Carta aos Navegantes

Fernanda Porcel
Revista Mar Aberto
Published in
2 min readOct 8, 2020

Navegante,

Escrevo essas linhas e espero que as encontre neste vasto mar aberto da vida. Já passei muito tempo aí, onde está agora, navegando sem muito rumo, buscando porto seguro que nunca chega, e achando que o mar é vasto demais para se chegar a lugar algum nesta existência.

Pois lhe digo que há sim rumos que pode tomar, luzes no céu e no horizonte que pode confiar e seguir. A existência atual é sim sua melhor chance de buscar e encontrar esse lugar de pertencimento e alegria plena. O que acontece é que nem sempre enxergamos os sinais ou estamos dispostos a enfrentar as tempestades e tormentas que nos levam onde a luz nos guia.

Desistimos.

Adiamos.

Postergamos.

Fazemos tudo isso com tanta facilidade e naturalidade que nem percebemos que ficamos onde estamos, boiando, deixando a maré da vida mansa nos carregar para longe da luz, mas em pretensa segurança.

Então faço um convite à reflexão. Será que deixar o mar lhe levar é mesmo seguro? Será que aquela luz, por menor que seja, não vale a pena ser investigada? Como saber?

Digo a você que a melhor resposta está naquilo que sente. Pare uns minutos, algumas horas, alguns dias e investigue o que está sentindo sobre todos os aspectos dessa viagem. Como tem passados seus dias? Como está o seu corpo? Com quem tem dividido seus momentos de sossego? A quê ou a quem tem emprestado a maior parte do seu tempo? É neste ponto que quero permanecer? A vida é mesmo só o que eu enxergo hoje, daqui deste navio?

Se quiser só fechar os olhos e sentir a brisa do mar, tudo bem. Mas se leu até aqui talvez queira pegar o leme e jogar tudo a estibordo, rumo àquela luz no horizonte, tentando descobrir se não é lá que vai encontrar as respostas para todas as perguntas inquietantes que moram em você.

Se quer um empurrão, vem! Confia! Peguei meu leme e não me arrependi. Segui a luz que pude enxergar, e agora vejo outra e mais outra, e infinitas possibilidades de iluminação. As tempestades parecem cada vez menores; as tormentas são cada vez menos preocupantes. Tudo o que eu quero é viver o hoje com intensidade e estar em um lugar ainda melhor amanhã.

Eu só peguei o leme.

Não volto a boiar nunca mais.

Aproveite a viagem!

Ass.: Exploradora

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