Apresentando: Revista Mar Aberto

Autoconhecimento, Autocompaixão, Comunicação Não-Violenta e Inteligência Emocional

Vanessa Tenório
Revista Mar Aberto
7 min readSep 23, 2020

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Imagem de RaulGajardo por Pixabay

“Não sei como pareço aos olhos do mundo, mas eu mesmo vejo-me como um pobre garoto que brincava na praia e se divertia em encontrar uma pedrinha mais lisa uma vez por outra, ou uma concha mais bonita do que de costume, enquanto o grande oceano da verdade se estendia totalmente inexplorado diante de mim.”

Sir Isaac Newton

Falamos tanto sobre ser quem somos… mas o que isso significa?

Se nos imaginarmos como um mar aberto, o que está visível e o que está invisível para nós mesmos e para as pessoas com quem nos relacionamos?

O que existe nas profundezas do nosso ser que é desconhecido e inexplorado?

A Revista Mar Aberto surgiu a partir de um processo orgânico de troca, apoio e confiança de um grupo de aproximadamente quinze pessoas, que mantém vivas a conexão, a entrega e a energia que nasceram na comunidade do Desafio de 21 Dias de Autoconhecimento, criada por André Camargo em junho de 2020.

Comunidade?

Estamos na fase de construção e fortalecimento de um espaço seguro, sagrado e de conexão, de um círculo de confiança, de uma comunidade de prática dos conteúdos que abordamos nas nossas rodas de fogueira semanais na beira da praia do Zoom, e no grupo fechado do Telegram, que se fortalece a cada encontro, desafio e desabafo.

Não temos margens muito bem definidas e isso nos permite expressar livremente quem somos, a nossa essência e o que quer emergir das profundezas do desconhecido e inexplorado.

Abordamos principalmente no nosso campo:

  • autoconhecimento;
  • autocompaixão;
  • comunicação não violenta (CNV);
  • inteligência emocional;
  • assertividade; etc.

Tudo conectado!

O que consideramos importante para fortalecermos nossa comunidade e revista

  • senso de propósito compartilhado;
  • necessidade de pertencimento e acolhimento;
  • nomeação e validação de sentimentos;
  • expressão das próprias luzes e sombras;
  • comunicação das necessidades pessoais;
  • abertura para aprendizado e evolução individual e coletiva;
  • receber apoio e apoiar (sem jeito certo de contribuir);
  • sentir-se livre de obrigação (a não ser do cuidado amoroso com o que é confiado entre nós);
  • permitir a si mesm@ e aos demais nos sentirmos incomodados e dar voz a esse incômodo, sendo um canal de expressão do campo;
  • sustentar o desconforto e o incômodo a partir de um lugar de humildade (que reconhece que a convivência humana é difícil mesmo);
  • reconhecer que a viagem é mais importante que o destino.

Por que estamos aqui?

Ao tentarmos criar e nutrir relações entre adultos livres e responsáveis, nos tornamos multiplicadores de autoconhecimento, inteligência emocional e não-violência. Na prática, com cansaço, incômodo e irritação, não na teoria limpinha.

Estamos aqui porque:

  • temos a consciência da força de uma comunidade de prática;
  • compartilhamos o sonho ousado de transformar o mundo a partir dos nossos próprios talentos e paixões, começando por nós mesm@s — pelo processo de autoconhecimento e lucidez existencial;
  • queremos combater o desperdício de potencial, de sonhos, talentos e paixões, sendo um laboratório e uma incubadora do mundo em que gostaríamos de viver.

Por que “Mar Aberto”?

O Mar é água, é a maior parte deste planeta.

É a origem, onde tudo começou.

Cada riacho, cada nuvem, cada gota de chuva, tudo volta para ele.

De uma forma ou de outra, todos os seres vivos precisam do mar.

Pintura poética de Duy Huynh

“Ouça a gota d’água… Entregue-se sem arrependimentos e em troca, receberás o oceano. Entregue-se de bom grado e, no grande oceano, estarás em segurança”

Rumi

Para expressar melhor o significado deste nome que surgiu de um processo coletivo criativo, compartilhamos em nossa comunidade duas provocações:

1. Quando você pensa em “mar aberto”, qual a primeira coisa que vem à sua cabeça? Quais sensações essa “coisa” te traz?

2. Como você vê a relação do “mar aberto” com o processo de autoconhecimento?

Aqui o que brotou:

Quando você pensa em “mar aberto”, qual a primeira coisa que vem à sua cabeça? Quais sensações essa “coisa” te traz?

  • Liberdade… liberdade de Ser simplesmente o que se é
  • Universo das infinitas possibilidades
  • Natureza humana conectada aos ritmos cíclicos
  • Constante oscilação entre quietude e movimento
  • Sensação boa de inspiração, desafio e movimento
  • Sensação de frescor, de novidade, de experimentação, de mergulho no desconhecido
  • Sinto-me pequena, perdida, mas ao mesmo tempo com uma vontade inexplicável de explorar, fazer parte da grandeza
  • Imensidão
  • A gota que dissolve no mar
  • Profundidade
  • Infinitude
  • Expansão
  • Natureza
  • Horizonte
  • Magnificência
  • Beleza
  • Vida
  • Tranquilidade
  • Cura
  • Surpresas
  • Potencial
  • Aventura
  • Coragem
  • Revolto
  • Medo
  • Insegurança
  • Enxergar ao longe
  • Correr
  • Nadar, nadar e nadar
  • Ser sempre acolhida
  • O que seria do pescador, não fosse o mar? Esse, que lhe acolhe, lhe dá o sustento, lhe desafia? O que seria do pescador se o mar fosse sempre o mesmo, tudo igual, sem desafios? Certamente não seria necessária a coragem para enfrentar o desconhecido. Não seria necessário reconhecer os próprios medos, vivenciar os altos e baixos, tempestades e calmaria, não seria tão gratificante voltar para casa. O mar, esse que pode parecer tão gentil e bonito, também se faz turbulento e bravio. Mas essa é a vida do pescador. O mar é sua segunda casa e sua vida pulsa no mar. Sem ele, nada faria sentido.

Como você vê a relação do “mar aberto” com o processo de autoconhecimento?

“É preciso estar aberto para se adaptar a um momento intenso de transformações como esse que estamos vivendo. Com abertura, desbravamos o desconhecido de mãos dadas com o medo. Com abertura, encaramos conflitos como oportunidade de crescimento. Abrir-se é apresentar-se vulnerável, e cocriar com a abertura dos outros!”

Ariadne, Araraquara

“Mar aberto pra mim é essa infinita dualidade entre medo e paz, calmaria e desafio, vida e apreensão, onde estamos sempre aprendendo, buscando a melhor versão de nós mesmos e equilíbrio na navegação.”

Jaqueline, Caxias do Sul

“Mar me remete à vida com todas as suas infinitas possibilidades. É gigante e às vezes ameaçador, mas também acolhe. Leva embora o velho e traz o novo, bagunça, mexe e remexe, mas quem estiver atento vai aproveitar para nadar, surfar ou até mesmo boiar. Não é isso o que fazemos no nosso processo de autoconhecimento?”

Mariana, Rio de Janeiro

“Tive a impressão de que as palavras que me vieram na questão anterior (revolto, medo, desconhecido, insegurança, beleza, vida, infinitude, profundidade, mergulho), depois que reli, todas tinham muita relação com o processo de autoconhecimento. Muitos de nós temos sentimentos ou reações emocionais a fatos da vida que são revoltas e incontroláveis, porque desconhecemos muitas camadas de nós mesmos e, no geral, nunca fomos apresentados à importância de conhecê-las. Foram bastante relegadas a segundo plano. Por ser essa coisa desconhecida e incontrolável, temos medo de entrar nesse mar aberto. No máximo, molhamos os pezinhos na costa. Nos sentimos inseguros, não sabemos o que tem na infinitude lá embaixo. Será que vamos gostar do que vamos ver? Será que vamos saber lidar? E se não conseguirmos voltar à tona depois de mergulhar? Mas, nessa profundidade desconhecida, também há beleza e vida inexploradas, que poderemos aprender a canalizar e aplicar com potencial à nossa vida consciente se nos decidirmos por fazer a viagem, desde que com todo o cuidado que uma expedição dessa monta exige.”

-Nathália, Recife

“A atração para o desconhecido, a liberdade de se atirar na aventura da vida, dissolver-se na infinitude. Encantar-se com as descobertas, com as próprias superações e capacidades. Pensei no filme “As aventuras de Pi” e nas histórias que nos contamos e em que escolhemos acreditar.”

Rose, São Paulo

“Viver é navegar em mar aberto: ou somos levados ao sabor do vento ou pegamos o leme e decidimos que direção tomar. Em ambos os casos passaremos pela vida, mas só no segundo teremos a satisfação de dizer que fomos aonde bem quisemos e conhecemos bem cada etapa do caminho. Assim nada terá sido em vão.”

Fernanda, Sorocaba

“Ligado ao continente e ao oceano, o mar aberto simboliza para mim a dinâmica da vida no seu ir e vir… no levar e no trazer. Expressa poeticamente os ciclos, as transformações… a impermanência e a continuidade da vida. Me desafia, ao espelhar todo o seu mistério, à exploração das profundezas inexploradas das minhas emoções e sentimentos. E me faz voltar a sentir o que em mim pulsa e, num respiro único, abraçar a vida em plenitude.”

Sol, Toronto

“A água simboliza o inconsciente e os sentimentos. Penso no vento no rosto, mas também nas correntes invisíveis que tudo carregam. E na profundidade escura, imóvel, inalcançável que sustenta todo o resto.”

André, Sorocaba

“Como um mentor, o mar me ajuda a explorar e entender a melhor e pior versão de mim. Me encoraja a expressar minhas vulnerabilidades, a manifestar as minhas sombras sem medo do julgamento, a celebrar minha humanidade! No mar, eu sempre tomei as decisões mais importantes da minha vida. Ele me acalma, conforta, energiza, cura e equilibra. É meu divã!”

-Vanessa, Rio de Janeiro

Descobrimos que o autoconhecimento é um mar aberto sem limites.

E você? O que o mar aberto representa para você?

O que você já conhece a respeito dos temas:

+ autoconhecimento;

+ autocompaixão;

+ comunicação não violenta (CNV); e

+ inteligência emocional?

Que dúvidas ou curiosidades você tem? Conta pra gente!

Pretendemos amadurecer este espaço de vulnerabilidade, cuidado e acolhimento, onde escritores e leitores possam mergulhar internamente, sentir, manifestar e celebrar o fato de serem livres para expressarem o que são essencialmente.

Sonhamos que todas as pessoas possam comemorar o fato de serem!

Queremos ver nossas águas de pura expressão se encontrando nesse Mar Aberto…

Que elas continuem em movimento em direção ao Oceano!

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Vanessa Tenório
Revista Mar Aberto

Rótulos desumanizam. Sou uma aprendiz intencional que tem o sonho ousado de regenerar o mundo através das Relações e da Educação. www.voenessa.blog.br