14 heroínas brasileiras que você precisa conhecer

Mulheres que lutaram pelo empoderamento feminino no Brasil

marina
Revista Subjetiva
10 min readDec 21, 2017

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Fonte: Pinterest

Frida Kahlo, Marie Curie, Rosa Parks, Malala Yousafzai, Valentina Tereshkova. Mulheres de diferentes nacionalidades, nascidas em diferentes épocas, exercendo diferentes profissões, mas todas com um ponto em comum: todas, em algum ponto da história, quebraram o tabu de que “pertencer ao sexo feminino, é pertencer a um sexo frágil”. Assim, surpreenderam — e revolucionaram —ideais com seus feitos, tornando-se verdadeiros ícones para a luta do emponderamento feminino.

No entanto, muitas vezes, frente à essas referências internacionais, acabamos não nos dando conta de que aqui no Brasil também existiram mulheres importantíssimas, que lutaram contra os estereótipos que lhes foram impostos e revolucionaram o cenário pátrio em diversos aspectos. Chegou a hora de dar voz a essas incríveis heroínas nacionais, que infelizmente, não tiveram tanto mérito em suas épocas, mas realizaram grandes — e muitas vezes, chocantes — episódios mostrando que o verdadeiro lugar da mulher é onde ela quiser.

Ilustração do zine Xereca

1) Dandara

Fonte: Google

O povo negro sofreu em diversos cantos do mundo para atender à interesses lucrativos de inúmeros proprietários. Entretanto, lutaram bravamente para se verem livre dessa condição desumana de escravidão. No Brasil colonial, certamente, a principal forma de resistência foram os quilombos — grandes comunidades de negros foragidos que realizavam ataques à propriedades para libertar seus irmãos de cor. O Quilombo dos Palmares foi o mais conhecido nesta luta contra o regime escravocrata, sob a liderança de Zumbi — o qual todos nós já ouvimos falar. O que muita gente não sabe, é sobre sua esposa, Dandara, que representou uma importante liderança feminina no movimento. Ainda que não se tenha muitos detalhes sobre sua história, sabe-se que ela era uma verdadeira guerreira: sabia lutar capoeira, manejar armas e não fugia à brigas (pelo contrário, estava à frente delas). Sua imagem é geralmente associada a ideais de força e liberdade, de mulher forte e decidida.

2) Nísia Floresta Augusta

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Considerada a precursora do feminismo no país, Nísia Floresta Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto (1810–1885), foi educadora e sobretudo, escritora. Sem dúvida, um de seus maiores feitos foi ser provavelmente a primeira mulher a publicar textos em jornais brasileiros, numa época em que a imprensa ainda era primitiva no cenário nacional. Além disso, é reconhecida por alfabetizar meninas e mulheres; por ser diretora de um colégio de moças no Rio de Janeiro; por escrever livros sobre a valorização do direito das mulheres, escravos e índios e por ser a tradutora do manifesto feminista de Mary Wollstonecraft, “Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens”.

3) Maria Lacerda de Moura

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Mineira nascida há 130 anos, Maria gostava de se considerar como intelectual, pacifista e feminista. Militou sobre temas como direitos femininos, maternidade compulsória, antifascismo, amor livre e antimilitarismo; escrevendo sobre eles na imprensa sem deixar de condená-los: o feminismo, por não englobar mulheres negras e pobres; o comunismo, por semear grandes regalias no governo; o anarquismo, por ser tão drástico a ponto de não considerar estratégias de outros sistemas políticos. Por seu destaque sobre suas críticas a esses movimentos, chegou a ser conferencista no Brasil e em outros países sul-americanos explanando sobre temas polêmicos naquela época — e ainda hoje.

4) Tarsila do Amaral

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Um dos principais nomes da primeira fase do Modernismo brasileiro na década de 20 — que por si só já foi um movimento artístico de quebra de padrões e revolução, tanto para a arte, quanto para as mulheres que o aderiram, Tarsila do Amaral é a autora da obra brasileira mais valorizada da história: Aboporu, avaliada em quase U$3 milhões. Além disso, Tarsila, se dedicando profissionalmente à arte, quebrou diversos paradigmas de sua época ao viajar e tomar conta de sua própria carreira e nariz.

5) Pagu

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Não é à toa que Patrícia Rehder Galvão, mais conhecida como Pagu, recebe o título de musa da liberdade. Jornalista, escritora, poeta, diretora de teatro, cartunista e, sobretudo, militante, Pagu foi, sem dúvidas, um ícone na luta de gêneros na década de 30. Além de sua grande produção intelectual (que, entre outros temas de libertação sexual e feminina, criticava o casamento e tentava fazer com que as mulheres entendessem que não eram propriedades dos maridos), ela contribuiu com atitudes próprias para que pudéssemos ser o que somos hoje: casou-se com um homem muito mais velho e divorciado, participou de greves e viajou deixando maridos e filhos no Brasil — mostrando a independência do sexo feminino numa sociedade extremamente conservadora e oligárquica. Ademais, foi a primeira mulher a ser presa no país em razão de questões políticas.

6) Rita Lee

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Assim como as décadas do Modernismo brasileiro, os anos 60 e 70 foram terrenos férteis para revolucionar as atitudes das mulheres brasileiras. Talvez, sem Tarsila e Pagu, Rita Lee não tivesse a independência mínima para instigar e promover mais liberdade. Conhecida como a Rainha do Rock Nacional, a cantora foi uma das principais vozes de artistas que deram voz ao movimento tropicalista, revolucionando a música brasileira. Roqueira e biscate, Rita com certeza é até hoje reconhecida por quebrar uma série de tabus em sua juventude sobre “meninas educadas e bem-comportadas”. Usuária de drogas, cantora, livre, sem papas na língua: ela mesma.

7) Maria Quitéria de Jesus

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Tida como a Joana D’arc brasileira, a história de Maria Quitéria é um verdadeiro exemplo de determinação e emponderamento. Baiana, nascida em 1792 na atual Feira da Santana, ficou órfã de mãe muito cedo. Antes de chegar à idade adulta, viu seu pai casar-se duas vezes, e com a sua segunda madrasta teve problemas, pois a mesma não acatava seu “comportamento rebelde e independente”. Foi no cenário da Independência do Brasil, que Quitéria destacou-se (com alguns empecilhos): munida de muita coragem, rebeldia e até um pouco de paixão pela guerra, com ajuda de sua irmã e seu cunhado José de Medeiros, cortou seus cabelos, pôs um uniforme e entrou para o batalhão dos “Voluntários do Príncipe D. Pedro”, que visava expulsar tropas portuguesas que ocupavam a Bahia na tentativa de impedir o processo de emancipação do país. Entretanto, seu plano de homem disfarçado não deu muito certo: após duas semanas lutando, foi descoberta pelo pai, que ao dar falta da filha, foi até os fortes militares e encontrou-a, pedindo sua dispensa imediata. Para o alívio do Soldado Medeiros (como era chamada), o major José Antônio da Silva recusou o pedido do pai porque, segundo ele, ela “lutava como um bicho feroz e faria falta à esquálida tropa que ele comandava”. Dessa maneira, ganhou o respeito de seus colegas por mostrar que podia ser tão boa quanto — ou até melhor que — todos ali; e foi aí que sua integração oficial inspirou os responsáveis dos comandos das forças a aceitarem outras mulheres que quisessem lutar pelo pais — e inclusive, houve batalhas só com o exército feminino, e elas se saíram tão bem quanto o masculino. Entre muitas outras regalias por seus feitos, Maria Quitéria ganhou o direito ao porte de espada, foi promovida a cadete e foi a primeira mulher a receber a Ordem Imperial Cruzeiro do Sul — sendo coroada pelo próprio imperador com o título de Cavaleiro da Ordem Imperial Cruzeiro do Sul. Depois da guerra, regressou à Bahia, recebendo um saldo vitalício, e de brinde, uma carta escrita à mão pelo imperador, que pedia ao pai de Maria que perdoasse sua desobediência, que tivesse o conhecimento da conduta impecável da filha no campo de batalha, pois ela ajudara a construir uma Nação. Seus feitos ainda lhe renderam o direito de ser sepultada numa igreja e em 1920, um decreto ministerial transformou-a em Patronesse (o feminino de Patrono) do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro e sua imagem — um retrato póstumo feito por Domenico Failutti — passou a integrar a decoração de todas as repartições militares das forças armadas terrestres.

8) Chiquinha Gonzaga

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Além de ter sido a primeira mulher a reger uma orquestra no país, foi a compositora da primeira marchinha de carnaval da história, em 1889: “Ó, abre alas”. Foi contra a monarquia, lutou pela abolição da escravatura, largou o marido, criou dois filhos sozinha e compôs mais de mil músicas. 17 de outubro, data de seu nascimento, é comemorado o Dia Nacional da Música Popular Brasileira.

9) Leolinda Daltro

Folheto de sua campanha à Assembleia Constituinte — Fonte: Google

Foi a fundadora do Partido Republicano Feminino, em 1910, e por isso é considerada uma das pioneiras do feminismo no Brasil. Lutou pelas causas indígenas e pela autonomia das mulheres, e por ter se separado do marido para viajar ao interior do país em prol da alfabetização laica dos índios, era chamada nas ruas de “a mulher do diabo” — e num país conservador e majoritariamente católico, isto significava ser separada, ousada, discorrer sobre política, ser feminista assumida, ter amizades masculinas, questionar a religião vigente, reclamar o voto, doutrinar. Durante toda sua vida como ativista política feminista, Leolinda teve que lidar com uma das piores armas contra a voz de uma mulher: o ridículo. Nas ruas era gozada, aturava ironias e risadas e era chamada de ingênua, por uma luta “digna de dó”. No entanto, isso não a abateu, e em 1932, três anos antes de falecer, declarou-se uma mulher feliz e plena por saber que o voto feminino estava instituído. Em 2013, o estado do Rio de Janeiro criou o Diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro, premiando a cada ano, dez mulheres de destaque na defesa dos direitos e da representação feminina.

10) Leila Diniz

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Atuou em plena ditadura militar, defendendo abertamente o amor livre e a emancipação feminina. Foi a primeira mulher a usar biquíni em público durante a gravidez, desmistificando esse tabu. No auge dos seus 20 anos, falava sobre sexo abertamente na TV brasileira e era uma das musas nacionais. Morreu aos 27 anos, voltando da Austrália. Na época, sua filha tinha apenas 7 meses.

11) Roberta Close

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Apesar de famosa, a luta de Roberta teve outro caminho: o de emponderamento e visibilidade para a causa LGBTQ numa época em que ninguém falava sobre isso. E tudo porque foi a primeira celebridade brasileira transsexual. Operou-se na Inglaterra em 89, e lutou para mudar de nome legalmente e ser reconhecida como mulher — o que só conseguiu em 2005.

12) Maria Bonita

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A famosa esposa do cangaceiro Lampião, foi, acima de tudo, uma mulher corajosa, que como muitas outras, rompeu diversos paradigmas sobre o sexo feminino. Nascida no Dia Internacional da Mulher (8 de março), viveu numa época de coronelismo e desigualdades sociais. Largou tudo para acompanhar Lampião e foi a primeira mulher a entrar no cangaço, representando uma luta contra a submissão feminina reconhecida até hoje. Assim, o Movimento Feminista de Roma, elegeu-a em 1981, Símbolo do Dia Internacional da Mulher.

13) Maria da Penha

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Entre tantas Marias que fizeram (e fazem história) por este Brasil, sem dúvida Maria da Penha merece destaque. Vítima de duas tentativas de assassinato pelo marido, lutou por duas décadas para ver seu agressor punido, e com muita persistência, conseguiu enfim chamar a atenção do governo para uma realidade que existe há muito tempo: o feminicídio e a violência doméstica contra a mulher. Sua luta deu voz a muitas outras Marias que sofrem com a mesma situação, e a legislação que está em voga desde 2006, levando seu nome, ampara estas mulheres. Hoje, ela coordena uma ONG que ajuda estas vítimas e trabalha no combate à violência.

14) Marta

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Detentora do título de melhor jogadora de futebol do mundo por cinco anos consecutivos, Marta revolucionou o esporte brasileiro com este feito inédito. Nem Pelé e nem Ronaldo conseguiram tal façanha. A alagoana também carrega os destaques de maior artilheira da Seleção Brasileira (contando a masculina e a feminina) e de maior artilheira da Copa do Mundo de Futebol Feminino.

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