É amor de deixar as pernas bambas

Eu perco o fôlego, baby.

Giovanna Indelicato
Revista Subjetiva
3 min readJun 12, 2018

--

É verdade que quando ela entrou na minha vida eu estava me recuperando de outro relacionamento. Era um relacionamento que não me fazia bem. Andava em círculos sem nunca me levar a nada novo. Havíamos caído na rotina. Esse relacionamento as vezes era sufocante… Eu me sentia enclausurada e sem saída. É verdade que também era cômodo e confiável. Eu sabia o que esperar a todo tempo, quase sem surpresas.

Aí ela chegou e as coisas foram bastante radicais por um tempo. Eu não estava acostumada com a liberdade que ela me dava e fiquei deslumbrada. Quando eu a conheci, o mundo ficou bem diferente. Tudo era mais bonito e eu via as coisas de um jeito que nunca tinha visto antes. Isso não mudou, quando estamos juntas as cores são mais brilhantes. No começo, eu queria impressionar e gastei muito dinheiro. Quando eu estava com ela, tudo tinha que estar perfeito. Hoje em dia a gente se conhece bem, ela meio surrada e eu de roupa velha.

Por causa dela, eu já ganhei flores, já ganhei amigos e já ganhei algumas cicatrizes. Ela me deixa tão segura que por causa dela eu também já ajudei muita gente. Quando estamos juntas, chamamos muita atenção. Não é fácil. Nem todo mundo aceita. A gente leva buzinadas raivosas quando estamos na rua. Já ouvimos todo tipo de xingamento, já ouvimos que ali não é nosso lugar, já sofremos ameaças. Mas a gente resiste porque temos direito de ocupar toda cidade.

Com ela eu também aprendi que amor e responsabilidade têm que andar juntos. E aprendi da pior maneira. Na euforia da paixão, não me protegi por muito tempo. Acreditava que estava blindada por uma espécie de êxtase dos apaixonados. Não queria perder tempo, eu só queria estar com ela o mais rápido possível. Corri muitos riscos. Passei raspando até. Hoje eu sei que segurança deve fazer parte desse relacionamento.

Ela me dá muito trabalho. Mas é claro, todo relacionamento precisa de manutenção. E como todo relacionamento, temos fases. A gente já viveu inseparável, eu não queria fazer nada sem ela. Quando não estava com ela, pensava nela. Nessas épocas tudo que eu quero é gritar pro mundo esse amor, quero que todos vivam esse amor. Temos fases mais calminhas, mais bairristas. Fazemos programas simples como ir a padaria, ao bar, um passeio de domingo. As vezes bate uma megalomania e fazemos planos de volta ao mundo. E eu sei que ainda vamos realizar. Tem fase que é difícil, as coisas parecem que não encaixam mais. Os primeiros minutos de cada encontro são sofridos, mas logo volta a fazer sentido e eu me lembro de tudo isso que me conquistou.

Quando estamos juntas, não tenho escrúpulos. Basta passarmos um tempo grudadas e eu fico suada, com as pernas fracas. Dependendo da intensidade de atividade, preciso soltar alguns gemidos. Ela me concede total liberdade. Com ela eu sinto que não preciso ter medo de nada, mesmo a natureza desse relacionamento sendo muito perigosa. Com ela eu me distraio tanto que sempre me perco, e por isso nós juntas já conhecemos tantos lugares. Nossos amigos já se acostumaram; se vamos juntas pro rolê, eu fico até ansiosa para ir embora.

Por tudo isso eu só tenho a agradecer por tê-la na minha vida. Ela definitivamente me faz uma pessoa melhor. Espero que juntas conquistemos ainda muitas coisas. E tudo que eu posso desejar é que esse relacionamento saudável inspire ainda muitas pessoas.

Eu e ela, em registro por Carolina Anselmo

Gostou? Clique nos aplausos — eles vão de 1 a 50 — e deixe o seu comentário!❤

Nos siga no Facebook, Instagram e Twitter.

Se inscreva em nosso canal no YouTube!

Saiba como publicar seus textos conosco clicando aqui.

Leia a nossa revista digital clicando aqui.❤

Participe do nosso grupo oficial, compartilhe seus textos e adicione os amigos!

--

--

Giovanna Indelicato
Revista Subjetiva

roteirista e diretora de todas as fanfics que já passaram pela minha cabeça