Toque outra vez, Sam: erros, acertos e a evolução das franquias de cinema

A gerência
Revista Salsaparrilha
15 min readSep 8, 2015

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Por Maurício Sellmann e Tiago Ramos

Maurício: Este ano, tivemos/temos/teremos um bom número de filmes norte-americanos que se tratam de sequências. Volta e meia, um crítico explode com a constatação: “É um absurdo! O cinema morreu! Não há mais criatividade no cinema! O cinema morreu! Só há sequências de filmes de sucesso! Eu já disse que o cinema morreu?” Não vamos entrar no mérito sobre se esse é o mesmo pessoal que não sabe localizar a África do Sul num mapa, mas tomar um punhado de filmes de verão de grandes estúdios como termômetro da vitalidade do cinema mundial é um pouco demais, não?

Tiago: Na verdade, os EUA também produzem representantes dignos do “bom e velho cinema” — e até mesmo ótimos exemplos de criatividade. E apesar de ser verdade que muitos destes casos surgem no cinema independente — ou seja, aqueles filmes que aparecem sem alarde nas menores salas dos multiplexes e ninguém assiste — os grandes estúdios também surpreendem com projetos de qualidade inusitada. Se formos um pouco além e fizermos uma análise minuciosa, conseguiremos encontrar vida inteligente até mesmo nas franquias e continuações que os críticos mais conservadores enxergam como um sinal do apocalipse.

E você aí achando que, a essa altura, tinha se livrado do Mad Max

Maurício: Este ano viu dois representantes de franquias, pelo menos, que se reinventaram: a de Velozes e Furiosos (Fast and Furious), cujo sétimo exemplar já não tem quase nada a ver com o primeiro da série; e Mad Max, com Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road), desde já considerado um dos melhores filmes de 2015. Este último, vale lembrar, foi aplaudido na abertura do Festival de Cannes. Um episódio de uma franquia não é necessariamente sinônimo de falta de imaginação ou força narrativa. Isto, aliás, leva-me de volta ao comentário do inicio. Muitos veem as franquias como sinal de poucas ideias no cinema, mas a verdade é que as séries de filmes existem desde a infância da sétima arte. Existiam, inclusive, como gênero: os serials que faziam a alegria da gurizada nas matinês. Já em 1914, Os Perigos de Paulina (The Perils of Pauline), um filme em episódios, continha os elementos-chave de praticamente todo filme de ação desde então: a heroína valente em perigo, os vilões maus e bigodudos, os riscos cada vez mais mirabolantes. Os serials incluíam bangue-bangue, homem-foguete, mocinhas em perigo, aventureiros, Batman e Super-Homem. Com o sucesso, os produtores criavam histórias cada vez mais cabeludas para seus heróis.

Tiago: Já no cinema moderno, a combinação entre a) as origens das franquias, b) heróis e c) tramas mirabolantes nos faz lembrar, de imediato, dos filmes da série James Bond. Iniciada em 1962 com 007 Contra O Satânico Dr. No (Dr. No) e baseada no agente secreto criado pelo inglês Ian Fleming, a série tornou-se conhecida pelos seus vilões caricatos, bugigangas inacreditáveis e sequências de ação estapafúrdias (porém memoráveis). Tudo, claro, perfeitamente alinhado com os planos grandiloquentes dos antagonistas. Aqui, também, cabe falar de reinvenção: após vinte longas, a série perdeu a sintonia com o mundo ao seu redor e tornou-se quase uma paródia de si mesma a partir de meados dos anos noventa. Eis que entra em cartaz Cassino Royale (Casino Royale, 2006), com seu 007 mais violento e realista. Apesar dos elementos clássicos da franquia continuarem discretamente presentes, como as deformidades dos vilões e os artefatos com tecnologia futurista, a mudança de rumo desagradou aos fãs mais conservadores. Ainda assim, a decisão dos produtores se provou uma aposta certeira. A última aparição do agente britânico nas telas, Operação Skyfall (Skyfall, 2012), foi um sucesso estrondoso de crítica e de bilheteria, arrecadando mais de um bilhão de dólares mundialmente.

Maurício: Se você reparar bem, a sensibilidade para mudanças dos produtores da série (Albert Broccoli e depois sua filha, Barbara) vem de longa data. Bond está sempre mudando, e não só de atores. Nos anos 60, quando ainda era interpretado por Sean Connery, ele era mais implacável tanto com os vilões quanto com as mulheres — era o garoto-propaganda da Inglaterra, e por extensão do mundo ocidental, no auge da Guerra Fria. George Lazenby foi mais romântico em A Serviço Secreto de Sua Majestade (On Her Majesty’s Secret Service, 1969). Os filmes com Roger Moore começaram emulando os de Connery, mas logo se tornaram cada vez mais extravagantes e caricatos. Por quê? Era a década de 70, da discoteca e do camp. Moore, com aquela cara-de-pau que Deus lhe deu, estava perfeito no papel. Quando a fórmula se desgastou em meados dos anos 80, os produtores demoraram um pouco mais para sentir o pulso da sociedade. Com Timothy Dalton no papel, tentaram um Bond mais humano e praticamente monógamo. O 007 da década seguinte, interpretado por Pierce Brosnan, era mais durão que o de Connery e com menos humor. Goldeneye estreou em 1995, quando os russos eram considerados carta fora do baralho e a economia dos países desenvolvidos ia bem. Finalmente, o reboot com Daniel Craig tornou o agente mais vulnerável e, ao mesmo tempo, mais violento. No mundo da guerra ao terror, só podia ser um Bond com a alma torturada.

Não é preciso confiar na minha palavra cegamente. Basta ver os números. Apesar do que os fãs digam, o certo é que cada ciclo de Bond rendeu mais que o anterior (com exceção da era Dalton). E desembocou em Operação Skyfall, que rendeu sozinho mais do que os dois filmes anteriores juntos. Ian Fleming talvez não aprovasse as transformações sofridas por seu personagem nas telas, mas o agente britânico nos fornece um bom exemplo de uma franquia que teve êxito ao se recriar.

Tiago: Curiosamente, a encarnação atual de Bond surge também da necessidade de equiparar-se a uma franquia de ação e espionagem muito mais recente, mas que roubou os holofotes do agente secreto britânico no início da década passada. Também nascido em uma série literária, esta criada pelo norte-americano Robert Ludlum, o desmemoriado assassino Jason Bourne despontou nos cinemas de maneira modesta, com A Identidade Bourne (The Bourne Identity, 2002). Sem grandes surpresas, o filme nos entrega aquilo que já passamos a esperar do seu diretor, Doug Liman (Sr. & Sra. Smith, No Limite do Amanhã): entretenimento competente, porém facilmente esquecido assim que a sessão termina. A franquia, entretanto, se renovaria já em seu segundo episódio, com a chegada do diretor inglês Paul Greengrass (Domingo Sangrento, Capitão Phillips).

Sob a tutela de Greengrass, A Supremacia Bourne (The Bourne Supremacy, 2004) e sua sequência, O Ultimato Bourne (The Bourne Ultimatum, 2007), trouxeram um estilo próprio de thriller, aproximando-se do documental. Mais do que isso, se mostraram verdadeiras aulas de filmes do gênero. A câmera trêmula seguindo o protagonista de perto transporta o espectador para o centro da ação, envolvendo-o sem o artifício da projeção em 3D. O ritmo é alucinante, com longas cenas de tensão e momentos mais quietos durando apenas o suficiente para nos permitir recuperar o fôlego. O uso mínimo de computação gráfica e as perseguições de carros empolgantes nos remete a clássicos do cinema policial como Operação França (The French Connection, 1971) e Ronin (1998). Por fim, mas não menos importante, encontramos um Matt Damon convincente e seguro no papel de um homem em busca de suas lembranças perdidas (e, a partir do segundo filme, vingança), elemento ausente no início da série. Não foi à toa que Bond teve que correr atrás do prejuízo.

Maurício: Só que Bourne, para uma franquia, tinha uma limitação. No momento em que o agente relembrasse tudo, sua história estaria resolvida. Por outro lado, se o mesmo esquema continuasse indefinidamente, corriam o risco de alienar os espectadores. E a trama foi, de fato, resolvida no terceiro filme. Com o sucesso, claro, os produtores tentaram outra vez. Como fazê-lo, já que nem o astro da série nem o diretor que a fez engrenar retornariam? Colocaram no comando o roteirista dos filmes anteriores, Tony Gilroy (Michael Clayton), que inventou um novo protagonista, Aaron Cross, em O Legado Bourne (The Bourne Legacy, 2013). Era uma saída audaciosa para reinventar a franquia? Era, embora isso nunca tenha funcionado direito antes. Poderia ter dado certo? Sim, com os devidos cuidados.

Só Jeremy Renner se surpreendeu com o péssimo resultado de O Legado Bourne.

Seria preciso que o novo heroi fosse interessante e sua história engrenasse logo nos primeiros minutos. No entanto, o filme passa o primeiro terço recontando eventos de A Supremacia Bourne, confundindo o espectador. Com tanta exposição, dava para fazer uma outra trilogia. Pior: Cross (Jeremy Renner) fica como coadjuvante durante toda a primeira hora. Não que tivesse feito muita diferença, pois sua personalidade era uma variação genérica de Jason Bourne. Não havia nada que marcasse o novo personagem na memória do público. Some-se a isso o fato de que Gilroy requentou elementos dos filmes anteriores (a mocinha disposta a ajudar, uma climática perseguição de carros, um diretor cretino da inteligência americana, uma arma secreta de última hora). O resultado foi tão decepcionante que tiveram que pedir a Damon e Greengrass que voltassem para o próximo filme, agendado para 2016.

Uma boa sugestão de como a série Bourne poderia ter sido conduzida está numa das franquias mais longevas do cinema, a de Zatoichi, o Espadachim Cego (a campeã é Godzilla). Outro personagem adaptado de um romance (de autoria de Kan Shimozawa), o espadachim heroico foi desenvolvido pelo seu próprio intérprete em 26 filmes, o superastro japonês Shintarô Katsu. De maneira similar ao agente norte-americano, Zatoichi é uma espécie de guerreiro renegado que vaga por aí se metendo em aventuras — no seu caso, o Japão medieval. Todos os envolvidos na série original (1962–1989) entenderam que era imperativo manter o mistério do personagem. Assim, informações sobre suas origens são soltadas aos poucos, apenas o suficiente para manter o espectador interessado. Os enredos eram construídos com precisão suíça: Zatoichi ajuda alguém oprimido em dificuldades. Assista a qualquer um dos filmes e você perceberá que todos já começam com uma cena de ação envolvendo o espadachim. O drama básico do episódio é estabelecido rapidamente no início, para ser desenvolvido com alternância de humor e ação. Em O Legado Bourne, Gilroy e os produtores ignoraram tudo isso e mais a essência do personagem-título da franquia. Ter sido concebido como uma trama fechada e novelesca também não ajudou a série a prosseguir.

Tiago: Por outro lado, o fato de uma franquia trabalhar seus enredos de uma maneira mais aberta, sem a obrigatoriedade de eventualmente encerrar um arco principal, não necessariamente se traduz em qualidade. Para cada Bond ou Zatoichi, encontraremos um Alien. Apesar dos filmes serem lembrados pela Tenente Ripley de Sigourney Weaver, a ideia da série é simples e não clama por vinculação a nenhum personagem ou trama maior: desde que humanos incautos esbarrem nas criaturas-título e terminem virando almoço dos bichos (com exceção da heroína de instinto de sobrevivência sobre-humano), a essência da franquia estará mantida. Depois de ótimos primeiros passos com Alien, o 8º Passageiro (Alien, 1979) e Aliens, o Resgate (Aliens, 1986), as rodas foram se soltando nas continuações seguintes até culminar no prólogo/reboot Prometheus (2012) — ironicamente, dirigido pelo cineasta que iniciou a série. No espaço, ninguém pode ouvi-lo perguntar que diabos aconteceu com Ridley Scott.

As franquias sem uma linha narrativa única possuem a clara vantagem da acessibilidade — e, ao menos em tese, longevidade. Entretanto, na ausência de produtores cuidadosos ou diretores de calibre para injetar criatividade na fórmula, suas continuações podem mais facilmente descambar para mais do mesmo. Muitas das franquias criadas nos anos 80 sofreram desse problema: Robocop (no futuro, Capitão Nascimento androide enfrenta a violência que encontramos nas metrópoles do presente), Predador (rastafári do espaço transforma caçadores em presas) e A Hora do Pesadelo (torcedor do Flamengo com sérios problemas de acne perturba o sono das pessoas) são apenas alguns exemplos. Não foi por acaso que, à época, propagou-se a percepção — em grande medida ultrapassada atualmente — de que “o primeiro era melhor”.

Maurício: Os problemas que ligam a maioria desses filmes podem ser resumidos em dois pecados: produtores e estúdio não entenderam direito a ideia da franquia nem conseguiram sentir o pulso do espectador. Em contraste, Amácio Mazzaropi conhecia tão bem seu público que transformou seu personagem Jeca Tatu, o matuto simplório criado por Monteiro Lobato, na maior franquia do cinema brasileiro. Sua audiência cativa comparecia em peso. Rendeu praticamente um filme por ano de 1960 a 1980. Mazzaropi já havia depurado o personagem com apresentações ao vivo pelo interior do país antes do primeiro filme. Nas telas, substituiu o gosto pela bebida do personagem de Lobato pela astúcia, transformando-o num trickster a enganar coronéis espertalhões e grandes senhores de terra. A fórmula era sempre a mesma, com algumas variações: num filme, Jeca motorista; noutro, Jeca engraxate; e assim por diante. Nisso, a identificação com seu público era certeira. Como o crítico Paulo Emílio Salles Gomes disse: “Ele é estimulante quando repete e se repete incansavelmente e sem nos cansar.” No alvo, Paulo Emílio. Era um equilíbrio precário, porém, com seu Jeca Tatu, Mazzaropi criou um Macunaíma para as massas.

Mesmo que pareça fácil, até para fazer um caça-níqueis rentável é preciso alguma competência. E ainda não nasceu produtor mais pragmático que Roger Corman, o cara que é capaz de fazer um filme somente a partir de um clipe de papel. Na década de 60, Corman adaptou uma história de Edgar Allan Poe, O Solar Maldito (House of Usher, 1960). Ele então percebeu que a mistura de castelo mal-assombrado, o ator Vincent Price e Poe (mesmo que a produção não tivesse muito a ver com o original além do título) dava certo, e continuou por uns seis filmes até a fonte secar — aproveitando inclusive os mesmos cenários. Agora, no século XXI, tem enchido os bolsos na TV a cabo com outra fórmula: filmes de monstros que são misturas de dois predadores, coisa fina tipo Piranhaconda (2012) e CobraGator (2015).

Tiago: Nenhum outro gênero especializou-se em caça-níqueis e na exploração de conceitos até o osso do que o terror. Basta lembrar do já mencionado A Hora do Pesadelo (A Nightmare On Elm Street, 1984, nove filmes), Sexta-Feira 13 (Friday the 13th, 1980, doze filmes) ou, ainda, Hellraiser (1987, nove filmes). Ainda que a popularidade do cinema do medo tenha diminuído com o passar das décadas, a mentalidade dos estúdios continua inabalada. Vide títulos como Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2007, cinco filmes, com o último a caminho) e Sobrenatural (Insidious, 2010, três filmes e contando). Dentro de seu nicho, muitas destas franquias começam bem, degringolando à medida que suas continuações se multiplicam.

Um ótimo exemplo disso é a série Jogos Mortais (Saw, 2004, sete filmes), na qual um serial killer em estado terminal motiva as pessoas a repensarem suas vidas por meio de armadilhas sádicas (imagine um Augusto Cury de imaginação fértil e técnicas menos desagradáveis). Após um criativo primeiro episódio — marcado ainda por uma elegante reviravolta no final –, os longas posteriores repetiram (e desgastaram) sua invariável fórmula: uma sucessão de vítimas às voltas com artefatos letais complicadíssimos, auto-mutilação aos borbotões, e a surpresa obrigatória no fim do episódio. Em pouco tempo, os próprios filmes da série haviam se tornado, eles mesmos, autênticos mecanismos de tortura. Jogos Mortais ilustra um dos problemas recorrentes das franquias: as séries que nascem não de um planejamento ou necessidade narrativa, mas sim de um desejo de replicar o rio de dinheiro arrecadado com um longa de sucesso inesperado.

Maurício: Matrix (The Matrix, 1999) é outro exemplo disso. De Volta para o Futuro (Back To The Future, 1985) é um exemplo mau, no sentido de que deu certo. Na maioria das vezes, porém, acontece o que aconteceu com Matrix, em que cada continuação foi trazendo retornos cada vez menores. Já no caso de Jogos Mortais, havia um público de nicho que, com a exceção do sexto filme, manteve a franquia viva. Resident Evil (2002) é outra série de audiência devota, ainda que nem o ponto de partida se salve (provando que há gosto para tudo). Hoje, pode-se dizer que seu produtor-diretor, Paul W. S. Anderson (o sobrenome Anderson é o Silva do cinema americano), vive de fazer Resident Evil.

Há, ainda, casos em que o responsável pelas continuações respeita o original, faz um trabalho ambicioso, mas não obtém sucesso. É o que aconteceu com Rob Zombie e seu reboot da série Halloween (iniciada em 2007, parte da franquia iniciada em 1978). Aqui, a publicidade do filme e as expectativas do público de costume simplesmente não casam com a sensibilidade do diretor. Esses, porém, são casos mais raros. Qualquer que seja a situação, fica claro que não há uma fórmula universal para criar uma franquia de sucesso, seja do ponto de vista artístico ou comercial. Por isso, não me junto ao coro dos que creem ser a franquia de heróis da Marvel o último prego no caixão do cinema. Se você parar para compará-la com o formato das séries clássicas que mencionamos aqui, verá que se trata de algo novo.

Resident Evil e Paul W. S. Anderson contestam a teoria da evolução de Darwin.

Tiago: Na realidade, os filmes dos estúdios Marvel vêm tentando apagar a percepção do super-herói como um gênero cinematográfico e transformá-lo em uma ferramenta narrativa, passível de transposição para diversos estilos de histórias. Ainda que praticamente todos os seus títulos possuam o misto de ação, romance e comédia que se tornou marca dos seus filmes, muitos apresentam características próprias de gêneros distintos: Thor (2011) possui elementos de dramas familiares shakespearianos; Capitão América 2: O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier, 2014) é um thriller de espionagem; Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, 2014) surpreendeu com uma irreverente ficção científica como não se via há anos; já o recente Homem-Formiga (Ant-Man, 2015) nada mais é do que um divertido filme de roubo. E há, claro, os arrasa-quarteirões convencionais, como Os Vingadores (The Avengers, 2012).

A Marvel também inova ao fazer com que todos os seus filmes conversem entre si, compondo assim o seu “universo” cinematográfico particular. Ainda é cedo para dizer até quando o modelo funcionará, uma vez que corre-se o risco de alienar espectadores sem disposição para acompanhar todos os longas do estúdio. Apesar disso, a fórmula vem rendendo sucessos consecutivos de público e crítica, tornando-se parâmetro para outros projetos. A Warner Bros. já confirmou que tomará o mesmo rumo com os personagens da DC Comics, a partir de Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016). A Disney, proprietária da Marvel, repetirá o molde com a colossal série Star Wars. Chegamos, finalmente, à era das super-franquias (não no sentido de se tratarem de super-heróis, mas sim… ah, você entendeu).

Vingadores vs. X-Men, por Skottie Young.

Então… nada se cria, tudo se copia? Sim e não. O cinema, como forma de representação da experiência humana, espelha a nossa própria história em sua evolução. Alguém inventa algo, vários fazem igual, eventualmente outro apanha a ideia e a transforma em algo diferente. E assim por diante, sobrevivendo os mais aptos (e Paul W. S. Anderson, por algum milagre). Se a motivação da maioria dos executivos e cineastas de Hollywood na aplicação prática desse raciocínio é primariamente financeira, isso não diminui os lampejos de criatividade surgidos durante o processo. Ou, ao menos, não deveria.

Maurício: Talvez a maior regra que os produtores de franquias de cinema devam seguir é esta: preste atenção ao que fez o original ser bem-sucedido, e copie melhor. Como alguém disse uma vez (aceitamos mensagens com o nome do autor da frase!): um amador copia; um profissional simplesmente pega a mesma ideia e executa algo superior.

Tiago: O mesmo vale para a televisão, eterna parceira / concorrente do cinema e especialista em histórias contadas de forma serializada. A lista de projetos que transitaram (e transitam) entre as duas mídias é extensa: Jornada nas Estrelas, Missão: Impossível, Star Wars, o universo cinematográfico da Marvel discutido previamente. Mas isso é assunto para um outro dia. Afinal, este é um texto sobre franquias. Você esperava mesmo que iríamos encerrá-lo com algo que não uma deixa para episódios futuros? Ou melhor:

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Originally published at revistasalsaparrilha.com on September 6, 2015.

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