“Se até o Eike quebrou…”

O fundador da agência mais cool (e mais escondida) do Rio de Janeiro num papo sobre grana, viagens e filhos

Nicollas Witzel
Revista Poleiro
Published in
6 min readMar 21, 2015

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Por Nícollas Witzel

Na Boca do Caixa, a conversa imita a vida e gira em torno de uma só coisa: grana. Quebramos o tabu e falamos de maneira aberta sobre o mais importante dentre os assuntos menos falados de nossa sociedade.

A Binky mora em duas salas da antiga sede do Colégio São Marcelo, hoje um centro tecnológico da PUC-Rio. É preciso subir por uma ruazinha íngreme, cheia de pessoas perdidas que só queriam chegar no IMS, mas passaram uma ou duas ruas e terminaram ali. O taxista que me levou até lá também se perdeu, a despeito de seu GPS. Roberto Muntoreanu e seus sócios, Marcelo e Fabiana, pelo contrário, se acharam na curva daquela ruazinha. Visitamos a agência por um dia, e de quebra vimos o boss receber a notícia do sexo de seu filho — ele acompanhava o ultrassom da esposa pela internet. Spoiler alert: é menino.

Se você pudesse descrever sua relação com o dinheiro em uma palavra, qual seria?

Faço. Sou extremamente pragmático e workaholic. Não tenho dificuldade para ganhar dinheiro, o problema é administrar, por isso tenho sócios.

Quanto costuma ficar parado na sua conta?

Administrar dinheiro não é minha especialidade, por isso fiz uma poupança programada, dessas que o dinheiro sai automaticamente da conta assim que entra. Esse é sagrado e não mexo. Fora isso, tem a conta da empresa da qual sou sócio. Lá temos uma regra mais rígida que é ter, em média, pelo menos 3 meses de funcionamento da empresa na conta de giro, fora o que temos de lucro anual, que é colocado em outra aplicação.

Qual foi o melhor investimento que você já fez na vida?

Uma bota Timberland. Comprei há 10 anos, custou R$140. Já fiz rapel, peguei neve pesada, enchente no Rio de Janeiro e uso até hoje. Melhor compra, sem dúvida.

Qual é a coisa mais cara que você tem agora?

Engraçado, não tenho muita coisa cara. A maioria do meu dinheiro investi em viagens e não me arrependo. Talvez hoje o que eu tenha de mais caro seja minha aliança de casamento.

De quanto dinheiro você precisou pra dar um start definitivo na sua vida profissional?

Falando especificamente de quando abri a Binky, há 4 anos, o que eu tinha era muito pouco, umas economias que chegavam no máximo a R$ 10 mil e que foram gastas rapidamente, já que, durante quase seis meses, não fizemos nenhuma retirada da empresa. Para a estrutura inicial usamos nossos computadores pessoais e uma sala que conseguimos por permuta. E, para abrir a empresa, pegamos a grana de um trabalho que fizemos como freelancers e usamos para toda a documentação.

Você já teve um problema situado entre dinheiro e relacionamento?

Não tive e não pretendo ter. Mas já vi casais e amizades se desfazerem por isso.

Quantos zeros precisam estar em jogo para influenciar uma relação não-profissional?

Não sei, não misturo pessoal com profissional. Tenho clientes que se tornaram amigos, mas na hora da relação comercial somos profissionais. E quando um amigo pede algum trabalho, não cobro. Amigo quando paga é o pior cliente que existe. Paga pouco, porque afinal é amigo, e cobra muito, afinal ele está pagando. Combinação desastrosa.

Você abre mão de princípios pessoais por uma relação comercial promissora?

Já tive oportunidade. Várias, na verdade. Mas não rola pra mim. E não estou aqui pagando de santo, mas realmente não é o posicionamento da empresa. Fazemos tudo da forma mais correta para evitar qualquer problema futuro.

Você eventualmente estoura contas e cartões ou deixa algumas oportunidades passarem para manter um backup? Sua conta pessoa e a profissional se misturam?

Já aconteceu de estourar, não por questão de aproveitar uma oportunidade, mas por questões de necessidade mesmo. Tem vezes que a conta não fecha, rola imprevisto, sei lá. Mas uma coisas que não faço é misturar contas. Falo que esse é o começo do fim. Não conheço nenhum caso bem sucedido disso.

Você se permite algum luxo? Já se arrependeu de algum?

Me permito, claro. Faço uma boa viagem por ano. Já teve ano que isso não rolou, começo de empresa é muito mais difícil. Mas preciso disso. Se for para passar férias em casa, prefiro nem tirar.

Quanto você gasta por mês — em média — com informação por assinatura (tv, internet, jornal, celular…)?

Em gastos pessoais, em torno de R$ 600,00. Fora isso, tem assinaturas que fazemos para a empresa, como Harvard Bussines Review e Computer Arts, que não entram na minha conta de pessoa física.

O que você venderia primeiro se precisasse de dinheiro urgente?

Não tenho muitas coisas que valeriam a pena vender. Faria um garage sale, o que tenho de valor está em uso em casa.

Com os investimentos que fez até aqui, você se sente financeiramente seguro?

O empresário que se sentir seguro no Brasil está lascado. Se até o Eike Batista quebrou… Infelizmente estamos longe de nos se sentir totalmente seguros.

Qual é a sua próxima meta financeira/sonho de consumo? Quanto tempo você achar que levará para atingir esse objetivo?

Vou ser pai esse ano, e quando isso acontece suas prioridades mudam. Passei a pensar em comprar um imóvel, o que antes achava desnecessário. Meus planos são para daqui a dois anos dar os primeiros passos em relação a isso.

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Nicollas Witzel
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Repórter do jornal O Globo e editor da @RevistaPoleiro. Aproveite enquanto o sonho é grátis