“Genial!”
“De tirar o fôlego!”
RM
Ficha técnica de O Jogo:
Classificação Indicativa: 10 anos
Duração: 19 min.
Direção — Clementino Junior
Produção Executiva — Clementino Junior
Roteiro — Pedro Gomes
Edição — Pedro Gomes
Direção de Fotografia — Pedro Gomes
Direção de Produção — Rossandra Leone
Produção Executiva — Rossandra Leone
Direção de Fotografia — Flavio Cabral
Câmera — Flavio Cabral
Produtor Associado — Urso Santos
Assistente de Direção — André Sandino
Elenco — Dani Ornellas, Rodrigo França, Carlos Eduardo Jay, Rollo, Marcelo Pontual.
Participações Especiais — Clementino Kelé, Thiago Justino, Henrique Taxman
Trailer: https://www.facebook.com/OJogoofilme/videos/1966341400355590/
Sinopse:
Uma família, como tantas que enfrentam o genocídio nas favelas, revelando outra face deste jogo. Uma produção Cineclube Atlântico Negro, com produtor associado Urso Santos.
O Jogo (2017) é uma adaptação do curta metragem “Le Jeu” (1991), do cineasta mauritano Abderrahmane Sissako, um dos principais cineastas africano e premiadíssimo em diversos festivais internacionais, inclusive indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2015, e ganhador do César de melhor diretor de 2014 por “Timbuktu” (2014).
Clementino Junior ambienta os conflitos étnicos religiosos de Mali para as favelas cariocas, com planos bem elaborados, personagens complexos e densos que rapidamente se conectam com o espectador, além de interpretações grandiosas, inclusive do ator mirim Carlos Eduardo Jay que surpreende, e impagáveis como a participação mais que especial do mestre Clementino Kelé, pai do cineasta,. que marca pelo olhar que complementa o filme que teve sua pré-estréia no Festival Visões Periféricas, em novembro de 2017, na CAIXA Cultural Rio de Janeiro.
É um projeto grandioso e audacioso, roteiro coeso, complexo e exequível. Uma ressalva especial ao desenho de som do filme, toda a construção da paisagem sonora bem pensada, porém não tão bem executada em momentos pontuais, porém nada que desqualifique ou faça perder búzios.
O Jogo trás para a tela temas caros a população afrodescendente e chama atenção para a nossa juventude, especificamente para o epistemicídio do negro na sociedade como um todo, quando com subjetivamente e de forma inteligente lança o questionamento sobre a expectativa de vida da população negra em geral, que está automaticamente ligado ao genocídio da população negra. Importante o retrato da infância negra periférica, crianças negras como crianças, não como infratores, com brincadeiras infantis, a arma que elas portam é de brinquedo, mas o lugar de onde viemos sabemos quão agonizante e frequente é ver essa brincadeira ser “confundida” e forjada como criminosa, detalhes que para o espectador negro e moradores de periferia não passam despercebidos, mais um ingrediente que sabiamente dosado no roteiro tornam o filme fabuloso..
Os planos inovadores que alia a estética do game à linguagem cinematográfica acontece estrategicamente em um ponto de virada do roteiro e ajuda a construir a tensão suspensa que a narrativa pede.
Pedro Gomes apresenta uma montagem assertiva e sensível com um ritmo que leva o expectador por um caminho sinuoso e tenso com tempo e atenção necessária que vai valorizar a interpretação dos atores e as ações, construindo o suspense na medida certa.
O trabalho de Rossandra Leone na produção, sua primeira produção e já com grandes desafios: roteiro com crianças, com arma e dentro de uma comunidade que não lhe é familiar, muito corajosa, talentosa, não é para qualquer uma, tem mulher negra produtora sim gente! Além de ser um filme independente, sem apoio do Estado, realizado por campanha crowdfunding que com muito trabalho árduo conseguiu o valor arrecadado. Fiquem de olho que essa moça vai longe!
Mais uma obra do cineasta Clementino Junior em parceria com Pedro Gomes, que começou com Anamnese (2016), que arrecadou seleções em festivais do país entre elas o badalado VIII Cachoeira Doc. e no CineAmazonia, premiado no ENGECINE em Niterói. Vida longa a essa parceria que já é sucesso!!
RM
