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29 livros que li em 2021 e que talvez possam ser legais para você também (2/2)

Leonardo Fuita
Published in
10 min readJan 18, 2022

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Achou que não teria a segunda parte das minhas leituras em 2021? Achou errado otário! Como nos anos anteriores, para ficar menos maçante abaixo tenho os outros 14 livros que li nesse ano. E caso não tenha visto a primeira, é só clicar aqui.

16. Pré-suasão: A influência começa antes mesmo da primeira palavra — Robert B. Cialdini / Nota: 7

Do que uma pessoa precisa para se tornar um mestre na arte da per¬suasão? Segundo o psicólogo social Robert Cialdini, os melhores comunicadores sabem que o segredo da influência não está na mensagem em si, mas no momento-chave antes de a mensagem ser transmitida. Cialdini agora nos apresenta o conceito de Pré-suasão. Com base em rigorosas pesquisas, ele mostra que a maneira mais fácil de convencer alguém a aceitar uma ideia é tirar proveito da janela de tempo anterior à sua apresentação — o momento privilegiado no qual o destinatário se torna mais receptivo à mudança.

Eu tenho sentimentos confusos com esse livro. Acho que existe uma base científica sólida, porém ainda me parece que é algo muito preliminar. Não sei explicar porque esse sentimento. Mas no final acho interessante e vejo que muita coisa legal pode ser utilizada na nossa vida sem muito esforço, e por isso, acredito que a leitura seja válida.

17. Previsivelmente irracional: As forças invisíveis que nos levam a tomar decisões erradas — Dan Ariely / Nota: 10

Sempre acreditamos que nossas escolhas são inteligentes e racionais, mas Dan Ariely joga por terra essas crenças com revelações surpreendentes que mudam a forma como entendemos o comportamento humano. Ele apresenta experimentos curiosos e pesquisas inovadoras que têm implicações na nossa vida pessoal e profissional. No entanto, nenhuma dessas atitudes equivocadas é aleatória ou sem sentido. Pelo contrário: elas são previsivelmente irracionais e Dan Ariely nos mostra como romper com esses padrões de pensamento e fazer melhores escolhas.

Esse é um daqueles livros que eu sinceramente acho que todo mundo precisa ler. Ele nos mostra de maneira extremamente prática como somos mais irracionais do que achamos e até nos mostra como isso pode ou não ser usado em nosso favor. Um puta livro que mostra como nós somos muito menos inteligentes do que achamos.

18. O Oráculo da Noite: A história e a ciência do sono — Sidarta Ribeiro / Nota: 9

O que é, afinal, o sonho? Para que ele serve? Como extrair sentido de seus tantos símbolos, repletos de detalhes e significados? Neste livro, o renomado neurocientista Sidarta Ribeiro responde a essas e muitas outras questões sobre um dos grandes enigmas da humanidade ao recuperar narrativas literárias e históricas do mundo todo. Ele mostra como os sonhos eram importantes às civilizações antigas, como no Egito e na Grécia, situando-os no cerne da ciência e da política, ou como as culturas ameríndias preservam alguns dos exemplos mais bem documentados de profecias oníricas capazes de guiar povos inteiros.

Esse livro é foda. Gosto de como ele mistura a ciência do sono com a história do mesmo em vários povos antigos. É um livro mais pesado que o normal, por isso acredito que não é para qualquer um. Mas vale a pena se você quer entender um pouco mais como essa parte da nossa biologia funciona e como o sonho pode ou não ser interpretado de maneira mais científica. Talvez um pouco decepcionante para quem acredita nesse tipo de coisa, mas muito legal e muito técnico para quem quer saber realmente como funciona.

19. Nudge: Como tomar melhores decisões sobre saúde, dinheiro e felicidade — Richard H. Thaler / Nota: 8

Todos os dias fazemos escolhas — sobre o que comprar ou comer, sobre investimentos financeiros ou a educação e saúde de nossos filhos. Infelizmente, muitas vezes fazemos as escolhas erradas. Em Nudge, Richard H. Thaler e Cass R. Sunstein explicam como podemos escolher melhor.
Com base em décadas de pesquisas em ciência comportamental e usando diversos exemplos reveladores, os autores mostram que nenhuma opção nos é apresentada de forma neutra, e que estamos todos suscetíveis a tomar decisões ruins. Ao compreender como as pessoas pensam é possível, no entanto, estabelecer uma “arquitetura da escolha” que facilita o reconhecimento das melhores opções para nós mesmos, nossa família e nossa sociedade, sem restringir nossa liberdade.

Eu gosto do livro e entendo porque ele tenta o tempo inteiro ser ‘isento’ de tomar lados, mas admito que fico um pouco incomodado com isso. Basicamente ele nos mostra como não existe escolha neutra, mesmo quando nos dão o maior número de opções, e a partir desse conceito, diz como poderíamos melhorar essa arquitetura de escolhas para maximizar o bem-estar da sociedade. Um bom livro, e que pode ser útil na sua vida, mas que poderia ser melhor se saísse desse muro e realmente colocasse as melhores práticas independentemente do lado que estamos.

20. Mais Esperto que o Diabo: O mistério revelado da liberdade e do sucesso — Napoleon Hill / Nota: 3

Não consigo mais cair nesse conto de sucesso. Muito menos quando se divide o mundo entre ‘pessoas que são bem sucedidas’ e o resto. Como se essas pessoas fossem incríveis e não tivessem sorte e muito menos privilégios que os alçaram às posições que estão. E é basicamente isso que esse livro faz. Nos dizendo como ser ‘não alineado’ é o segredo para conseguir chegar no sucesso profissional e pessoal, e obviamente, ignorando todo o resto do que acontece na vida das pessoas. Talvez um livro que pudesse me pegar 3 anos atrás, mas que hoje só me deixa triste por ser tão lido e tão compartilhado, mesmo sendo uma auto ajuda tão rasa e, no final das contas, ruim.

21. O lado bom do lado ruim — Daniel Martins de Barros / Nota: 9

O psiquiatra e professor Daniel Martins de Barros nos mostra que as emoções desagradáveis não são sons incômodos que devem ser silenciados. Em vez disso, são alertas preciosos que nos chamam atenção para algo mais profundo que não vai bem na nossa vida. Com leveza e uma linguagem simples e acessível, o autor conta vários casos pessoais e apresenta estudos científicos para nos ajudar a compreender esses avisos e a desenvolver mecanismos para atuar na origem dos nossos problemas.

Esse livro é muito legal por ser simples e direto. Nos mostra porque cada emoção é importante, mesmo não parecendo, de maneira científica mas ao mesmo tempo bem descontraída e simples. Dou uma nota 10 justamente por ser tão leve ao mesmo tempo que nos ensina coisas importantes sobre nós mesmos.

22. Drogas para adultos — Carl Hart / Nota: 10

Escrito por um dos mais respeitados especialistas no assunto, este livro é um poderoso argumento contra tudo aquilo que nos fazem acreditar sobre as drogas, seus efeitos e danos. Baseado em evidências científicas e experiências pessoais, é também um manifesto pela liberdade de usá-las como parte de uma vida responsável e feliz.

Eu fiquei absurdamente aficcionado depois de ouvir o podcast do Joe Rogan com Carl Hart. Completamente contra toda a propaganda anti-drogas que vemos por aí, ele nos mostra como as substâncias tem sim riscos e podem ser perigosas, mas que caso fossem realmente legalizadas seria muito mais simples de orientar as pessoas acerca de seus usos. Além de dar todo uma explicação histórica que nos mostra como a proibição de boa parte das substâncias é simplesmente uma política de estado mal feita e até racista em muitos casos. Um puta de um livro para quem quer um conhecimento muito mais livre de preconceitos que o comum sobre as drogas.

23. Falando com estranhos — Malcolm Gladwell / Nota: 10

Malcolm Gladwell apresenta uma análise surpreendente da maneira como interagimos com as pessoas que não conhecemos — e questiona por que tantas vezes fazemos julgamentos equivocados em relação a elas. Existe algo muito errado com as estratégias que usamos para interpretar os outros. Por não sabermos falar com estranhos, abrimos a porta para conflitos e mal-entendidos, às vezes com consequências catastróficas.

Sinceramente não sabia o que esperar desse livro. Mas como em todos os outros do autor, ele nos mostra uma análise profunda de um aspecto específico: de como somos péssimos em lidar com estranhos. Como presupomos sempre a verdade e por isso que somos enganados por coisas que, a retrospecto, pareciam claras. Ao mesmo tempo que nos mostra como isso é o que fez com que a nossa sociedade conseguisse existir como ela é hoje. Analisando casos reais e nos mostrando que a verdade é bem mais complicada do que achamos.

24. Como mudar sua mente: O que a nova ciência das substâncias psicodélicas pode nos ensinar sobre consciência, morte, vícios, depressão e transcendência — Michael Pollan / Nota: 10

Em uma impressionante jornada de caráter tanto científico quanto pessoal, Pollan mergulha nos mais diversos estados da consciência e apresenta os progressos que essas substâncias trazem para os estudos mais recentes da neurociência, revelando que os benefícios terapêuticos das substâncias psicodélicas são indissociáveis das experiências de transcendência proporcionadas por elas.

Outro que ouvi pela primeira vez no podcast do Joe Rogan e que me fascinou. Michael Pollan nos mostra não só as questões científicas relacionadas com os psicodélicos como também a sua própria experiência com essas substâncias já depois dos 50 anos. Mais um livro muito legal para quem quer entender mais como elas funcionam e como o que nos foi vendido até hoje está longe de ser a realidade.

25. O cérebro emocional: Os misteriosos alicerces da vida emocional — Joseph LeDoux / Nota: 7

O que acontece em nossos cérebros para nos fazer sentir medo, raiva, amor, irritação, alegria? Somos capazes de controlar nossas emoções ou, na verdade, são elas que nos controlam? De que modo experiências traumáticas da infância podem afetar o comportamento do adulto, mesmo quando não haja memória consciente desses fatos? Em “O Cérebro Emocional”, Joseph LeDoux investiga as origens das emoções humanas e explica de que modo muitas delas existem como parte de um complexo sistema neurológico, desenvolvido para que fôssemos capazes de sobreviver.

Aqui temos ciência pura. LeDoux nos mostra o histórico da ciência que tenta explicar a emoção e também o que há de mais novo sobre essa parte do nosso cérebro. Um livro bem legal, porém bem técnico. O que, para quem não está acostumado com os jargões, pode deixar a leitura mais cansativa do que outros livros que abordam o mesmo tema. Eu gostei, mas admito que em determinados momentos me peguei bem perdido entre tantos córtex e amigdálas.

26. Fahrenheit 451 — Ray Bradbury / Nota: 9

Guy Montag é um bombeiro. Sua profissão é atear fogo nos livros. Em um mundo onde as pessoas vivem em função das telas e a literatura está ameaçada de extinção, os livros são objetos proibidos, e seus portadores são considerados criminosos. Montag nunca questionou seu trabalho; até que conhece Clarisse, uma jovem de comportamento suspeito, cheia de imaginação e boas histórias. Quando sua esposa entra em colapso mental e Clarisse desaparece, a vida de Montag não poderá mais ser a mesma.

Clássicos não são clássicos sem motivo. E Fahrenheit 451 é um daqueles que parece que foram escritos nos tempos atuais de tanto que se assemelham a coisas que vemos hoje. Uma ótima história, fácil de ler, e que consegue nos mostrar os perigos de um mundo onde a distração fácil começa a suplantar de vez o pensamento crítico e se tornar um futuro distópico que, com toda certeza, nós não queremos viver.

27. A tirania do mérito: O que aconteceu com o bem comum? — Michael J. Sandel / Nota: 10

Ao analisar conceitos em torno da ética do estudo, do trabalho, do sucesso, do fracasso, da tentativa e de quais são os meios considerados legítimos para trilhar esses caminhos, Sandel sugere um novo olhar para essas relações. O autor salienta as contradições do discurso meritocrático, seus contextos estruturais e a arrogância dos “vencedores”, que julgam duramente os “perdedores”.

Gosto muito como esse livro vai além da crítica ‘fácil’ que temos para a meritocracia. Tocando em temas como a auto-estima de tanto ‘vencedores’ quanto ‘perdedores’ desse sistema, ele vai nos mostrando como o mérito acabou se tornando o cerne da nossa sociedade hoje e como, na realidade, ele é um dos responsáveis pela crise que temos nas democracias vigentes. Um puta de um livro que nos faz pensar e nos mostra como estamos esquecendo do bem comum em detrimento de coisas que, no final, vão se virar contra nós.

28. Os engenheiros do caos — Giuliano da Empoli / Nota: 10

No mundo de Donald Trump, Boris Johnson, Matteo Salvini e Jair Bolsonaro, cada dia traz sua própria gafe, sua própria polêmica, seu próprio golpe brilhante. No entanto, por trás das manifestações desenfreadas do carnaval populista, está o trabalho árduo de ideólogos e, cada vez mais, de cientistas e especialistas do Big Data, sem os quais esses líderes nunca teriam chegado ao poder. É o retrato desses engenheiros do caos que Giuliano da Empoli nos apresenta, através de uma investigação ampla e contundente que vai muito além do caso Cambridge Analytica e remonta ao início dos anos 2000, quando o movimento populista global, hoje em pleno curso, dava seus primeiros passos na Itália.

Puta livro sobre o fenômeno da extrema direita no mundo. Nos mostrando como isso tudo é um método e que, em determinados países, começou a realmente controlar a narrativa e utilizar de pessoas que antes eram ‘renegados’ da política como os grandes apoiadores desse movimento. Servindo não só de alerta, como de um estudo próximo do que, pelo menos na minha opinião, poderia ser o fim da democracia em boa parte do mundo.

29. Projeto Nacional: O dever da esperança — Ciro Gomes / Nota: 10

“É minha contribuição pessoal a uma reflexão inadiável sobre o Brasil, as raízes de seus graves problemas e as pistas para sua solução”, escreve Ciro na introdução. A frase reflete o espírito da obra e de seu autor: não só oferecer um diagnóstico das principais questões que atrapalharam o nosso desenvolvimento com democracia, liberdade e justiça, como também apresentar um vasto conjunto de ideias capazes de direcionar o Brasil rumo a um futuro desejável.

Tenho sentimentos conflituosos lendo esse livro. Por um lado, fico feliz que alguém tenha um projeto e uma maneira de fazer com que o Brasil finalmente ‘dê certo’. Por outro, vejo como os nossos problemas são crônicos e muito mais complexos do que nos vendem. De qualquer maneira, é um livro importante se você quer saber o que está acontecendo no Brasil e, principalmente, por nos mostrar um projeto político completo que nos da um mínimo de esperança de vislumbrar um futuro melhor.

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