O Quarto Logos e a prática da Taumaturgia

Os objetivos propostos pelo Quarto Logos e sua correlação com a revalorização das práticas da Magia.

Ari˚ Barbosà
Plus Ultra Revista

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Até mesmo como homenagem aos pressupostos sugeridos por Olm dentro de uma nova forma de pensar e agir para as consciências desse universo, começo esse artigo com a pretensa sugestão de que busquemos reconceituar nossos postulados pelo que seja a Teurgia , Taumaturgia, ou mesmo seu termo mais popular a Magia, dentre tantos epítetos e correlatos que essa prática ainda detém, os quais muitas vezes reconhecemos bem vexatórios. Desde sempre, pela ignorância perene que assola o pensamento ocidental, essas práticas são vistas como pouco ou nada compreendidas, quando muito, como pseudociência um tanto desprezada, com todas as nuances de algo saído da cultura ignorante. Percebidas por seus detratores como uma daquelas coisas que não podem ser compreendidas e que, portanto, nem deveriam ser estudadas. Isso é uma pena, mas é fato e assim tem sido por séculos, dessa forma sugiro continuar a leitura por essas bases.

Esse artigo pretende dedicar alguma luz sobre esse assunto comum aos estudantes aqui do IEEA. Tentativa essa inicialmente abordada em uma live específica sobre o tema, em 14 de novembro de 2019, e que atualmente se encontra melhor costurada nesse horizonte de estudos de forma textual. Na ocasião, assim como agora, procuramos descortinar novos entendimentos, considerando a ilustre presença encarnada do Quarto Logos, na figura de Apolônio de Tiana, num tempo em que ele procurou estar entre nós e dedicou esforços no sentido de melhor compreender a nascente Taumaturgia. O mesmo analisou todo o seu potencial para ser uma das possíveis vias de evolução aos seres espiritualizados encarnados nos Homo Sapiens de então, e dentro de uma parceria laboratorial proposta com os “Seres dos Portais”, entendidos como as divindades naquele momento.

A apreciação do livro “O Quarto Logos” assim como das palestras relacionadas ao tema é fundamental, sendo assim, a leitura desse artigo não exclui de forma alguma a necessária e fundamental absorção dos demais estudos. O presente artigo pretende promover e somar alguma reflexão apenas na vertente teúrgica de Apolônio de Tiana, promovida pela sua presença nesse orbe à época clássica grega, sem nenhuma pretensão de exaurir o assunto, ou mesmo promover entendimentos mais amplos sobre a obra de Apolônio de Tiana, o que nem competência para tanto detenho.

A questão Teodiceica.

“Si Deus est unde malum? Et si non est, unde bonum?” — Boécio

Boécio, o notável teólogo romano da escola neoplatônica, cujas obras tiveram uma profunda influência na filosofia cristã, teria cunhado o desconfortante axioma — “Se Deus existe, de onde vem o mal? E se não existe, de onde vem o bem? ” Esta seria uma entre tantas proposições das teodiceias que desde aquela época procuram formular respostas de por qual razão Deus permitiria o mal. O próprio Epicuro, com seu indefectível trilema, destacava essa desconfortável problemática propondo observações sobre as hipóteses de onipotência, onisciência e onibenevolência divinas entendidas como pétreas pela eclesiástica escola judaica já naquela época.

1. Se Deus é onisciente e onipotente, ele tem conhecimento de todo o mal e o poder para acabar com ele. Mas não o faz, logo não é onibenevolente.

2. Se, por outro lado, ele é onipotente e onibenevolente, então tem poder para extinguir o mal e quer fazê-lo, pois é bom. Mas não o faz, logo não sabe quanto de mal existe e onde o mal está, assim, portanto também não pode ser onisciente.

3. E ainda, se ele é onisciente e onibenevolente, então sabe de todo o mal que existe, logo deveria querer mudá-lo. Mas não o faz, assim é incapaz, portanto não é onipotente…

De desconforto em desconforto, trilhar os enunciados de qualquer uma das perspectivas propostas pelas teodiceias são tentativas de gritar aos quatro cantos as supostas limitações das divindades e, em particular, da própria deidade absoluta. Para consubstanciar o que conhecemos de Apolônio de Tiana no caminho da Magia, procurei fazer um rápido preâmbulo acerca do que sabemos sobre a excelsa figura do Quarto Logos, orientado pela perspectiva proposta na obra de Jan Val Ellam a qual procura permanentemente fornecer subsídios para um entendimento mais pleno no tocante à necessária e urgente Revelação Cósmica.

Revelação Cósmica esta que parece ser a exata conclusão dos desconfortáveis pressupostos das teodiceias, que finalmente casam com os enunciados gnósticos que há tempos reforçam a existência da desgraçada figura de um demiurgo criador e responsável pela derrocada deste universo. A figura do Quarto Logos, portanto, seria a resposta final para conduzir de forma digna a caminhada dos seres desse universo. Seres com uma nova postura de vivência, com potencial para realizar a tarefa de subjugar os planos da vida universais, ao trazer, num primeiro momento, mais decência existencial e participar dos planos para um funeral apropriado àquilo que nunca deveria ter existido.

Quarto Logos.

Esse é o epíteto proposto por Ellam no sentido de rotular a figura que anteriormente havia conhecido como “O Velho Codificador de Zian”, noutrora de Capela, figura esta que dele detinha profunda admiração por seus ensinamentos. Estes foram formulados naquele tempo, dentro de uma instituição cujos preceitos postulados, talvez hoje enxergaríamos de forma mais presente nas propaladas escolas de mistério.

Poderíamos assim resumir e contextualizar a trajetória de Olm, fazendo uma rápida abordagem sobre os principais marcadores temporais percebidos e envolvidos com a figura do Quarto Logos e de toda a sua cósmica saga nesse universo:

  1. Os três primeiros Logos.
    Aqui nos referirmos às figuras que compõem a trimúrti hindu que sugere Brahma, Shiva e Vishinu como os três primeiros Logos responsáveis (e nessa ordem) pela sequência dos ciclos de tentativas evolutivas dessa indevida criação. A figura do Quarto Logos seria, portanto, a mais nova e definitiva proposta para equacionar, dar finitude e bom termo a esse universo através de uma inédita forma de aquilatar conceitos de liberdade, entendimento e vida, totalmente apartados das tentativas e propostas anteriores.
  2. Um mergulho existencial e apenas no lado desse universo material.
    Como todos os que mergulham nessa equivocada criação, a figura do Quarto Logos também aqui se jogou, porém, afastando-se completamente da presença e influência de seus consortes divinizados (os três Logos anteriores). Ele optou por uma experiência direta e única no universo material sem as prováveis influências já caducadas dos anteriores. Isso, per si, já foi muito relevante para compreendermos sua proposta redentora.
  3. Vivendo a figura do “Velho Codificador de Zian”.
    Nesta seção damos um salto quântico de bilhões de anos e encontramos nosso excelso personagem lecionando nos rincões da constelação de Capela a um seleto grupo de consciências “biodemo”, formado por membros de diversas famílias. Na época, seu maior desafio teria sido enfrentar os ruídos promovidos pela Rebelião de Lúcifer e que, num certo sentido, atrasaram os planos para sua proposição evolutiva.
  4. Ainda na questão temporal de Yel Luzbel.
    Como comentado no item anterior sobre o despertar de Lúcifer, que hoje em certa medida já é percebido como fundamental no processo de “deslacramento das consciências”, na época foi entendido como um manifestado e profundamente desafiador conjunto de ideias subversivas para as famílias capelinas de então, o que teria colocado o Quarto Logos, na figura do Codificador de Zian, como um dos veículos donde irromperiam as respostas para as eloquentes, apesar de catastróficas, elucubrações de Lúcifer e seus enunciados.
  5. Uma Escola de Decifração e Codificação.
    Neste momento, a metodologia proposta pelo Quarto Logos foi a de implementar uma escola de estudos dentro de um nível superlativo de observação das coisas da vida, ou seja, que conseguisse conduzir o pensamento de então a respostas reveladoras e decifradoras da natureza desse universo e seu criador. Estes enunciados envolveram a fina flor do pensamento “biodemo” naqueles dias, sendo regado pelos desdobramentos dos postulados de Yel Luzbel e de seus companheiros de manifesto.
  6. O Colégio Dru’Uid.
    Não há notícias específicas sobre a experiência física do Quarto Logos nas paragens do Hiperbóreo, região ao extremo norte planetário, que à época não era ainda glacial e donde se situou uma das maiores propostas de capacitação e educação planetária que se tem notícia. Aqui apenas referenciamos o Colégio Druídico como uma extensão da proposta da Escola de Zian, que novamente teve sua glória e em muito promoveu os renovados estudos da arte da decifração, codificação, filosofia, ciência e Taumaturgia pela fé esclarecida.
  7. A experiência como Apolônio de Tiana.
    Muito tempo depois, temos renovadas notícias do Quarto Logos já vivenciando uma experiência muito humana no planeta Terra, nas paragens da Capadócia, atual Turquia. Nesse período, sua proposta foi ter uma experiência conjunta com o Cristo Jesus. Apesar das características muito distintas dessa sua vivência se comparadas as do Nazareno, seja pelo abastado de sua vida, seja pela proposta de experimentar na plenitude uma vívida Taumaturgia naquela existência.

A experiência de Apolônio.

O “Codificador de Zion”, ainda nas paragens espirituais, teria decidido conjuntamente com uma plêiade de outras individualidades, introduzir a Taumaturgia no seio do pensamento grego antes mesmo da sua personificação como Apolônio. Dessa forma, começou o transbordo de espíritos excelsos encarnando em figuras como Pitágoras, que dentre tantos cimentaram o caminho de Apolônio para que pudesse dedicar sua vida a compreensão, estudo e ativação de processos ditos teúrgicos, como proposta potencial de evolução humana.

A proposta do Quarto Logos dentro de sua existência terrena na figura de Apolônio de Tiana seria melhor entendida, portanto, se analisada por uma perspectiva de significado mais amplo sobre a palavra Taumaturgia. Nesse ponto é apropriado destacarmos assim o significado dessa palavra, para melhor apresentarmos os desdobramentos dos esforços de Apolônio no campo da Magia:

Taumaturgia vem de thauma (prodígios) e theourgia (ação divina). Ou seja, a capacidade que alguns indivíduos teriam de realizar ações paranormais através de procedimentos consorciados com entidades ditas divinas.

No mesmo sentido, a palavra Teurgia, a esta associada, ademais desperta uma particular atenção, sendo também um desdobramento da vertente da Magia que cuidaria como uma “medicina oculta” ou “ciência da cura”:

Teurgia provém de theoi (deuses) e ergon (obra). Significa não somente “obra divina”, mas também “obra de deus”, ou “produzindo a obra dos deuses”. Foi e ainda é utilizada em contraste com a palavra teologia, que meramente discute sobre deuses, ou ainda a teoria, sendo essa a pura contemplação filosófica e intuitiva.

Introduzida desde Tales de Mileto, Pitágoras e mais tarde Platão, à época, a Teurgia representava tão somente o velho modo de agir do “jeito de viver demo”, como diz Ellam em sua obra, naqueles rincões do universo paralelo ao nosso — a chamada “brahmaloka”, conhecida também como o “reino dos demos e clones”. O objetivo da Taumaturgia de então era estudá-la com vistas a adequá-la à condição humana e verificar, em sendo usada para o “bem”, se poderia ser útil ao progresso humano ou mesmo apressá-lo.

As conclusões de Apolônio, na época, aparentemente não foram positivas apesar de inconclusivas: ele verificou que o conluio dos homens com os deuses, no sentido de promover “milagres”, gerou mais uma relação simbiótica desinteressante para propósitos superiores e mais consistentemente evolutivos desta relação, com vistas ao progresso universal.

A questão do poder.

Aparentemente os pontos desinteressantes verificados por Apolônio sobre a Taumaturgia estariam relacionados ao simbiótico empoderamento que esta prática teria dado, tanto aos seres divinizados como aos humanos pelo consórcio intrasseres, o que infantilizou os seres humanos de então, principalmente pelo imediatismo de uso para as rasas necessidades humanas.

O “poder” mental dos seres ditos divinos foi verificado como algo a ser devocionado pelos seres humanos de então, e a transferência do “poder” para os hierofantes sobre os “espíritos” encarnados passou a ser uma prática corrente. Esta infantilização da relação homem-demo passou a ser uma constante, o que teria levado Apolônio a rotular como “falha” esta sua encarnação “teste”.

Quanto às práticas da Taumaturgia, vemos como necessário imprimir um novo significado à Magia alinhada a proposta do Quarto Logos. Com o fim da trimúrti, entendemos que é eminente a urgência de hidratar essas práticas de manipulação das possibilidades através da alteração da realidade e associar a Magia consorciada a uma nova e madura proposta de relação com os seres divinizados. Isso parece ser uma proposta mais robusta e aderente às necessidades postuladas pelo Quarto Logos.

Hoje, não temos a exata e finita situação do Quarto Logos enquanto individualidade, mas sabemos que estaria profundamente envolvido com as figuras de Sophia, Krishna e Hara na tarefa de concluir da maneira mais dignificante possível a obra desastrada desse universo, tarefa à qual ainda deve durar alguns bilhões de anos, segundo Ellam.

Antes disso, a eminente “figura universal” será algo singular para esse universo e o que temos de postura magística para construir esse “pós-humanismo” são os teosacros, teurgistas e mesmo os teóricos da Taumaturgia, insuficientes ainda para esse propósito. Dediquemos, portanto, reforçados esforços no sentido de melhorar os níveis dessas práticas mágicas para que não só tenhamos um novo patamar de realidades interessantes no viver imediato, mas também para que esse esforço se multiplique a fim de construir uma plataforma de lançamento para essa nova maneira de ser, existir e pensar propalada pelo Quarto Logos.

Veja no link abaixo a live completa referente a esse artigo:

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