Ao vivo e (s)em cores

Lucas
Revista Plural
Published in
4 min readNov 28, 2017

Conheça mais sobre o daltonismo e algumas pessoas que vivem com ele

Pexels.com

Você provavelmente já ouviu falar de daltonismo (também conhecido como discromatopsia), ou conhece alguém que possui essa condição. Ela afeta as células responsáveis pela percepção de cor pelo olho humano, de forma que quem é daltônico tem problemas para diferenciar as cores verde, vermelho e/ou azul, ou até mesmo todas as cores em geral. O daltonismo pode ser hereditário (sendo mais comum para homens do que mulheres, por fatores genéticos), mas também ocorre em casos de lesões oculares ou neurológicas.

As cores são partes fundamentais do nosso cotidiano. Muitas convenções sociais giram em torno de cores, como a moda, vários tipos de sinalização dentro e fora do trânsito e vários outros tipos de protocolos que são tão enraizados que aqueles que não sofrem de daltonismo mal pensam nele no dia-a-dia.

Apesar de não ser um tipo de condição que afeta consideravelmente a vida da pessoa em casos mais comuns da doença, o daltonismo faz com que o portador dele tenha que lidar com algumas situações cotidianas de seus próprios jeitos, se acostumando com cores diferentes e tendo que, às vezes, recorrer até à tecnologia.

Tarcísio Mauro, estudante de engenharia mecânica da UFV, tem 22 anos e tem daltonismo desde que nasceu. Tarcísio nunca teve muita dificuldade com seu daltonismo, que confunde tons de verde com marrom, azul e roxo, segundo Tarcísio. As maiores dificuldades que ele enfrenta com isso são algumas convenções sociais que giram em torno de cores, das quais ele precisa de auxílio ou de pensar além de cores para circular.

Sendo cientista de dados, Leonardo às vezes precisa lidar com a área gráfica de suas tarefas, e para isso ele conta com a ajuda de sua noiva e de alguns aplicativos de celular que o ajudam a identificar as cores ou adaptá-las para sua visão, como o Color Blind Pal e o Chromatic Vision Simulator, que são aplicativos feitos especificamente para daltônicos poderem lidar com esses problemas.
A vida de um daltônico não é muito diferente da de uma pessoa com visão normal, principalmente porque eles lidam com essa condição desde pequenos, mas é interessante conhecer mais sobre o cotidiano dessas pessoas e as dificuldades encontradas por eles em coisas que para os outros são bem insignificantes. Um exemplo que ele deu foi uma disciplina de química que ele cursou na Universidade. “ O máximo que tive foi dificuldade em uma disciplina de laboratório de química que fiz há muito tempo”, diz Tarcísio. “Às vezes tinha que identificar cores de mistura […], mas como era em grupo não tinha problema.” Apesar disso, Tarcísio confessa que caso o trabalho fosse individual, ele encontraria dificuldades.

“Eu já morei em uma cidade onde as linhas do metrô eram por cores também”, conta Tarcísio. Nesse caso, ele se orienta pelos nomes mesmo, mas em cidades como São Paulo, onde as linhas de metrô são definidas com bastante ênfase, isso pode se tornar um pouco confuso para daltônicos que nunca utilizaram o metrô.

O caso de Tarcísio é mais comum, mas podemos encontrar também casos mais raros, como o de Leonardo Peixoto, que fez mestrado e doutorado em Genética e Melhoramento pela UFV. O caso de Leonardo é conhecido como monocromacia, e todas as células responsáveis pela diferenciação de cores são ausentes. Dessa forma ele só diferencia tons de preto, branco e cinza, captando só a luminosidade, sem as cores. Dessa forma, as convenções sociais são mais negligentes com ele ainda, visto que ele tem que se adaptar completamente a elas de seu próprio jeito.

“Como é uma coisa que a gente tem desde nascença, então acaba que a gente não presta tanto atenção como não faz falta saber as cores no dia-a-dia, então a gente se adapta”, conta Leonardo. Segundo ele, o maior problema recorrente é com letreiros eletrônicos, como os de ônibus e mostradores de senhas de banco. A combinação de cores normalmente utilizada torna difícil a distinção do letreiro por quem tem esse tipo de daltonismo, então salvo alguns casos, é quase impossível de se ler e o daltônico precisa de ajuda.

Em seu trabalho como cientista de dados, Leonardo às vezes precisa lidar com a área gráfica de suas tarefas, e para isso ele conta com a ajuda de sua noiva e de alguns aplicativos de celular que o ajudam a identificar as cores ou adaptá-las para sua visãoo como cientista de dados, Leonardo às vezes precisa lidar com a área gráfica de suas tarefas, e para isso ele conta com a ajuda de sua noiva e de alguns aplicativos de celular que o ajudam a identificar as cores ou adaptá-las para sua visão, como o Color Blind Pal e o Chromatic Vision Simulator, que são aplicativos feitos especificamente para daltônicos poderem lidar com esses problemas.

--

--