Open Banking: como o sistema transformará o mercado financeiro?

Victória Roberta
Revista Provisória
4 min readJul 22, 2021
A segunda fase do Open Banking terá início no dia 13/08 — Foto: Eduardo Soares (Unsplash)

Nos últimos dias os jornais e intervalos comerciais foram bombardeados de conteúdos sobre o Open Banking. A segunda fase ganhou uma nova data de início, dia 13/08. Anteriormente estava prevista para 15/07. De reportagens até propagandas, a abertura do sistema bancário revolucionará o setor. A novidade que vem ganhando os cadernos de economia promete trazer benefícios para os clientes e também para os fornecedores de produtos financeiros.

A ideia do Open Banking é simples: todo o mercado deveria utilizar uma camada de tecnologia padronizada, a mesma forma de se comunicar. A utilização dessa tecnologia, as application programming interface, conhecidas como APIs, vai ampliar esta oferta de serviços financeiros. Dessa forma, o cliente é livre para levar suas informações próprias até a instituição que poderá oferecer o melhor produto baseado em seu perfil.

No começo de 2021, o Presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou “O Open Banking está para o sistema financeiro como a internet está para a sociedade”.

Atualmente, para que um usuário possa obter melhores produtos financeiros, acontece um processo burocrático e que muitas vezes há a necessidade da construção de um relacionamento do zero. O Open Banking pode ser definido como a liberdade de escolha do usuário ao compartilhar seus dados financeiros com as instituições que desejar. Atualmente, as limitações de um bom histórico financeiro em determinado banco impede que os usuários consigam boas ofertas de produtos em outras instituições.

A princípio, estão previstas quatro fases para 2021. A cada fase um novo escopo de dados são liberados para serem compartilhados, e assim, novos produtos podem ser oferecidos a cada cliente, tendo como base a utilização dos dados. Com a chegada do Open Banking, o ecossistema financeiro ganha maior competitividade e funcionalidade nos processos.

Entenda cada uma das fases:

1ª fase:

Iniciada em fevereiro, as instituições participantes disponibilizam ao público informações padronizadas sobre canais de atendimento e soluções bancárias oferecidas. Nesta fase, não há ainda compartilhamento de dados de nenhum usuário. A partir dessa fase, soluções são criadas e há a possibilidade de comparação entre diferentes ofertas com os melhores produtos para cada um.

2ª fase:

Com data marcada para 13 de agosto, a segunda fase está sendo muito aguardada pelo mercado financeiro. Nessa fase, os clientes poderão solicitar o compartilhamento de seus dados entre as instituições participantes. Transações e produtos contratados estão entre eles. Vale lembrar que o compartilhamento de dados ocorre apenas se o seu proprietário autorizar, e sempre será utilizado para esse fim específico. O usuário fica livre para cancelar o compartilhamento quando achar necessário.

3ª fase:

Prevista para o final de agosto, a terceira fase permitirá o compartilhamento de serviços de iniciação da transação de pagamento e também proposta de operação de crédito. Para o Banco Central (BC), isso abrirá o caminho para nova soluções e ambientes para realização de pagamentos e para a recepção de propostas de operações de crédito, possibilitando o acesso a serviços financeiros.

4ª fase:

Na última fase desse ano, os dados de serviços financeiros passam a fazer parte do Open Banking. Os usuários poderão compartilhar informações de operações de câmbio, investimentos, e outros históricos. Dessa forma, a possibilidade de soluções é ampliada e novas oportunidades são oferecidas aos clientes.

Qualquer instituição financeira poderá participar?

Para que uma instituição participe do Open Banking, ela precisa seguir às regras presentes nos atos normativos publicados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo BC. Entre essas regras, estão a responsabilidade pelo compartilhamento e características necessárias para o processo, como as etapas de consentimento, autenticação e confirmação. As instituições participantes poderão propor ao Bacen padrões tecnológicos.

Vantagens do Open Banking:

Agora é a parte que realmente interessa. Quais serão os pontos positivos dessa revolução? A abertura do sistema permitirá liberdade e autonomia para os clientes, sem burocracia e necessidade de migrar de banco. O custo de toda a operação também será menor, já que as APIs possuem um sistema integrado, tornando o sistema mais ágil e em conta. As vantagens também atingem as instituições: novos serviços serão oferecidos, então os preços se tornarão mais acessíveis e atrativos.

Case de Sucesso:

O Reino Unido é referência mundial quando falamos em Open Banking. Por lá, o sistema atingiu mais de 3 milhões de pessoas e está em seu terceiro aniversário. Entre os benefícios apresentados pelos usuários da terra da rainha, estão a melhoria na gestão de finanças e a facilidade de obtenção de crédito por pequenos e médios negócios. Recentemente, o chefe do Open Banking no Reino Unido Imran Gulamhuseinwala apontou que o Brasil está no caminho certo.

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Victória Roberta
Revista Provisória

Jornalista em formação. Paulistana e estudante da UNESP. Pseudo artista. Adoro conjugar verbos nos mais diversos tempos.