10 perfis para uma timeline agradável

Carolina Bataier
Revista Subjetiva
Published in
5 min readFeb 8, 2018

Quando li que o Instagram é a rede social mais nociva à nossa saúde mental, deixei de seguir a última musa fitness que restava entre os perfis que acompanho. Ver o abdome trincado, as corridas na praia toda manhã e os sucos detox era um tipo de masoquismo: admirava na esperança de um dia chegar lá, sabendo que nunca chegarei.

No final de 2013, eu estava desempregada e corria todas as tardes no parque da cidadezinha onde moram meus pais. Tinha viagem marcada para a Irlanda dali uns dias. Numa dessas corridas, combinei com o amigo que me acompanhava: vou voltar com o abdome da Bella Falconi, a musa das musas fitness. O desafio era entrar de vez numa rotina de dieta e exercícios. Ingênua, jurava que faria isso enquanto descobria um novo país, novos lugares e sabores. Obviamente, não fazia ideia do que estava falando.

Dois anos depois e cinco quilos mais gorda, voltei com uma certeza: eu jamais serei como a Bella Falconi. Nada contra ela, que fique claro. Minha descoberta tem mais a ver com autoconhecimento, auto respeito e estilo de vida. Eu não sou disciplinada. Amo comer. Chocolate me faz feliz. Adoro cerveja. Nas viagens, um dos meus objetivos é conhecer a culinária do país. Meu namorado gosta de cozinhar para mim e isso é algo que me alegra muito. Gosto de atividades físicas, mas não todos os dias. Tenho uma gordurinha no quadril que só sai com cirurgia e eu morro de medo de agulhas, hospital, anestesia, médicos. Amo viajar e, entre gastar no salão e poupar para o próximo roteiro, fico com a segunda opção. Isso tudo sou eu e eu sou bastante feliz com isso tudo.

O Pedro Bial tem aquele poema meio brega que fala assim: as pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam, aos 22, o que queriam fazer da vida. Alguns dos quarentões mais interessantes que conheço ainda não sabem. Para os parâmetros pedrobialescos, eu sou interessantíssima. Aos 32, não faço a mísera ideia do que fazer da vida e isso vai desde ter ou não filhos a ser atriz, jornalista, escritora, dona de floricultura ou bióloga. Não sei o que quero da vida e não acho que isso seja crucial. Mas eu tenho, agora, algum conhecimento sobre o que eu não quero da vida. Ou, sobre o que eu nunca serei. E isso já é alguma coisa.

Um corpo sarado, perninhas que não se esbarram ao caminhar, isso tudo é lindo. Tentador. Mas eu nunca vou chegar lá, tanto pela minha estrutura física quanto pela força de vontade, estilo de vida e objetivos. Então, decidi ser prática e direcionar minha atenção aos universos que me interessam. Parei de seguir todas as moças, lindas todas elas, que representam um modelo de corpo e de vida que nunca será o meu.

O Instagram mexe sim com a autoestima, mas tem algo de bom nele: quem monta a timelime somos nós. E, se não conseguimos abrir mão do aplicativo, vale ao menos criar uma seleção de conteúdo agradável. Se estamos passando 12 horas do nosso dia conectados, que não seja para minar ainda mais nossa autoestima já tão abalada pelos padrões de beleza, de consumo e de produtividade. Descobrir o que não queremos ser e perceber o que mexe com nossa autoestima é importante. Pode ser até aquele primo viajadíssimo que vive postando frases motivacionais e se for, tudo bem: o Instagram, diferente do Facebook, não nos obriga a interagir com os parentes. Unfollow e pronto, ele nem vai perceber.

Tem gente postando poesia, pôr do sol, foto de coisa velha, foto de azulejo, foto de porta, planta, decoração, lâmpadas, quadros, de pessoas desconhecidas, gatinhos, capivaras, tartarugas. Sabe? Um universo todo de imagens que não vão nos lembrar, a cada olhadinha, dos quilos que nunca iremos perder, do corpo que nunca teremos, das sopinhas diet que nunca provaremos e de um estilo de vida que não condiz com nossa personalidade. Não há nada de radical nisso. É só que eu dificilmente vou acordar as 6 da manhã para correr na praia. Mas para a caminhadinha no fim de tarde, pode contar comigo. Para a cerveja, também.

Você quer deixar seu Instagram mais agradável, engraçado ou divertido? Estes são alguns perfis que gosto de seguir:

@ihavethisthingwithtiles

São fotos de azulejos de vários lugares do mundo. Só isso.

@girleatworld

Esse é pra quem gosta de viagens: fotos de comida em cenários lindos.

@resenhadebolso

É dica de leitura que você quer? Então vem:

@grifeinumlivro

Trechos de livros. E você pode enviar também :)

@urbanjungleblog

Mesmo que você nunca vá encher a casa de plantas, ver essas imagens dá uma certa paz.

@ignant

Arte, arquitetura e viagem. Não sei como vim parar neste perfil, mas sempre que aparece uma foto deles na minha timeline, ficou uns minutos admirando.

@repeteroupa

Um perfil sobre reutilização de peças, sustentabilidade e moda.

@mr.prickles

Este é pra quem gosta de fofuras.

@projeto365nus

Fotos lindas de gente sem roupa.

@mbottan

Para falar sobre padrões e aceitação.

Os perfis foram escolhidos aleatoriamente, de acordo com minha lembrança das coisas que gosto de ver na timeline. Fique a vontade para deixar suas dicas também!

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