Entenda o que é e como funciona a audiodescrição

Vinicius Sant'Anna
Revista Plural
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2 min readDec 5, 2017
A audiodescrição ajuda a tornar a TV mais inclusiva a pessoas com deficiência visual(Foto: Pollyana Rioga)

Apesar de parecerem completos, os meios de comunicação audiovisuais têm um grande desafio: tornar a sua programação mais universal e inclusiva. Como se sabe, o conteúdo de um programa televisivo depende de uma combinação de imagem e som para criar sua linguagem específica. Mas uma grande parcela de pessoas com deficiência visual têm dificuldades de compreender a “mensagem” como um todo.

Em muitas vezes os deficientes visuais deixam de ter uma noção mais inteirada do conteúdo de uma produção audiovisual, sendo ele um programa de TV, um filme ou até um vídeo no YouTube, por não existir a audiodescrição. Este é um recurso em forma de narração descritiva durante os intervalos dos diálogos e pausas das informações sonoras, para que através da audição o ouvinte consiga imaginar e acompanhar as cenas de uma forma melhor. O audiodescritor — o narrador que transmite as informações visuais ao ouvinte — descreve ao espectador elementos como cenário, expressões faciais dos atores, mudanças de tempo, leitura dos créditos, etc.

Priscila Medina foi mãe aos 17 anos e quando Larissa nasceu, através de testes oftalmológicos descobriu que Larissa não enxergava. Priscila contou a nossa reportagem toda sua luta para que sua filha não tivesse dificuldade de alfabetização e da importância da audiodescrição em sua vida. Hoje aos 14 anos Larissa Maciel Medina Magalhães, se dá muito bem tanto nos estudos, quanto no uso de tecnologias como computador, celular e televisão.

Segundo a jornalista e especialista em audiodescrição, Kelly Scoralick, a audiodescrição é uma ferramenta bastante inclusiva, pois além de beneficiar pessoas com deficiência visual, também pode ser utilizada por outros públicos como pessoas com deficiência intelectual, com dislexia, idosos, pessoas com déficit de atenção, autistas e outros.

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE — estima que existam quase 45 milhões de pessoas com alguma deficiência (física, mental, auditiva ou visual). Destes, 18,6% correspondem a pessoas com pouca ou nenhuma visão, que representam o público-alvo da audiodescrição.

Ainda segundo Kelly, a audiodescrição já é obrigatória na programação de TV desde julho de 2011. A jornalista lembra, entretanto, que apesar da lei, o recurso de audiodescrição ainda “engatinha” no Brasil:

“As emissoras de TV estão obrigadas a cumprir, no mínimo, seis horas semanais com o recurso. E devem atingir 20 horas semanais em um prazo de 10 anos, a contar da data da publicação da portaria. No entanto, o recurso de audiodescrição na televisão aparece em poucos programas, basicamente em filmes, documentários e séries, mas também disponível em alguns programas infantis, educativos, religiosos, revistas e em uma novela.”

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Vinicius Sant'Anna
Revista Plural

Viçosense, formado em Comunicação Social — Jornalismo pela UFV