Abertura da I Semana de Acessibilidade e Inclusão na UFV

Mirele Moreira
Revista Plural
Published in
3 min readSep 6, 2017
Visão geral do auditório durante a mesa de abertura da I Semana de Acessibilidade e Inclusão da UFV. Ao centro, projetado em um telão, o brasão da Universidade Federal de Viçosa. (Foto: Mirele Moreira)
Ouça a versão adaptada em áudio do texto a seguir.

Aconteceu entre os dias 29 de agosto e 1 de setembro, a I Semana de Acessibilidade e Inclusão da UFV. A mesa de abertura contou com a presença da Reitora Nilda de Fátima e foi sucedida pela palestra de Antônio Borges, professor da UFRJ, especialista em Tecnologia Assistiva. Na discussão sobre Tecnologia, Acessibilidade e Inclusão: Desafios da Universidade Pública Brasileira, o palestrante falou sobre como a demanda de atender estudantes com necessidades especiais faz com que se criem instrumentos e tecnologias inclusivas.

A I Semana de Acessibilidade e Inclusão foi idealizada a partir da criação de dois softwares que estão sendo desenvolvidos, na UFV, com o apoio da Capes: o Inclua e o Dicionário online bilíngue de libras e língua portuguesa. Entretanto, as demandas das pessoas e da instituição também foram importantes para a realização do evento.

O momento de discussão sobre acessibilidade e inclusão no ambiente universitário é oportuno, uma vez que entrou em vigor esse ano a lei 13.409/2016, que institui cotas para pessoas com deficiência em universidades federais.

Como os palestrantes afirmaram, porém, é preciso não apenas fazer com que as pessoas com deficiências entrem na universidade, deve-se também garantir que elas possam permanecer nela.

A primeira palestra do evento teve como objetivo falar sobre as diversas necessidades das pessoas com deficiência. Por meio de exemplos da UFRJ, Antônio Borges apresentou as formas encontradas lá para a inclusão de alunos com deficiência. O palestrante reforçou que:

Cada pessoa que tem uma deficiência vai precisar de coisas específicas. A pessoa que seja cega tem uma demanda, a pessoa que tem uma deficiência motora vai ter outras demandas, mas todos precisam de acessibilidade. E o que é acessibilidade? É a possibilidade de ir e vir onde quiser no momento que quiser. É a possibilidade de ter acesso à comunicação, poder falar, poder escutar, mesmo que se falar e escutar não sejam utilizando mecanismos convencionais. Então, são muitas as demandas, o que a gente tem que fazer, na verdade é trabalhar em conjunto para que a universidade consiga atender todas essas demandas, que são muitas e variadas e que não são necessariamente caras. Muitas vezes, são questões de desenvolvimento local, são questões de utilizar tecnologia gratuita, mas com certeza há muito que se investir, há muito que se fazer.

Os tipos de deficiências são diversos e cada um tem necessidades e demandas específicas dentro do ambiente universitário. Assim como os demais alunos, os que possuem algum tipo de deficiência devem conseguir assistir e compreender as aulas, ter acesso aos materiais didáticos, precisam ter orientação, mobilidade e facilitações para o contato social.

São exemplos de ferramentas tecnológicas inclusivas o Dosvox (sistema de computação para deficientes visuais mais antigo e mais usado no Brasil, que permite o acesso à escrita e leitura pelo computador); Leitores de Telas (reproduz em voz ou em Braille o que está escrito na tela); Acessibilidade em tablets e smartphones; Dispositivos para localização e informação; Xulia, antigo Motrix (software de comando por fala); Tobi (ferramenta de acesso através do olho); entre outros.

Segundo Antônio Borges, houve uma mudança de ordem técnica nas universidades ao longo do tempo quando se pensa em acessibilidade e inclusão:

O palestrante Antônio Borges, atrás de um púlpito de madeira, e o tradutor simultâneo de libras no palco do auditório. (Foto: Mirele Moreira)

Há uma disponibilidade enorme de coisas que podem ser utilizadas em termos de tecnologia para serem aplicadas às pessoas com deficiência. Além disso, a universidade hoje está muito mais preparada para receber as pessoas com deficiência, não é uma perfeição. A gente ainda está bem atrás, quando comparado a países de maior evolução tecnológica, maior evolução social, mas eu diria que se compararmos com vinte anos atrás a diferença é assustadora.

A palestra agradou o público e a estudante Mariana de Paula de 21 anos, estudante da Pós-Graduação em Economia Doméstica conta que:

Vim na palestra por interesse na área e por eu ter deficiência auditiva, vivo isso e sei das dificuldades. Além de ser interessante porque através do evento eu posso aprender mais e contribuir com as minhas experiências.

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