editorial: Maquiavel — março-abril/2017

As idas e vindas da Lava Jato, o net-ativismo, a controvérsia da apropriação cultural, crise penitenciária… Viver é resistir!

N. Oliveira
revista Maquiavel
2 min readApr 11, 2017

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15/03/2017 — Manifestação contra a Reforma da Previdência, em São Paulo. Foto: Kevin David/ A7 Press/ Estadão Conteúdo

Maquiavel está de volta, depois de longas e merecidas férias de verão (algo que pode se tornar obsoleto muito em breve, por sinal).

Nesta primeira edição de 2017, ano que ao completar 100 dias já acumula notícias ruins para uma década inteira, abordamos uma de nossas crises mais urgentes e negligenciadas, a do sistema penitenciário, vista pelo lado de dentro, numa entrevista do ex-detento nigeriano Cornelius Okwudili Ezeokeke, conduzida por Carla Moura.

Duanne Ribeiro se meteu na polêmica da apropriação cultural, respondendo a Guilherme Assis, que por sua vez respondia à Eliane Brum. Outras crises também se fazem presentes neste texto: a de representatividade e a de diálogo. Em outra reflexão, nosso editor aborda a necessidade da esquerda de desenvolver narrativas contra o discurso de João Dória Jr., nome que vem ganhando força no outro lado do espectro político.

A jornalista Kalyne Vieira analisa o net-ativismo, os novos mecanismos de ação política proporcionados pelas redes sociais. Num momento em que os canais tradicionais de mobilização política, tais como partidos e sindicatos, perdem credibilidade, a ambiência volátil das redes abre caminhos para o ativismo, obtendo inclusive resultados importantes.

Duas importantes colaborações internacionais completam esta edição, devidamente traduzidas para nossa Maquiavel. Fugindo das rasas análises das publicações brasileiras, Alex Hochuli analisa os paralelos entre a Operação Mãos Limpas, da Itália, e a Lava Jato, bem como os possíveis desdobramentos da operação brasileira, com tradução de Monica Marques e (pequena) colaboração de Nikolas Spagnol. E Raquel Camargo traz para o português o artigo “Quando a vida se torna resistência…”, da filósofa belga Isabelle Stengers, uma reflexão intrigante sobre poder, Estado, a força dos novos ativismos e a importância de resistir.

Esperamos levar aos leitores reflexões interessantes e necessárias para os dias que se aproximam. O ano não começou bem e o horizonte pode não parecer promissor, mas resistir é possível, e talvez em nenhum outro momento da História tivemos tantos meios de mobilizar pessoas e lutar. E do fundo do poço, o único caminho possível é para cima.

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