25 dicas para a pluralidade

Equipe da Revista Plural e convidados indicam filmes, livros e séries sobre representatividade, inclusão e diversidade.

Andre Aguiar
Revista Plural
10 min readNov 28, 2017

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A arte e a ficção podem ser boas ferramentas para se descobrir novas realidades, explorar possibilidades e se sentir mais próximo de questões que não passam tão diretamente pela sua vida.

Nesta lista de indicações da Revista Plural, você encontra histórias que sensibilizam para os dramas e alegrias de negros, LGBTs, pessoas com deficiência e outros grupos que se encontram representados na mídia de um modo pequeno ou grosseiro. São filmes, livros e séries que apontam para a diversidade: para quem deseja perceber o diferente ou se sentir abraçado por seus semelhantes.

CINEMA

1) Histórias Cruzadas

(Tate Taylor, 2011)
Dica de Amanda Carneiro

Uma jovem jornalista pretende escrever um livro sob o ponto de vista das empregadas domésticas negras que trabalhavam nos subúrbios do Mississippi nos anos 60, tempos de tensão racial nos Estados Unidos da América. Para isso, resolve colher depoimentos dessas mulheres: este é um filme sobre a noção de mundo delas e o que pensam estas mulheres que deixam os próprios filhos para cuidar dos filhos dos patrões. (Assista o trailer)

2) Yes, We Fuck!

(Antonio Centeno e Raúl de la Morena, 2015)
Dica de Raíra Saloméa

Este é um documentário que aborda a sexualidade na vida de pessoas com algum tipo de deficiência funcional. Um filme forte, mas também sensível, que procura desmistificar a intimidade das pessoas com deficiência e os modos com que elas se relacionam com seus corpos e os corpos de outras pessoas.

3) Margarita Com Canudinho

(Shonali Bose e Nilesh Maniyar, 2014)
Dica de Tayná Gonçalves

A protagonista de Margarita com Canudinho tem paralisia cerebral e é bissexual. O filme procura relatar as questões da adolescente procurando por mais autonomia e auto-estima, mas também explorando e descobrindo sua sexualidade. Apesar dos temas, o tom geral é leve e a mensagem final é otimista, sobre amor próprio. (Assista o trailer)

4) O Mínimo para Viver

(Marti Noxon, 2017)
Dica de Monalisa Marques

Neste filme, uma jovem sofre de anorexia e resolve procurar ajuda. O método utilizado pelo médico, porém, será um pouco diferente do convencional. É uma história que mostra diferentes transtornos relacionados ao corpo e à mente, como cada jornada é diferente e como a recuperação é possível.

5) Animal Político

(Tião, 2016)
Dica de Jeferson Carvalho

Uma vaca sente um vazio tremendo e tenta se convencer de que é alguém feliz. Para isso, realiza uma jornada de autoconhecimento, em busca da sua essência e de algo que dê significado à sua vida. Metáforas e experimentações à parte, é um filme que critica ou ironiza o modo como vemos o conhecimento acadêmico e a entrada na universidade e como lidamos com os saberes diferentes dos nossos. (Assista o trailer)

6) A Vida Secreta das Abelhas

(Gina Prince Bythewood, 2008)
Dica de Amanda Carneiro

Depois de sofrer com o pai, uma pequena adolescente irá fugir para uma cidade pequena e buscar pela história de sua mãe, já falecida. Neste lugar, irá conhecer três irmãs produtoras de mel que a acolherão. Deste relacionamento, surgirão algumas verdades sobre apicultura e sobre uma sociedade racista.

7) Nise — O Coração da Loucura

(Roberto Berliner, 2015)
Dica de Amanda Carneiro

Este filme retrata a história real de Nise da Silveira, psiquiatra contrária aos tratamentos convencionais de esquizofrenia dos anos 1950. Ao voltar a trabalhar em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro, ela assume o setor de terapia ocupacional e passa a estimular os pacientes a utilizarem a arte para se expressarem e como tratamento. (Assista o trailer)

8) Homens, mulheres e filhos

(Jason Reitman, 2014)
Dica de Andre Aguiar

São vários plots diferentes que se conectam em alguns momentos: uma mãe que sempre quis ser famosa, não conseguiu e deposita sua vontade na filha; um pai separado que vê o filho de afastar cada vez mais dele; uma garota que cria uma conta fake na internet para burlar o controle obsessivo da mãe; um casal que tem uma ótima relação e um casamento sem discussões, mas que não se dá bem na cama… Ao fim, o desfecho levanta uma discussão sobre a capacidade que os pais tem de interferir na identidade dos filhos. (Assista o trailer)

9) Olmo e A Gaivota

(Petra Costa e Lea Glob, 2014)
Dica de Andre Aguiar

Uma atriz está se preparando para um papel numa adaptação de Anton Tchekhov quando descobre uma gravidez. Ela se mantém determinada a continuar no grupo de teatro, mas começa a perceber as limitações deste corpo em transformação. O filme questiona sobre o apoio que damos às mulheres gestantes e alerta para a solidão que elas sentem.

10) O Sol é para todos

(Robert Mulligan, 1962)
Dica de Amanda Carneiro

Um homem negro é acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930. Enquanto sofrem com os comentários de uma sociedade racista, o homem e seu advogado precisam organizar uma defesa em tribunal. Uma história um pouco antiga sobre tolerância e justiça, mas que ainda ecoa em nosso tempo.

LITERATURA

11) No Seu Pescoço

(Chimamanda Ngozi Adichie)
Dica de Monalisa Marques

No Seu Pescoço é um livro de contos de Chimamanda Ngozi Adichie, famosa pelo livro “Americanah” e pelos discursos “Sejamos Todos Feministas” e “O perigo de uma história única”. Novamente, a temática de suas histórias passa pelo racismo, pela desigualdade de gênero, pela imigração e por conflitos religiosos. Numa mistura de técnicas convencionais com experimentalismo, a autora consegue expressar o universal para atingir o comum de cada leitor. (Saiba mais)

12) Fome — Uma autobiografia do (meu) corpo

(Roxane Gay)
Dica de Stephanie Borges

A autora da coletânea de ensaios Má Feminista escreveu sobre sua relação com seu corpo. Gay sofreu um ataque sexual da adolescência e na tentativa de lidar com o trauma desenvolveu uma compulsão alimentar que a levou a obesidade. Fome é uma autobiografia que trata da experiência ser uma mulher obesa, tratando de questões de saúde, afeto, moda e acessibilidade. (Saiba mais)

13) Argonautas

(Maggie Nelson)
Dica de Stephanie Borges

Uma lésbica e uma pessoa não binária se apaixonam e formam uma família. Com o tempo, Harry decide fazer intervenções em seu corpo e viver como um homem. Em textos curtos, com referência a literatura e filosofia, Argonautas trata de identidade, amor, criação de filhos e maternidade e mostra como, apesar das diferenças, as famílias são formadas de afeto. (Saiba mais)

14) Tash e Tolstói

(Kathryn Ormsbee)
Dica de Andre Aguiar
Tash é uma garota apaixonada por livros antigos, em especial do autor russo Liev Tolstói. Na internet, ela produz junto de uma amiga uma websérie inspirada no clássico Anna Kariênina e precisa lidar com a pressão do sucesso e a chegada dos haters quando elas viralizam. A história de Tash e Tolstói é marcante e recomendada pois, além de divertida e leve, dá protagonismo a uma garota assexual romântica (se interessa romanticamente por outros, mas não sente atração sexual). (Saiba mais)

15) Extraordinário

(R.J. Palacio)
Dica de Tayná Gonçalves

O protagonista de Extraordinário, Auggie, nasceu com uma síndrome genética que o conferiu uma grande deformidade facial, mesmos após diversas intervenções cirúrgicas. A história começa quando o garoto se vê pronto para começar a estudar num colégio regular e precisará enfrentar os olhares de outras crianças para sua aparência incomum. Uma livro sobre olhar por trás das aparências e a importância da gentileza. (Saiba mais)

16) Todo Dia

(David Levithan)
Dica de Amanda Carneiro

Todo dia é um livro que pode ser lido como uma metáfora para a pansexualidade .A, o protagonista do romance, acorda diariamente em um corpo diferente — em diferentes lugares, com diferentes gêneros, com diferentes formas, com diferentes personalidades. Apesar disso, ele se apaixona por uma única garota. Agora, ele tem sempre 24 horas para se adaptar a um novo corpo e questionar as regras sociais pelo seu amor. (Saiba mais)

17) Luis Antonio Gabriela

(Nelson Baskerville)
Dica de Jeferson Carvalho

Depois de uma infância e uma juventude conturbada, na mira de um pai violento que não aceita sua feminilidade, Luis Antonio parte para a Espanha para assumir sua verdadeira identidade: Gabriela. A história real, narrada pelo irmão mais novo de Gabriela, remonta as memórias da família e tenta cobrir os espaços vagos deixados pela irmã quando se mudou para outro país sem dar notícias. Uma história dolorosa sobre o valor do perdão e da tolerância. (Saiba mais)

18) Quinze Dias

(Vitor Martins)
Dica de Andre Aguiar

Felipe é gordo e aguardou ansiosamente pelas suas férias de julho para colocar em dia suas séries e se libertar por um tempo do bullying que sofre no colégio. Porém, esses quinze dias serão dias de confronto com sua autoestima e sua autoaceitação porque um vizinho confiante e malhado precisará passar uns dias com ele em sua casa. Livro de estreia de um autor nacional, Quinze Dias consegue ser emotivo ao mesmo tempo em que lança discussões sobre corpo e sexualidade. (Saiba mais)

19) O Tribunal da Quinta-feira

(Michel Laub)
Dica de Andre Aguiar

João Victor narra o que acontece a partir do momento em que sua ex-esposa expõe na internet uma série de e-mails que ele trocou com seu amigo, Walter. Os dois tem sua própria linguagem e senso de humor, mas, fora de contexto, as mensagens causam alarde e geram um linchamento dos dois publicitários. Em pauta, uma violência “justificável”, homofobia, assédio, o uso do anonimato na internet, a tolerância e os modos de se relacionar de uma geração que ainda sofre com os reflexos incômodos da epidemia da AIDS. (Saiba mais)

20) Alucinadamente feliz

(Jenny Lawson)
Dica de Andre Aguiar
Jenny Lawson tem depressão clínica moderada, transtorno de ansiedade grave, distúrbio de automutilação brando, transtorno de personalidade esquiva, um ocasional transtorno de despersonalização e tricotilomania (a compulsão de arrancar os cabelos). Neste livro de memórias, mais do desmistificar o cotidiano de alguém com transtornos mentais, ela tenta propôr que se entenda e abrace a dor para poder abraçar a alegria com a mesma intensidade depois. (Saiba mais)

TELEVISÃO

21) Cara Gente Branca

1 temporada de 10 episódios
Dica de Ana Carolina Zeferino

A temática do blackface é apenas um começo para a série que, a cada episódio, apresenta um novo personagem e suas questões: a solidão da mulher negra, violência policial, colorismo, empoderamento e autoestima, apropriação cultural, relações interraciais, racismo estrutural, racismo reverso e militância são apenas alguns dos temas levantados. (Assista o trailer)

22) Ela quer tudo

1 temporada de 10 episódios
Dica de Stephanie Borges

A série acompanha a vida de Nola Darling, um jovem que quer viver sua sexualidade livremente e fugindo da monogamia. Embora seja comum a mulher negra ser representada como sensual e insaciável, a protagonista mostra sua vulnerabilidade diante do assédio, inseguranças e a tentativa de se estabelecer como artista.

23) Master of None

2 temporadas de 10 episódios cada
Dica de Stephanie Borges

Master of None desafia os gêneros da televisão: tem elementos de comédia romântica, drama, paródia. Os homens são apresentados como filhos, amigos, sujeitos em busca de amor e companhia, bem diferente das figuras ambiciosas, agressivas e movidos a conquistas sexuais e os amigos de Dev são pessoas bem diferentes, o que abre a perspectiva de vários pontos de vista. (Assista o trailer)

24) Please Like Me

32 episódios em 4 temporadas
Dica de Andre Aguiar

A história de Josh pode se assemelhar à realidade de diversos jovens-adultos de classe média por aí: questões com a faculdade, dependência financeira, problemas com relacionamentos, insegurança com a própria aparência… A vida adulta não é o que ele esperava. Mais do que uma série centrada em alguém que muitas vezes não consegue ser empático, Please Like Me também aborda a questão dos transtornos mentais quando o jovem precisa mudar sua rotina para cuidar da mãe, que tentou cometer suicídio. (Assista o trailer)

25) SEPTO

1 temporada de 5 episódios
Dica de Andre Aguiar

Financiada coletivamente, a websérie apresenta Jéssica, uma jovem que sempre regrou seus hábitos para ser uma triatleta. Ela chega a ser convocada para as Olimpíadas, mas, ao passar mal em mar aberto e ser socorrida por uma mulher independente e dona de si, ela questiona sua realidade e percebe que não quer mais correr, pedalar e nadar o caminho de outra pessoa. Uma história sobre assumir a responsabilidade da própria felicidade e buscar o que nos faz ser melhores.

Por André Aguiar

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