Pode completar? Alta nos preços do combustível preocupa consumidores

Victória Roberta
Revista Provisória
4 min readMar 30, 2022
Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

No início de março, a Petrobras anunciou uma nova alta nos preços dos combustíveis. O diesel, sofreu alta de 25%, a gasolina, 19%. Já o gás de cozinha, comercializado em botijão, sofreu com alta de 16%. O valor passou a ser válido no dia seguinte ao anúncio, 10 de março, tanto em refinarias quanto em distribuidoras.

A Petrobras justificou a elevação dos preços diante da alta da cotação do barril de petróleo no mercado internacional ocasionado pela guerra entre Rússia e Ucrânia. O conflito entre os países já dura 1 mês. Além do conflito, o preço dos combustíveis foi influenciado pela cotação do dólar e pelo valor do barril no mercado internacional.

Segundo o comunicado emitido pela estatal na quinta-feira (10), o preço médio de venda da gasolina passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, alta de 18,8%, e o valor do diesel vai subir de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro, aumento de 24,9%. Já o preço do GLP foi reajustado em cerca de 16%, e custará R$4,48 por quilo.

Para os especialistas, é improvável projetar um comportamento certeiro do preço do barril de petróleo para meses seguintes. Segundo o último levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), apontou que o preço médio dos combustíveis nos postos estão em R$ 5,603 o diesel, e R$ 6,577, para a gasolina.

A commodity continua a sofrer variações durante e após o conflito europeu. Mais do que nunca, a população sente na pele os problemas ocasionados pela macroeconomia e as dificuldades em um futuro pós guerra.

O fornecimento de gás pela Rússia e as sanções que ameaçam o país, deixam incerto o preço do petróleo e de diversos outros produtos fornecidos pelo país de Putin. A Rússia é um dos maiores exportadores de petróleo do mundo, exportando cerca de 7 milhões de barris de petróleo diariamente, cerca de 7% do fornecimento global.

Quem não tem gasolina, usa etanol

Com a alta da gasolina, o abastecimento de veículos com etanol tem subido. Entre os meses de janeiro e fevereiro, as vendas subiram cerca de 26%, conforme apontam dados da Associação Brasileira da Indústria da Cana de Açúcar (Unica).

O etanol tem sido uma alternativa após as constantes altas no preço da gasolina. A famosa conta para saber qual é mais vantajoso está sendo utilizada diariamente, em diversos postos de gasolinas pelo país. A conta é simples. A composição de 1 litro de etanol hidratado apresenta 70% da eficiência do conteúdo energético da gasolina. Ou seja, caso o etanol custe menos ou igual ao valor de 70% da gasolina, o custo-benefício do biocombustível é atrativo para o consumidor.

E não foi só o preço do petróleo que aumentou…

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Com o aumento da injeção de dinheiro na economia brasileira, consequências da guerra, cicatrizes da pandemia, a economia não aguentou. Além da taxa de juros que não para de aumentar no Brasil (e no resto do mundo), atualmente em 11.75% ao ano, a inflação já se mantém acima do projetado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 7% para a faixa de 8,5%, segundo as projeções. Sem dúvidas, o aumento do preço dos combustíveis traz o risco de uma epidemia das pressões inflacionárias.

A população mais pobre sofre na pele os aumentos no preço do combustível. Além do impacto direto, para motoristas de aplicativos, aumento na passagem de transporte público, entregadores, e até quem utiliza o carro para lazer aos finais de semana, sofrem com o aumento do custo e consequentemente com as tarifas aplicadas e cobradas sobre o combustível. Indiretamente, os preços de alimentos, produtos e serviços também são elevados, graças ao impacto primário sobre eles.

Com a chegada das eleições, o panorama econômico certamente estará no centro dos debates eleitorais. Na quinta-feira, 11, o Senado votou dois projetos para tentar conter a alta dos preços dos combustíveis. Entre eles, o projeto que pauta a discussão sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o principal tributo estadual.

A proposta incentiva a cobrança do tributo em uma única fase para a cadeia de produção. Atualmente, o ICMS representa 14.7% da arrecadação de cada estado. O chamado auxílio-gasolina também foi aprovado na ocasião. Porém, sua implementação será possível apenas em 2023, devido à vedação legal de novos programas sociais em ano eleitoral.

No mesmo dia, o Ministro da Economia, Paulo Guedes descartou a ideia de congelamento de preços da estatal, que estava sendo discutida desde que o Presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) criticou os preços da estatal. Após o anúncio, Guedes afirmou a possibilidade do subsídio de combustíveis por parte do Governo caso a guerra entre Rússia e Ucrânia perdure por muito tempo.

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Victória Roberta
Revista Provisória

Jornalista em formação. Paulistana e estudante da UNESP. Pseudo artista. Adoro conjugar verbos nos mais diversos tempos.