavam associações, atribuindo efeitos específicos a cada forma e cor. Nos seus desenhos analíticos, os estudantes repetiam o caminho próprio de Kandinsky, do objeto para composição.

Outro pintor vanguardista a entrar na escola foi Paul Klee, já muito reconhecido internacionalmente. Nos anos de 1920, era considerado um dos artistas mais importantes do expressionismo e ainda neste ano, o Conselho dos Mestres anunciava seu nome.

Klee refletia sempre em sua arte, o espírito do tempo e via no ensino, uma possibilidade de desenvolver simultaneamente uma didática adequada para a experiência do desenho e das linguagens. Nas suas primeiras aulas, Klee analisava principalmente seus próprios quadros, trabalhando com seus aprendizes, a teoria das formas e cores. Klee descreveu da seguinte forma suas aulas:

“A cada dia que passa, vejo com maior clareza o meu papel, nomeadamente o de comunicar a experiência que tenho adquirido com a configuração dos ideais (desenhar e pintar) relativa à organização da multiplicidade em unidade. Esta experiência, transmito-vo-la em parte em síntese (isto é, deixo-vos ver as minhas obras) e em parte em análises (isto é, divido as obras na suas partes essenciais).”

Da arte para racionalidade aplicada.

Com o passar dos anos, a Bauhaus se tornava mais focada na produção e com isso, mestres iam dando o tom funcionalista. Após a saída de Itten da Bauhaus, Gropius escolheu para sucedê-lo, um artista que o apoiava incondicionalmente na sua nova tendência construtivistas, o húngaro László Moholy-Nagy.

Moholy foi contratado como novo diretor do Vorkus e do atelier de metal, mas seu entusiasmo acabou influenciando toda escola. Aos poucos, fomentava a confrontação deliberada com o mundo da tecnologia. Moholy queria que os artesãos fossem mais ativos e que as pessoas que deixassem os ateliers possuíssem uma preparação técnica por meio do emprego deliberado das máquinas.

Com um conhecimento produtivo em forjamento de materiais, Christian Dell trabalhou como mestre em metal na Bauhaus em Weimar entre 1922 e 1925. Sua jornada na escola foi curta, mas colaborou com László Moholy-Nagy produzindo inúmeras luminárias de escritório.

A Bauhaus teve outros mestres que fortaleceram áreas como arquitetura, móveis e produtos, mas a real força da escola estava nas Mestras.

As Mulheres tecendo os rumos da Bauhaus

As primeiras professoras.

Mesmo com a possibilidade de abertura para mulheres estudarem na Bauhaus, quando Gropius viu o número gigante de inscritas, bloqueou a possibilidade dessas ingressarem em todas as oficinas. Os tempos ainda eram restritos, mesmo que o discurso fosse de liberdade. Independente disso, as mulheres que estudaram e ensinaram na escola, geraram uma revolução artística e industrial que nem mesmo Gropius imaginara.

Gertrud Grunow foi a primeira professora mulher da Bauhaus, também responsável por formular teorias entre som, cor e movimento, se especializando em pedagogia vocal. Durante os anos como professora em Weimar, era a única mulher a lecionar, que só receberiam novas professoras, muitos anos depois, com ex-alunas da instituição.

Iniciou seus trabalhos na escola no final de 1919, mas ao contrário de seus colegas do sexo masculino, não recebia como contratada, mas sim, como uma prestadora de serviços freelancer. Grunow só teve seu contrato efetivado em 1923.

Lecionava o curso de Teoria da Harmonização, onde trabalhava suas relações musicais com as de fundamentos da cor e forma. Todos participavam de seus cursos, incluindo os próprios colegas mestres. Grunow acreditava que o senso pessoal da cor, som e forma, gerava a capacidade das pessoas se expressarem. Por isso, trabalhava todos os cinco sentidos dos alunos, treinando para que tivessem consciência e ao mesmo tempo, entrassem em um transe auto-induzido, fortalecendo a criatividade pela música.

Já, Gunta Stölzl foi a primeira aluna da Bauhaus a se tornar mestra de atelier e comandar a oficina de tecelagem. Já formada, com a saída de Muche do departamento, Stölzl assumiu o atelier em 1925, mas só foi realmente nomeada como Jovem Mestre em 1927. Já em Dessau, Stölzl introduziu os mais variados sistemas de teares, utilizados tanto para efeitos de aprendizagem, quanto de produção. A então professora, também elaborou um curso de formação de três anos envolvendo tanto a aprendizagem quanto a geração de diversos modelos. Stölzl foi a tecelã mais influente da Bauhaus, apoiando e influenciando a transição de peças individuais para o processo industrial moderno do design.

Quando Gunta Stölzl deixou a Bauhaus em 1931, a também ex-aluna Anni Albers assumiu seu papel como chefe da oficina de tecelagem, fazendo dela uma das poucas mulheres a ocupar um papel tão importante na escola. Albers apreciava os desafios da construção tátil e produziu assim, uma gama de desenhos geométricos nas tapeçarias, fazendo das peças têxteis sua forma principal de expressão.

As três grandes Mestras da arquitetura, do produto e da moda.

Em 1930, Lilly Reich entrou junto com seu parceiro de projetos, Mies van der Rohe para a Bauhaus, coordenando o departamento de design de interiores de 1932 ao término da escola em 1933. Reich assinou junto com Mies, inúmeros projetos, mas mesmo estando a frente de várias criações, era sempre reconhecida como co-autora. Sua jornada na escola foi curta, mas intensa, fortalecendo os conhecimentos dos aprendizes em objetos e elementos decorativos.

Outras duas grandes mestras e ex-alunas da escola que merecem total destaque foram Mariane Brandt e Otti Berger.

A então estudante de artes plásticas, Marianne Brandt ingressou na Bauhaus em 1923 iniciando seus estudos de teorias em design na oficina de metal com Moholy-Nagy. A competência da estudante fez com que se tornasse, em pouco tempo, assistente da oficina. Em 1928, já formada e com inúmeros produtos criados, se tornou responsável pela oficina de metais da Bauhaus, coordenando-a durante um ano. Brandt possuía uma visão de negócios que colocou a Bauhaus frente a alguns dos mais importantes contratos de indústrias colaboradoras e patrocinadoras. Contratos estes que geraram utensílios domésticos como chaleiras e outros objetos, ajudando assim a financiar a escola. Sua competência produtiva a colocou como uma das principais designers de produto de sua época.

Já no outono de 1931, a ex-aluna Otti Berger assumiu o cargo como coordenadora do departamento de tecelagem. Embora Berger tenha liderado de forma independente, e estivesse realizando todos os segmentos pedagógicos, produtivos e práticos do programa educacional, ela nunca recebeu a nomeação oficial. O novo diretor, Mies van der Rohe, confiou a gestão da oficina têxtil à designer Lilly Reich, enquanto Berger apenas recebia a titulação de vice do setor. Com base na sua experiência como ex-aluna da Bauhaus, como designer têxtil experiente, com profundo conhecimento das necessidades da indústria, tendo como objetivos novas soluções, Berger desenvolveu, no decurso do seu trabalho com os alunos, o seu próprio currículo.

Mesmo com toda pressão, as mulheres na Bauhaus firmaram seu espaço e suas conquistas, tornando-se referência na escola e fora dela.

De Aprendizes para Mestres

Como vimos anteriormente, muitas das mestras da Bauhaus foram alunas da escola. Isso se deu pelo grande potencial dos alunos que lá se formavam. Destes também se destacaram inúmeros outros, como Josef Albers.

Estudante da Bauhaus de 1920 a 1923, o artista plástico Josef Albers, especialista em vitrais, se tornou professor da escola logo após sua formação, ficando até seu fechamento em 1933. As suas aulas sobre os estudos dos materiais aos estudantes do primeiro ano constituíam a parte mais importante do curso preliminar, do qual se tornou chefe oficial em 1928, com a saída de Moholy da coordenação. A partir de 1930, ensinou desenho representativo a estudantes de semestres avançados. Durante este período, produziu montagens de vidros e metal de quadros, esboços para tipografia, móveis e utensílios. Foi uma das personalidades mais produtivas da Bauhaus, analisando problemas de design e materiais e a sua aparência e representação.

Josef e Anni Albers se casaram ainda quando eram professores da Bauhaus e formaram o grupo de inúmeros casais que se constituíram na escola.

Os ex-alunos que influenciaram novos olhares.

Herbert Bayer foi aprendiz na Bauhaus de 1921 a 1923. Em 1925, Gropius convidou-o a dirigir o atelier de Tipografia, que aos poucos deixava de ser Tipografia Artística para se tornar Tipografia e Publicidade. Bayer tinha um olhar estético-funcional, o que o fazia desenvolver projetos tipográficos a partir de uma “pureza geométrica” seguindo as exigências da funcionalidade.

Quando apresentou sua fonte Sturm Blond, Bayer disse:

“a tipização dos elementos da letra, tendo por base o quadrado, a circunferência e o triângulo reduz o consumo de material tipográfico.”

Bayer acreditava que tal como máquinas, arquitetura e cinema modernos, o alfabeto deve também ser uma expressão dos nossos tempos.

Em 1925, ainda com Gropius na direção, uma de suas últimas nomeações foi o também ex-aluno formado Hinnerk Scheper como mestre júnior. De 1925 a 1933, seguiu como diretor do departamento de pintura de paredes da Bauhaus em Dessau e posteriormente em Berlim; a partir de 1931, ele era o chefe de classes de cor. Ao mesmo tempo que estava na Bauhaus, trabalhou na restauração e criou desenhos coloridos para lugares como o Museu Folkwang em Essen e, mais o mais importante, para o Edifício Bauhaus em Dessau.

De estudantes, para Mestres em suas áreas.

O então estudante, Marcel Breuer, fez parte de uma rica geração que viria se tornar mestre da Bauhaus. Formou-se quando a sede ainda estava em Weimar em 1924 e passou a lecionar na escola até 1928 (quando esta já estava instalada em Dessau).

Enquanto professor da Bauhaus, realizou uma série de experimentações no design mobiliário e na criação de produtos. Foi neste período que desenvolveu os protótipos de uma das mais icônicas de suas obras, a cadeira Wassily (cujo nome é uma homenagem ao colega Wassily Kandinsky, também professor da Bauhaus). A Wassily ainda é hoje, uma das cadeiras mais famosas do mundo.

Joost Schmidt, também fez parte de uma das primeiras turmas de alunos da Bauhaus de Weimar, posteriormente se tornando Mestre em 1925, responsável pela área de Tipografia. Com a saída de Herbert Bayer em 1928, introduziu um curso sistemático de design de letreiros e gráficos para publicidade que depois se expandiu para o Design de Exposições. Ainda como estudante, desenhou um dos mais conhecidos cartazes para a grande exposição da Bauhaus de 1923, tornando-se ícone da escola quando tratado no caráter gráfico. Foi professor do curso de grafismo para estudantes do primeiro semestre a partir de 1925, desenho ao vivo entre 1929–1930 e desenho avançado para estudantes do último ano da escola a partir de 1930.

Infelizmente outros proeminentes estudantes não puderam terminar seus cursos e seguir o caminho destes que se tornaram mestres. Com o fechamento da Bauhaus em Dessau e em Berlim, vários professores se mudaram para outros países, como foi o caso de Gropius, que fundou uma Nova Bauhaus nos EUA. Mas além disso, a capilarização dos ensinamentos estava em cada um dos inúmeros alunos que passaram por essa instituição e hoje, podemos ver claramente um reflexo dentro da nossa profissão.

O legado de inspiração

Selo criado para o projeto pessoal de homenagem aos 100 anos da Bauhaus.

Se olharmos hoje, 100 anos depois do manifesto que deu origem a Bauhaus, podemos perceber que estamos vivendo o sonho do Design e da Arquitetura projetado por estes mestres. Os ideais de Gropius, a organização de Itten e a didática de Albers, se aplicam muito no que conhecemos dentro do ensino do design moderno. Não estudamos apenas a Bauhaus como um prédio, mas sim, como uma filosofia, um movimento, um berço que trouxe à luz a produção, o método, as técnicas e a criatividade.

Se você é estudante ou profissional de Arquitetura ou de Design, seja gráfico ou produto, a Bauhaus sempre será inspiração de um momento da história onde se persistiu e se formou com zelo, o que se acreditava ser uma cultura ideal de profissão.

Que possamos nesses 100 anos de fundação da Bauhaus, nos motivar pela sua força, nos engajar pela sua criatividade e com isso, fomentar ainda mais nossas profissões projetivas.

Todas as ilustrações são de autoria própria e fizeram parte de um projeto pessoal chamado Bauhaus 100, publicadas semanalmente em minha conta no Instagram.

Principais referências deste texto:

DROST, Magdalena. Bauhaus Archiv. Bauhaus 1913–1933. Taschen (1992).
LUPTON e MILLER. ABC da Bauhaus: a Bauhaus e a teoria do design. Cosac Naify (2008).

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Diego Piovesan Medeiros
Revista Letraset

Pesquisador, professor e entusiasta na área do Design e Comunicação. Interessado por branding, criatividade, boardgame, cultura geek e LEGO. www.metoludi.com.br