Uma comunidade para transformar a cultura das nossas relações

Ariadne Aranha
Revista Mar Aberto
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3 min readNov 12, 2020

Nasce uma comunidade de prática. Que alegria fazer parte dela!

Nessa comunidade a gente se fortalece pessoalmente através de encontros em grupo, que se tornaram verdadeiros círculos de confiança.

Chamamos nossos encontros de fogueiras! São encontros virtuais, e chamá-los de fogueira dá um calorzinho no coração da gente.

Trabalhamos como uma incubadora do mundo que a gente quer ver surgir, no campo das relações humanas. Ensaiamos dentro da comunidade os valores relacionais que queremos criar no mundo ao nosso redor.

Temos uma intenção clara de pano de fundo: trabalhar o autoconhecimento. Aquele, que é bem pessoal mas que só se trabalha nas relações.

Sozinhos a gente não conhece os infinitos aspectos de nós mesmos. É na relação que a gente tem a oportunidade de se rever e se transformar.

Nossa comunidade tem 4 meses de vida. Tão pouco tempo pra tanta cumplicidade que já se criou!

A dinâmica dos encontros é livre, mas espontaneamente cada encontro passou a ser uma oportunidade para alguém do grupo doar um caso pessoal — compartilhar uma experiência que gostaria de ampliar seu olhar sobre.

A partir da doação, a mágica acontece. Receber a energia de escuta, acolhimento e inspirações do grupo todo é uma experiência incrível. Com a escuta e devolutiva do grupo, acessamos mais clareza sobre o que se passa em nosso mundo interior.

Na nossa cultura relacional, são raros os espaços onde a gente pode se sentir vulnerável e receber apoio e acolhimento. Onde a gente pode falar de sentimentos e dialogar sem críticas. Onde a gente pode abrir processos íntimos e receber impressões livres de julgamentos. Por isso é tão transformador ser parte dessa comunidade que fortalece cada dia mais seus laços de confiança.

Eis um atributo raro em nossa cultura de invejas, traições e mimimis: a confiança. É incrível a sensação de poder confiar. De experimentar um estado de vulnerabilidade perante o outro, num campo em que você sabe que o meio externo não será duro com a parte mais delicada de você.

O grupo como um todo, ao escutar a partilha de experiência de cada um, exercita fugir das respostas automáticas e praticar a escuta atenta; exercita ouvir o coração e escutar o que ressoa internamente em forma de imagens, sentimentos ou metáforas enquanto o outro fala; exercita o espelhamento, a devolução pro interlocutor das impressões mais profundas sobre o que ouviu.

Nasce uma comunidade de prática, e com ela um novo tipo de convivência humana. Uma nova forma de estabelecer vínculos. Um artificio para transformar a cultura das nossas relações.

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Ariadne Aranha
Revista Mar Aberto

por mais culturas mais criativas, colaborativas e sustentáveis